“Galpão, Pátria e Poesia. Três palavras consagradas, no final da madrugada se encontram pra clarear o dia, vão regendo a sinfonia de poetas e cantores, para que os madrugadores esperem o sol estribados, para alegrar nosso pago, com versos e melodias”

domingo, 15 de fevereiro de 2015

OS QUATRO TRONCOS MISSIONEIROS

SÃO QUATRO CERNOS DE ANGICO
FALQUEJADOS NA MINGUANTE,
QUE VÊM TRAZENDO POR DIANTE
NOSSO TESOURO MAIS RICO,
QUE HÁ TRÊS SÉCULOS E PICO
OS CENTAUROS NOS LEGARAM
MEMÓRIAS QUE NÃO GASTARAM
NOS ENTREVEIROS DA INFÂNCIA;
E OLFATEANDO NA DISTÃNCIA,
ALGUMAS QUE SE EXTRAVIARAM.

OS QUATRO SÃO MISSIONEIROS,
UNIDOS NUM MESMO ABRAÇO;
SÃO TENTOS DO MESMO LAÇO,
BRASAS DOS MESMOS BRASEIROS,
CHISPAS DOS MESMOS LUZEIROS,
QUE ONDE UM VAI O OUTRO VAI.
NENHUM PESAR OS CONTRAI
NEM DESENCANTO NEM MÁGOA;
OS QUATRO BEBERAM ÁGUA
NOS REMANSOS DO URUGUAI.


 UM DELES É O PEDRO ORTAÇA,
NASCIDO LÁ NO PONTÃO
NUM DIA DE CERRAÇÃO
TAPADO PELA FUMAÇA;
CANTOR DE FÔLEGO E RAÇA,
DO MAIS CRIOULO RECURSO;
MAIS AGARRADO QUE UM URSO,
NAS SEIS CORDAS DA GUITARRA,
ANDOU FAZENDO UMA FARRA
NA BAILANTA DO TIBÚRCIO.

OUTRO É O NOEL GUARANY
DO MANANCIAL MISSIONEIRO,
QUE BENZERAM EM TERNEIRO
COM LEITE DE CURUPY.
TROPEANDO, DESDE GURI,
NUNCA CAI EM ARAPUCA.
MAIS BRABO DO QUE MUTUCA,
VEM DO BERÇO DE SEPÉ;
E ANDOU MORANDO EM BAGÉ,
NA BAIXADA DO MANDUCA


OUTRO É O CENAIR MAICÁ,
DO CANTO BÁRBARO E DOCE,
QUE COM CERTEZA EXTRAVIOU-SE
DA FLOR DO CARAGUATÁ.
CRIOULO, TAMBÉM, DE LÁ
DAS BARRANCAS DO URUGUAI,
SAIU QUEBRA, IGUAL AO PAI,
COM MAÇAROCA NA CLINA;
JÁ CORTOU TRANÇA  DE CHINA,
NOS BAILES DO SAPUCAI.


OUTRO, OUTRO APENAS PAJADOR,
MISTO GENTE E URUTAU;


DO VELHO RIO GRANDE EM  FLOR.
CANTANDO COPLAS DE AMOR,
SEM SE IMPORTAR COM OS ESPINHOS,
DE TANTO TRANÇAR CARINHOS
FOI SE ENREDANDO NAS TRANÇAS;
E HOJE TROPEIA LEMBRANÇAS,
QUE JUNTOU PELOS CAMINHOS!

JAIME CAETANO BRAUN

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