Ao preencher
os espaços vagos no ÁLBUM NOSSO BEBÊ, comprado havia meses na Livraria A
Predilecta em Bagé, Dona Maria Fátima D"Ávila Paixão caprichou na
caligrafia. Na página da dedicatória, chamou o marido, que assinou Julio Paixão
Côrtes no lugar destinado ao papai. Com carinho e cuidado, a mãe registrou os
dados na página sobre o nascimento: às três da madrugada do dia 12 de julho de
1927, na casa número 101 da Rua Rivadávia Corrêa, nasceu em Santana do
Livramento uma criança do sexo masculino, pesando quatro quilos e medindo 59
centímetros.
Entre os
casacos, mantilhas e sapatinhos tricotados, estavam também a certeza de uma
infância feliz e a paixão que começou desde guri. Na esquina da Rivadávia com a
Rua Uruguai, entre a casa dos pais e a dos avós maternos, o menino João Carlos
ouvia todos afirmarem: foi bem aqui que o argentino José Hernández, depois dos
entreveros da Guerra do Paraguai, começou a declamar os primeiros versos do
célebre Martim Fierro. Nada melhor para um moleque curioso, que um dia
entregaria a vida à pesquisa da cultura popular.
Os pátios
das duas casas - imensos - eram interligados. Em torno do poço, os jardins e a
horta com abóboras, alfaces, couves, repolhos, nabos, beterrabas e cenouras.
Mais adiante, o pomar com laranjas, pêssegos, uvas, bergamotas, limas,
abacates. Tão grandes eram os pátios que o pai, técnico de ovinocultura da
Secretaria da Agricultura, trazia cordeirinhos quando voltava das viagens de
inspeção. Eram os bichos de estimação do guri que, adulto, enveredaria pela
mesma profissão e se tornaria expert na classificação de ovinos.
Está no
sangue, qualquer Ávila gosta de tocar um instrumento, cantar e dançar. Tem sido
assim desde os primeiros que vieram do condado de Ávila, em Portugal. O avô,
João Pedro Rodrigues Ávila, alto, moreno, bigodudo, tirava da gaita de oito
baixos rancheiras e polquinhas de limpar banco. Foi repassando para o neto o
gosto pelos ritmos e pelas coreografias das danças campeiras. E o piá herdou
ainda a predileção por bigodes imensos, que se tornariam uma característica.
Bem que João
Carlos tentou. Foi, durante dois anos, aluno assíduo e esforçado nas aulas de
piano da Dona Mosquita. Aprendeu a ler partituras e a aprimorar o ouvido,
lições que aproveitaria para sempre, mas desistiu de ser pianista. Nas festas
dos Ávilas, passou a cantar e dançar. E o interesse pelas indumentárias pode
ter nascido numa fusão cultural só possível no Carnaval: quando tinha cinco
anos, usou pela primeira vez pilchas gaúchas. E lá se foi ele para o baile
infantil de chiripá, lenço, bombacha, bota e chapéu virado na testa. Se tivesse
na mão um laço não seria o esboço inicial de uma estátua?
O gosto
pelos detalhes, pequenos requintes da vida doméstica e as manifestações
culturais do povo rio-grandense, tudo com o jeito artístico dos Avilas, vem
junto desde a Rua Rivadávia Corrêa.
Baixinha,
delicada, a avó espalhava aromas de essências pela casa. Habilidoso, o avô
sentava na frente de casa para esculpir palitos. Espalhava na calçada
pedacinhos de sarandi bem maleável e, com faca afiadíssima, moldava centenas de
palitos. Os prontos iam para caixas de chá da índia. Não havia visita que não
saísse com uma caixinha de presente.
Quem é Ávila
tem olhos vivos, contornados por olheiras. De tanto querer ver tudo. Movido por
essa paixão, o guri de Livramento se mudou para Uruguaiana, onde foi escoteiro
e craque de basquete. Quando estava mais taludo, veio de muda para a Capital,
como aluno do internato do IPA. E aquele pimpolho do álbum Nosso Bebê um dia
virou modelo de monumento, esculpido por Antonio Caringi. Adulto, chegou a
1m82cm. Mas a escultura de bronze inaugurada em 20 de setembro de 1958 na porta
norte de Porto Alegre tem 4m45cm de altura, pesa 3,8 toneladas e está sobre um
pedestal de granito de 2m10cm. De bom tamanho para quem nasceu com quatro
quilos e 59cm.
O pai agrônomo e mãe dotada
de boas qualidades musicais, Paixão Côrtes parece ter sintetizado essas duas
marcas - formou-se em Agronomia também, e é artista também, não do canto mas da
dança - e ao mesmo tempo parece haver ultrapassado os limites do que se poderia
esperar de alguém com sua história. Por quê? Porque ele é um dos sujeitos
diretamente responsáveis pelo nascimento da atual voga gauchesca. "Um
dos" é muito pouco: Paixão Côrtes é o formulador e animador decisivo do
movimento tradicionalista gaúcho juntamente com Luiz Carlos Barbosa Lessa (In
Memorian) e Glauco
Saraiva.
A estrada foi longa e cheia
de percalços. Começa, talvez, na vivência campeira. Segue na experiência de
peão, desempenhada todas as férias, em contraponto com a vida escolar urbana em
Santana, Uruguaiana e Porto Alegre, sucessivamente. Continua, quem sabe, na
dura passagem em que perde o pai e precisa trocar o colégio privado pelo
público, o diurno pelo noturno, a vida relativamente inconseqüente pelo
trabalho.
Deslancha, a partir de 1947,
quando se junta com amigos igualmente interioranos e saudosos da vida agauchada
(entre os quais Lessa) e com eles literalmente inventa uma tradição: a de fazer
vigília de um fogo tirado à Pira da Pátria, que arderá dali por diante pela
imaginária, afetuosa, desejada "pátria" sul-rio-grandense.
Paixão Côrtes e Barbosa
Lessa partem para a pesquisa de campo, para recuperar traços de cultura popular
local eventualmente sobreviventes à avalancha da cultura norte-americana, quer
dizer, estadunidense, que, vitoriosa na II Guerra, cobrou um preço alto das neocolônias.
Paixão e Lessa, expressando ativamente o mal-estar do momento, partiram para a
ação, viajando pelo Interior para salvar o passado da intensa voragem
novidadeira. Estava sendo gestado o lado cultural-popular do tradicionalismo,
antes mesmo de a palavra "folclore" entrar no discurso de todo mundo.
Paixão Côrtes não se limitou
a isso. Serviu de modelo para a estátua do Laçador e foi garoto-propaganda
televisivo, nos primórdios do veículo, vestido à gaúcha quando isso era ainda
uma esquisitice.Em 1948,
organizou e fundou o CTG 35 e,
em 1953,
fundou o pioneiro Conjunto Folclórico Tropeiros da Tradição.
Em 1956, Inezita Barroso gravou as músicas tradicionais gaúchas Chimarrita-balão, Balaio,
Maçanico e Quero-Mana, Tirana do Lenço, Rilo,
Xote Sete Voltas, Xote Inglês, Xote Carreirinha, Havaneira
Marcada, recolhidas por Paixão Cortes e Barbosa Lessa.
Em 1962, Inezita Barroso gravou as composições Tatu e Pezinho,
recolhidas por Paixão Côrtes e Barbosa Lessa. No mesmo ano, recebeu o prêmio de
Melhor Realização Folclórica Nacional.
Em 1964, apresentou-se na Alemanha,
na Feira Mundial de Transportes e Comunicação, na cidade de Munique. Recebeu ainda, no mesmo ano, o prêmio de Melhor Cantor Masculino de
Folclore do Brasil.
Em 1986, apresentou-se durante um mês na Inglaterra, divulgando traduções de seus livros para o inglês.
Em 2003 lançou seu novo manual, com mais danças, derivadas do primeiro. Por
exemplo, Valsa da mão trocada, Mazurca Marcada, Mazurca Galopeada, Sarna, Grachaim.
Em 2009 foi nomeado cônsul cultural do Sport Club Internacional, pois, Paixão
Côrtes tem sua história de vida intimamente ligada ao clube pois seu pai foi
jogador do Clube nos primeiros anos de sua fundação e posteriormente seus tios tambem foram
jogadores, em destaque o primeiro goleador do Inter Belarmino Carlos Leal D'Ávila.
Como Agrônomo Paixão Côrtes foi responsável pela abertura de mercado da ovinocultura no Rio Grande do Sul. Foi ele quem trouxe da Europa novos métodos e
tecnologias de tosquia, desossa e gastronomia, além de incentivar o consumo de
carne ovina.
Começou a trabalhar na Secretaria da Agricultura aos 17 anos como
classificador de lã. Em 40 anos de serviço, passou pelas Estações Experimentais
de Pelotas, Santana do Livramento e nos Campos de Cima da Serra e em Porto Alegre, também como professor dos cursos de classificação de
lã, ovinotecnista e, por fim, chefe do Serviço de Ovinotecnia.
Formado em 1949 em
Agronomia, na UFRGS, Paixão Côrtes
desenvolveu na Secretaria da Agricultura o trabalho de extensão no interior do
Estado. Segundo ele, o fato de ser folclorista e "falar a mesma língua do
homem do campo" facilitou a comunicação e a implantação de novas
tecnologias.
O BLOG
GALPÃO PÁTRIA E POESIA relembra a matéria coletada do Caderno Cultura, Jornal Zero Hora de, 15 de
maio de 2004. Com textos de Luís Augusto Fischer (Escritor, professor de Letras
da UFRGS) e Eduardo Wolf (Professor de Letras do Colégio Leonardo da Vinci). PAIXÃO CORTES fala com
exclusividade sobre o período de gestação deste fenômeno absolutamente
impressionante que é o mundo do tradicionalismo, dos CTGs, da identidade
cultural gaúcha, que ele ajudou a estabelecer. Vida e obra associadas
fortemente, as de Paixão Côrtes, um sujeito da maior relevância para entender
nosso tempo.
Cultura
- O senhor nasceu na zona rural?
Paixão
- Não, nasci na cidade. A casa de meu avô ficava numa das principais ruas
de Santana. Meu pai alugou a casa ao lado. na esquina e abriu uma parede,
fazendo uma ligação entre as casas. Era praticamente uma casa só.
Cultura
- Era uma família grande?
Paixão
- Não, nós somos dois irmãos e uma irmã de criação.
Meu avô materno era de Santana, Rodrigues D'Ávila; meu avô paterno era de Bagé,
Paixão Côrtes. Meu avô materno sempre esteve ligado ao campo, tinha duas ou
três estâncias no Interior, e eu me criei dentro delas. Desde pequeno, eu ia a
essas estâncias, acompanhando meu pai, que era agrônomo, se formou em Porto
Alegre e depois estudou nos Estados Unidos por cinco anos.
Cultura
- Isso devia ser bem raro na geração dele, não?
Paixão
- Sim, era excepcional. O bom foi que ele não teve
apenas a vivência universitária, ele fez de tudo, foi peão de estância,
conheceu bem a vida, como é o comum nos Estados Unidos. Aqui é que tem essa
coisa de separação social. Ele trouxe essa bagagem norteamericana. Até na mesa
se sentia a diferença, tinha doce e salgado ao mesmo tempo, a carne era quase
crua, sucos, essa coisa do breakfast. Ele era funcionário da Secretaria da
Agricultura e prestava assistência técnica naquela área de Santana do
Livramento. Eu ia junto.
Cultura
- Então a sua infância se divide entre cidade e campo sem distinção?
Paixão
- Exatamente. Meu pai tinha uma chácara, um sítio,
então permanentemente a gente ia para lá e fazia grandes festas. Ficava-se dois
dias carneando, festeando, aí quando terminava um assado já carneavam de novo,
lá vinha mais gente, e sesteavam debaixo das árvores mesmo, e seguia o baile.
Era uma coisa.
Cultura
- O seu avô também tocava?
Paixão
- Sim, o João Pedro Rodrigues D'Ávilla. Eu tenho a
gaita dele, de oito baixos. Sempre ouvi música em casa, era natural, nunca
precisei procurar por isso.
Cultura
- O senhor ficou em Santana do Livramento até quando?
Paixão
- Até 1939, 1940. Eu tinha uns 12 anos. Fomos morar
em Uruguaiana, porque meu pai foi nomeado diretor da Estação Experimental, um
posto zootécnico bastante avançado.
Cultura
- E a diferença entre as cidades?
Paixão
- Em Santana tinha uma intimidade familiar, e em
Uruguaiana meu pai ocupava um cargo importante do governo, então tinha uma
outra ótica. Também por lá, ele me levava por tudo. Aprendi muito com ele me
dizendo: "Olha lá, observa aquilo, tá vendo aquilo outro?".
Cultura
- Quando o senhor veio a Porto Alegre pela primeira vez?
Paixão
- Em 1935. Teve a exposição do centenário da
Revolução Farroupilha, no que hoje é o Parque Farroupilha, e o meu pai era o
responsável pela exposição da pecuária. Fez seleção dos grandes animais, etc. E
eu andava com ele por tudo.
Cultura
- Fez o primário em Santana?
Paixão
- Fiz o primário em Santana, com os maristas, e
depois fui para Uruguaiana, onde vem o choque, porque fui estudar no Colégio
União, que era protestante, metodista. Meu pai queria que eu tivesse uma visão
diferente das coisas. Ele via no colégio americano uma nova visão, um outro
trato de responsabilidade, de ensino, de exigência.
Cultura
- O senhor voltava para as fazendas com freqüência enquanto morava na Capital?
Paixão
- Sim, nas férias eu ia para as estâncias de Bagé, de
Júlio de Castilhos, de Cruz Alta, e lá desenvolvia toda a atividade normal de
um peão de estância. E eram fazendas bem grandes, de duas léguas de campo,
serviço puxado. Uma das sedes da fazenda do meu tio, lá em Cruz Alta. ficava num
extremo, e o trabalho a ser feito estava a duas léguas. A gente tinha que acordar
às quatro da manhã, ir a cavalo para chegar às sete e meia, mudar o cavalo, e
aí começar o serviço. Hoje é que me dou conta como era puxado para um guri de
13, 14 anos, como eu. Era uma fazenda tradicional, tudo no laço, sedes grandes,
2 mil animais, fazendo tropa e tudo. De noite, festeava-se, carneava-se, para,
na manhã seguinte, bem cedo, tudo de novo. Serviço mesmo. Então, tudo que falo
nas minhas atividades, hoje, não foi de palco que aprendi. Foi muito espontâneo
e real.
Cultura
- Lembra das músicas que tocavam?
Paixão
- Sim. Era o bugio, limpa-banco, havanera, chote,
rancheira.
Cultura
- Se cantava alguma letra, junto?
Paixão
- Sim, as letras que se cantavam eram as décimas. A
Décima do Cavalo Baio, O Boi Barroso ...0 Boi Barroso é a mais expressiva
manifestação da literatura galponera. Fora isso, umas valsinhas campeiras.
Cultura
- Voltando à sua trajetória, o senhor disse que veio estudar no IPA. E depois?
Paixão
- Logo depois, quando tinha uns 17 anos, perdi meu
pai, o que mudou toda a estrutura familiar. Tive que trabalhar e tudo o mais.
Até os 17 eu tinha aquela vivência campeira. Ficava no campo do primeiro ao
último dia de férias, na lida bruta, com animais, e doma daqui, e monta dali, e
ginetea, e derruba, e cai e se quebra todo, e segue. E diariamente! Não era uma
prova. Não tinha essas frescuras de hoje, de concurso e tal.
Cultura
- O senhor teve que trabalhar e começou com o quê?
Paixão
- Na Secretaria da Agricultura. O meu pai se dava
muito bem com todo mundo lá, e como eles souberam da situação, disseram:
"Vamos chamar o Paixãozinho", que era como eles me chamavam. Ou então
era o "Peruzinho", porque o apelido do meu pai era "Peru".
Então comecei no serviço de Ovinotecnia com o doutor Geraldo Veloso Nunes
Vieira.
Cultura
- E o senhor continuava estudando?
Paixão
- Comecei a estudar no Julinho, de noite, em 1946.
Terminei o curso científico em 1947. Então me oportunizaram um curso sobre
técnicas de classificação de lã, e aí me especializei.
Cultura
- Em que ano entra na faculdade?
Paixão
- Em 1949, Agronomia, na UFRGS.
Cultura
- Fez o curso normalmente.
Paixão
- Não muito normalmente. (Risos). Porque aí eu começo
a verificar essa ausência de preservação dos valores e da cultura gaúcha. Sou
produto da II Guerra Mundial.
Cultura
- O que o senhor lembra da guerra?
Paixão
- Ah, eu acompanhava, mas nessa época já estava
trabalhando e me mandam para o Interior, para o maior centro de comercialização
de 1ã, Pelotas. Era um porto de alta responsabilidade. Eu tinha 17, 18 anos.
Era tuna pegada violenta. Eu tinha que reformular a técnica toda, com 18 anos,
para os velhos comerciantes (risos). Imagina, um guri chegando e dizendo:
"Pára tudo!" (risos). Foi uma barra. E eu tinha que fazer o Tiro de
Guerra, uma ou duas vezes por semana, à noite. Numa dessas noites, tomei o
leite quente e me deitei com a galena nos ouvidos - nem bem rádio era - e ouvi:
"Terminou a guerra!". Aí me vesti e saí para a rua, tinha toda a
comemoração das pessoas nas ruas. E depois da guerra é que se intensificou a
mudança no comportamento brasileiro e rio-grandense, porque os americanos
descarregaram todo 0 poder econômico. que mudou tudo.
Cultura
- No que o senhor via a chegada americana?
Paixão
- Na música, que passou a ser a norteamericana:
blues, jazz, as grandes orquestras, Tommy Dorsey, Glenn Miller. No cinema. Nos
livros de tradução americana, bem comuns nessa época. O Capitão América. A
Coca-Cola. Nem Coca-Cola tinha até então. Houve aí um episódio curioso. Como
meu pai tinha revistas americanas, em que aparecia a Coca, eu tinha vontade
danada de tomar aquilo. A gente só tomava guaraná. Aí fomos o Lessa e eu tomar
Coca-Cola, num barzinho qualquer do Centro. Coloquei no copo, vi aquela coisa
meio espumosa, provei. E achei aquele troço meio amargo (risos). Aí diziam que
o bom era adocicar a Coca-Cola. Bom, coloquei açúcar e pum! (faz o gesto de
explosão, com as mãos). Foi uma das imagens mais esquisitas... (risos)
Cultura
- Como é que foi a idéia de fundar o "departamento de tradições" no
colégio?
Paixão
- Departamento de Tradições Gaúchas do Colégio Júlio
de Castilhos. Como eu estava ausente da vivência contínua com a vida na campo
que me era familiar, eu comecei a conversar com as pessoas e fui vendo que um
era de Cruz Alta, outro de Bagé, não sei mais onde. E aí combinávamos:
"Aparece lá para tomar um mate". Tomar mate, naquela época, só dentro
de casa. Na rua, nem pensar. Nem na porta de casa. Bombacha ninguém ousava
vestir em Porto Alegre.
Cultura
- O senhor chegou a se sentir discriminado em Porto Alegre?
Paixão
- Discriminado, propriamente, não. Porque quando nós
entramos nessa história estávamos firmes: "Queremos isso, e ponto. As
conseqüências, a gente vê depois. Tem que dá-le pau, dá-le pau" (risos).
Cultura
- Mas antes de formar o departamento, o senhor chegou a se sentir constrangido
pelos hábitos da cidade?
Paixão
- Não. Eu tinha uma certa intimidade já com a vida de
Porto Alegre. Mas acontece que na época estava se vivendo a ditadura Vargas.
Tinha-se medo de ter uma bandeira do Rio Grande do Sul. As bandeiras regionais
foram queimadas. Aqui nós escondemos, não queimamos, mas não podíamos usar,
mostrar. Meus tios, por exemplo, eram muito pela preservação dos valores, além
de serem veladamente contra o Vargas, então a gente ouvia essas coisas:
"Cuida com o DIP" (Departamento de Imprensa e Propaganda). E aí isso
já se misturava com o comunismo, tudo parecia uma coisa meio nebulosa. Por
exemplo, além de não se ver a bandeira, não se cantava o hino. Então o pessoal
do Interior se reconhecia no Colégio, se identificava. Começamos a nos
encontrar para tomar mate, contar histórias. Coisa de galpão, mas como não
tinha galpão, a gente inventava um. E nessa época praticamente não havia
literatura regional. O único que ainda sobrevivia era o Vargas Neto. E o
Antônio Chimango, é claro. Mas era uma literatura mais rebuscada. não a coisa
galponeira a que nós estávamos acostumados. Daí surgiu a nossa idéia.
Cultura
- Vocês logo perceberam que o Colégio Júlio de Castilhos poderia abrigar essa iniciativa?
Paixão
- Ah, não foi tão simples. O negócio é que eu botava
bota e bombacha e ia para a aula. E era aquele comentário só. Eu morava na
Sarmento Leite, e o Júlio era o antigo, ainda (na João Pessoa, onde fica hoje a
Faculdade de Economia da UFRGS). De noite, eu ia pilchado. Quando fazia frio,
ia de poncho. Chovia, botava um chapéu. O pessoal falava: "Olha o guasca
de fora", "Olha o guapo". E eu não me ofendia, sabia o que eu
era, eles não estavam me ofendendo ao dizer aquilo.
Cultura
- E as moças?
Paixão
- Não tinha esse contato com as mulheres. Por
exemplo, o galpão era só homem. Quando fundamos o 35, era só homem. E o galpão
é a célula fundamental da nossa gente. Nós nos criamos ali, em volta, tomando
mate. As moças não participavam. Elas estavam em outra. "Miss",
"Star", tudo nome americano. E eu fui indo, vestido assim. Foi aí que
eu comecei a pensar: por que a gente não faz um núcleo de resistência a essas
loucuras norte-americanas e tudo o mais que está aí? Fui bolando, pensando,
sozinho. E o Grêmio Estudantil tinha de tudo - esperanto, teatro, e não sei
mais o quê. Fui nas reuniões, três sábados seguidos, e era sempre a mesma
coisa: "Não sobrou tempo para ti, Paixão". Tudo bem, lá ia eu no
outro sábado de novo. Um dia expus a coisa: "Acho que a gente deveria
preservar as nossas tradições", etc., preparei um arrazoado. Tinha a Chama
da Pátria, no 7 de setembro, data magna da pátria. Foi aí que tive a idéia de
tirar uma chama da pira da pátria e levar para o Júlio de Castilhos, fazer uma
continuidade da chama da pátria, lá num candeeiro, até o 20 de setembro. E o
pessoal dizia: "Mas como?". Então fui na Liga de Defesa Nacional, um
órgão muito importante na época, eu conhecia o major Vignolli, apresentei
minhas intenções, numa carta que nós tínhamos preparado. Ele me perguntou:
"Então, qual é a idéia?". E eu, numa insolência que só hoje percebo,
respondi: "Vou tirar uma centelha da pira da pátria para levar para o
Colégio Júlio de CastiIhos". Imagina, eu com 18, 19 anos. Aí ele chamou um
sujeito: "Ô Pimentel, vem aqui". O sujeito chega e diz: "E aí,
Paixãozinho, como é que vai?", todo entusiasmado. Era amigo do meu pai,
com quem tinha trabalhado lá em Santa Maria, me conhecia desde pequeno. E
perguntou: "O que é que tu estás fazendo aqui?". A idéia era
prolongar do 7 de setembro até o 20, da Revolução Farroupilha. Aí eles me
perguntaram como é que eu queria fazer isso, se era a cavalo, como é que era e
tal. Eu tinha pensado em três cavalos - um com a bandeira do Rio Grande, outro
a bandeira do Colégio Júlio de Castilhos e outro com a bandeira do Brasil.
Cultura
- E quem eram os seus parceiros?
Paixão
- Eram o Ciro Dutra Ferreira e o Fernando Machado
Viana. Na saída, o doutor Pimentel me disse que estavam trazendo os restos
mortais do Davi Canabarro. Quem traria era o Coronel Canabarro. Eu disse:
"Mas ele é casado com uma prima minha!". Enfim eu estava em casa!
Então ele me diz: "Estamos com um problema: não arrumamos gaúchos para
fazer um costado (guarda de honra). Tu não me arrumas uns gaúchos". E eu:
"Para quando?"
Cultura
- O que ele queria dizer com "gaúchos"? Por que ele os queria?
Paixão
- Porque o Davi Canabarro era uma figura da Revolução
Farroupilha, da Guerra do Paraguai, e era para ser trazido para o Pantheon do
Rio Grande. Um negócio cívico. Disse para ele que ia tentar, fui falando com um
e com outro, fazendo uma exaltação do Canabarro. Convencia um, que convencia
outro. Mas aí não tinha arreio. E cavalo? Não tinha. Fui falar com o doutor
Pimentel: "Olha, consegui um piquete bom. Gente firme. Mas não temos
cavalo, nem arreio". O doutor Pimentel disse que conseguia os cavalos, do
Regimento Osório. "E os arreios?", perguntei. "Isso vai ser
dificil". Falei para ele: "O senhor me arruma uma caminhonete e dois
homens que eu dou um jeito". Cinco horas da manhã saímos em direção a
Belém Novo. Foi clareando o dia e iam aparecendo aquelas figuras a cavalo; eu
mandava parar a caminhonete e começava a dar um discurso sobre o gaúcho, a
pátria, o gauchismo, e os caras ficavam atônitos (risos). Assim arranjei 14
arreios. Só na palavra! Devolvi um por um, eu mesmo. Montamos os arreios e
conseguimos oito pessoas. Faltou gente para montar, as pessoas ficavam com
vergonha. Tu podes imaginar oito loucos vestidos de gaúcho, de faca?
Cultura
- E o que as pessoas achavam?
Paixão
- Não dava para achar, porque a gente "nem
tava"! E as pessoas ficavam atônitas. Viemos lá do Regimento Osório,
descemos a antiga Rua da Conceição e apertamos os arreios defronte ao Hotel
Umbu. Nós íamos ficar por ali, tomando um trago e tudo o mais, esperando o
cortejo que vinha do aeroporto. Chega a polícia: "Estão armados? Não pode.
Estão presos". E aí começou a argumentação.
Cultura
- O senhor era o embaixador deles?
Paixão
- Não, todo mundo falava. Menos o Siqueirinha, que
até hoje não fala (risos), o Antônio João Sá de Siqueira, médico veterinário.
Cultura
- A polícia queria levar você?
Paixão
- Queria. Um deles perguntou: "De onde o senhor
é?". Eu respondi. E ele: "Mas é lá dos meus pagos!". E nos
encontramos. Aí um dos policiais disse para gente cobrir a faca com o pala para
não ficar mal para eles. Nisso passou o jipe com os restos mortais do
Canabarro, montamos e fomos atrás. Seguimos em direção ao Centro, até a Praça
da Alfândega. Ali, numa solenidade, com escolas, políticos e tal, não hastearam
a bandeira do Rio Grande, nem tocaram o nosso hino. Só o hino nacional. Houve
uma saudação do dr. Dante de Laytano, não lembro de quem mais. Ficamos por ali,
ao lado da Brigada. Nesse momento, um guri pequeno e magrinho veio nos procurar.
Falou com o Ciro Dutra Ferreira: "De onde é que vocês vieram?". E o
Ciro: "Daqui mesmo, estudamos ali no Júlio de Castilhos". E o
magrinho: "Mas como? No Júlio? E como é que eu não sei disso?". Ele
estudava de tarde, e nós de noite. Aí o Ciro mandou ele falar comigo:
"Fala com aquele bigodudo lá da ponta". Combinamos que ele iria
aparecer de noite lá no Júlio. Era o Barbosa Lessa.
Cultura
- O que lhe chamou atenção nele?
Paixão
- As coisas que ele falava sempre estavam
relacionadas à História. Ele sempre costurava com uma referência da História.
Não era um homem campeiro, com a linguagem campeira, apesar de ter uma
experiência parecida com a nossa. E ele tocava violão, já arranhava umas
quadrinhas. Depois disso é que veio a Ronda Crioula, a Semana Farroupilha, o
Candeeiro Crioulo, apareceram outros que não eram gaúchos nem nada, eram
simplesmente urbanos. como o Ivo Sanguineti, que era um cara dedicadíssimo,
dormia lá para que o fogo não apagasse, E foi até o dia 20 de setembro, com
palestra com o Manoelito de Ornelas.
Cultura
- Como é que o Manoelito de Ornetas, que era um grande intelectual, foi até o
colégio, para falar com uns guris gaúchos?
Paixão
- Eu é que o convenci. Peguei o Ciro e fomos até a
casa do Manoelito. Ele tinha a Prosa da Terças, seção do Correio do Povo; então
nós ligamos e nos apresentamos: "Olha, nós somos estudantes, o senhor
poderia nos receber?". Apresentamos para ele o que estávamos fazendo e
pedimos para ele falar. Na época ele estava lançando o livro Gaúchos e Beduínos.
Quem acabou ficando na conferência foi o Lessa, porque foi de tarde, e eu tinha
que trabalhar. Mas o melhor é o seguinte: convidamos o Manoelito para ser
jurado do baile! Não sei até hoje como tivemos a petulância de fazer uma coisa
dessas... O baile foi lá em Teresópolis.
Cultura
- A idéia era fazer uma representação da vida campeira?
Paixão
- Não! Para reviver! Não tinha nada de patacoada! Era
reviver os nossos hábitos, puramente. Café de chaleira, pastel de carreira,
fogo no chão, fumaça. E a música foi uma coisa! Falei com um. maestro e pedi
uma banda para o baile e ele me disse: "Eu tenho bandinha". Era
dessas de alemão. Aí não dava! (risos). Mas ele me disse: "Eu te arrumo
gaiteiro, tocador de violão e tal".
Cultura
- Qual era o repertório?
Paixão
- Rancheira, xote, polca, de vez em quando tocavam um
dobrado, desses da zona alemã, umas marchinhas meio cívicas...
Cultura
- E o Manoelito de jurado?
Paixão
- No meio daquela bagualada... (risos). O Ciro e eu
fomos buscá-lo de auto, pilchados, e ele todo formal, de gravata. Ele ficou
encantado. Escreveu uma crônica, depois, contando do baile e dizendo aquilo que
nós tínhamos explicado para ele - para nós, não se tratava só das roupas, das
danças, era também a dignidade, a moral do nosso povo.
Cultura
- Vocês falavam abertamente sobre esse desconforto com o americanismo?
Paixão
- Sim! Era só uma questão de analisar, de observar: o
que é que tinha de música nossa? O Boi Barroso, Prenda Minha, Gauchinha e
Minuano.
Cultura
- E como foi a expansão do movimento, da idéia de tradicionalismo?
Paixão
- Fundamos o Departamento, com aquela loucurada toda
de trazer a chama e o ato cívico que se seguiu, o baile com mais de 200
pessoas, e depois nós perguntamos: "E agora?". Porque aí mais gente
apareceu, gente que nem nos conhecia, e foi então que o Lessa disse:
"Temos que nos reunir para formar um clube de tradições". Ele saiu
por aí com um caderninho pegando nome e endereço de tudo que era gente
interessada em participar e começamos a nos reunir na minha casa, o nosso primeiro
quartel-general, e foi enchendo de gente. Aquilo começou a crescer, começou a
chegar mais gente, gente de cabeça branca, gente séria...
Cultura
- O senhor conheceu o Aureliano de Figueiredo Pinto?
Paixão
- Não. Os literatos não existiam na forma da popularidade.
Quem é que ia dizer verso do Aureliano? Tinha que ser declamador ou o próprio
poeta. Declamador não tinha, ninguém queria se expor ao ridículo de dizer
versos. Nós vínhamos de baixo, e a literatura era para os nobres. os sábios, os
intelectuais, os dominadores da lingüística...
Cultura
- E o senhor se lembrava do seu pai, por essa época?
Paixão
- Sim, porque o meu pai, quando eu estava em
Uruguaiana, comprava uns livrinhos. Queroquero, do Roque Callage, e me fazia
ler. E lá em Uruguaiana tinha o Grêmio Literário Castro Alves. E nós éramos da
campanha, então fundamos um grêmio literário Catulo da Paixão Cearense.
Cultura
- Por que o Catulo?
Paixão
- Porque era um poeta popular. falava das coisas da
terra, com termos regionais. Eu era muito - guri, não cheguei a fundar, mas
estava lá. Só declamava noemas do Paulo Setúbal, João, o Tropeiro. E foi ai que
eu comecei a aprender a declamar.
Cultura
- Vocês se sentiam fora disso?
Paixão
- Não, é que nós vivíamos e os outros cultuavam
(risos). Até aproximar uma coisa da outra, levou tempo. Eu fui um dos primeiros
a sair por aí á declamar versos e tudo mais.
Cultura
- Como é que o senhor e o Lessa começam a fazer pesquisas de cultura popular?
Paixão
- Quase não havia elementos para se consultar. A
gente ouvia coisas de citação. Queríamos sedimentar nossa cultura, formar a
sociedade tradicionalista. Quando a gente foi registrar o 35 no cartório, não
permitiram! Tivemos que mudar "patrão" para presidente, "capataz"
para, sei lá, "vice-presidente". Para sedimentar a simbologia do
universo da estância, a idéia do patrão, do capataz, do posteiro, da invernada,
não foi fácil. E também tinha muito gaudério meio grosseirão, que ia mais pela
patacoada, e nós tínhamos que controlar.
Cultura
- E suas pesquisas com o Lessa? Ele era o seu maior interlocutor?
Paixão
- Sim, havia uma identificação muito forte. Então
veio um convite do governo uruguaio para uma representação brasileira de
gaúchos no Dia de la tradición, em Montevidéu, em 1949. Mas aí vieram os
gaúchos das guerras de 93 e 23 com as papagaiadas. "Porque eu sou
maragato!", dizia um, aqui, e outro vinha com "Eu sou pica-pau",
e nós tivemos que afastar isso "Aqui não se discute isso!". Os ânimos
estavam assim, ainda mais que tinha acabado o Estado Novo, tinha um clima de
revanche, de acerto de contas.
Cultura
- Como se dá a fundação do 35?
Paixão
- O nome nós decidimos numa reunião em 5 de janeiro
de 1948, mas a fundação foi em 24 de abril. E quando veio o convite uruguaio, o
governo de Walter Jobim viu que o CTG 35 era uma gurizada e achou melhor, por
precaução, mandar junto uns oficiais da Brigada, uns tipos excelentes. Em
Montevidéu, desiflamos e declamamos, foi uma beleza! Aí chegou a hora da dança.
E os castelhanos nos perguntavam: "Que danças vocês têm?!
Cultura
- Que danças vocês tinham?
Paixão
- Nós não tínhamos nada. E o que eu me perguntava era
como os argentinos e os uruguaios tinham aquele monte de dança e nós não
tínhamos nada. E o Lessa dizia "O Cezimbra Jacques diz isso, O Walter
Spalding aquilo." Ele já tinha lido tudo.
Cultura
- E já existia a noção de folclore?
Paixão
- Não! Não tinha nada. Em 1947 foi a Unesco que
definiu um apoio ao folclore, da Unesco se chegou à Comissão Nacional, e a
Regional só se fundou aqui em 1948, depois da fundação do 35.
Cultura
- E vocês se identificavam com a palavra "folclore"?
Paixão
- Não, para nós a palavra era "tradição".
Hábitos e costumes dos nossos antepassados. Foi daí que começou a nossa
pesquisa. Não tinha descrição nenhuma, partitura nenhuma, então o Lessa e eu
começamos a procurar. Eu viajava muito, pelo serviço, então íamos cada um para
um lado. Começou em Palmares. Eu estava falando com um rapaz sobre danças
tradicionais e ele me falou da tal "dança do pezinho". Eu não sabia:
"Que dança do pezinho? Vocês dançam isso?" E o cara: "Claro, lá
na praia, nas festas". E aí formou-se um grupo e nós fomos a Palmares para
pesquisar. Bem, se a cem quilômetros de Porto Alegre tem uma dança dessas, como
é que não vai ter por esse Estado inteiro?
Cultura
- E o senhor viajava mas era funcionário da Secretaria de Agricultura, ainda?
Paixão
- Sim, era só nos finais de semana que dava para
fazer a viagem. Um dia o Ênio Freitas e Castro, que era da Secretaria de
Educação, emprestou um gravador primitivo. Eu pagava duas passagens e levava o
gravador.
Cultura
- E quem é que custeava?
Paixão
- Ora, quem é que custeava, eu! (risos). Já era
loucura falar no assunto, imagina que alguém ia dar dinheiro para essas
bobagens (risos).
Cultura
- Quando é que se dá a fundação do grupo de dança?
Paixão
- Em 1953, com Os Tropeiros da Tradição. De 1949 a
1952, o Lessa e eu juntamos 20 e poucas danças.
O
folclorista João
Carlos D'Ávila Paixão Côrtes é uma figura inesquecível em vários sentidos,
incluindo o sentido da audição: as pausas, as ênfases, as exclamações, as
suspensões, os "Bá" alongados, a entoação para acompanhar a
referência a uma antiga canção, assim é PAIXÃO CORTES
PAIXÃO CORTES como:
APRESENTADOR
E PRODUTOR DOS PROGRAMAS RADIOFÔNICOS:
1953
- Festa no Galpão
1955
- Grande Rodeio Coringa
1958
- Festa
COMPOSITOR:
Jacaré
Ratoeira
Xote
carreirinho
ATOR:
DISCOGRAFIA
s/d
- Xote carreirinho / Jacaré
1961
- O folclore do pampa
1964
- Tradição e folclore do Sul
1970
- Paixão Côrtes (sobre o
folclore gaúcho)
1977
- Do folk aos novos rumos
1978
- Paixão Côrtes especial
1980
- Hino ao Rio Grande
1982
- Cantando e bailando
1982
- Cantares e sapateios gaúchos
BIBLIOGRAFIA
1955
- Suplemento musical do Manual de
danças gaúchas (com Barbosa Lessa)
1956
- Manual de danças gaúchas (com
Barbosa Lessa)
1959
- Festança na querência (sobre
folclore gaúcho)
1960
- Terno de Reis - Cantigas do Natal
gaúcho
1960
- Folclore musical do pampa - Músicas
e letras
1961
- Vestimenta do gaúcho
1966
- Gaúchos de faca na bota - Uma dança
alemã no folclore gauchesco
1975
- Danças e andanças da tradição gaúcha
(com Barbosa Lessa)
1985
- Aspectos da música e fonografia
gaúcha
1994
- O Laçador, a história de um símbolo
1994
- colaborou na produção da coletânea A
música de Porto Alegre - as origens
2001
- Músicas, Discos e Cantares - Um
resgate da história fonográfica do Rio Grande do Sul
FONTE: