“Galpão, Pátria e Poesia. Três palavras consagradas, no final da madrugada se encontram pra clarear o dia, vão regendo a sinfonia de poetas e cantores, para que os madrugadores esperem o sol estribados, para alegrar nosso pago, com versos e melodias”

domingo, 26 de abril de 2015

PEDRO RAIMUNDO... "GAÚCHO DE CORAÇÃO"

Pedro Raimundo, nasceu na cidade de Imaruí, Santa Catarina em 29 de junho de 1906 (coincidentemente vem a ser o dia de São Pedro, padroeiro do Rio Grande do Sul). Seu nome verdadeiro é João Felisberto Raimundo. Compositor, Cantor, Instrumentista e Sanfoneiro.
Nasceu em berço pobre, e seu pai, João Felisberto, era pescador e sanfoneiro. Aos 8 anos começou a tocar sanfona. Até os 17, trabalhou como pescador. Trabalhou na Estrada de Ferro Esplanada-Rio Deserto, em Santa Catarina. Em 1929, mudou-se para Porto Alegre, onde trabalhou como condutor de bondes, inspetor de tráfego, guarda-freios, maquinista de usina, balconista e oleiro. Foi também chaveiro da estrada de ferro D. Teresa Cristina, onde foi vítima de um acidente que lhe deixou um defeito na mão, o que, entretanto, não o impediu de tornar-se um dos mais brilhantes sanfoneiros do Brasil.
Segundo Luiz Artur Ferraretto, Doutor em Comunicação e Informação, em 1935, na Rádio Gaúcha, o poeta Lauro Pereira Rodrigues apresenta o programa Campereadas. É neste espaço que começa a se destacar o cantor e compositor Pedro Raymundo, mais tarde conhecido pelo epíteto “o gaúcho alegre do rádio”. Contratado em 1939 pela Farroupilha, o gaiteiro forma – com Oswaldinho, Zé Bernardes e Zico – o Quarteto dos Tauras. O conjunto se desfaz, quatro anos depois.
No ano de 1942 foi pela primeira vez foi ao Rio de Janeiro onde se apresentou no Show Muraro da Rádio Mayrink Veiga e também foi se apresentar em alguns programas da Radio Tupi. Logo depois foi contratado pela Radio Nacional.
Na seqüência, ainda em 1943, a Columbia lança disco com as canções Tico-Tico no Terreiro” e o xote “Adeus Mariana”, ambas de sua autoria.
Se Teixeirinha foi o Rei do Disco, Gildo de Freitas o Rei dos Trovadores, Pedro Raimundo também tinha um titulo, o de “O gaúcho alegre do rádio”.
Sua descontração e exuberância valeram-lhe o slogan de “O gaúcho alegre do rádio”: alternava, em suas apresentações, músicas alegres com outras sentimentais. Foi o primeiro artista típico gaúcho a alcançar fama nacional. Apresentava-se com bombachas, lenço no pescoço, botas, esporas, chapéu e guaiaca. Percebendo a aceitação do seu traje regional, Luiz Gonzaga sentiu-se estimulado a apresentar-se como sertanejo nordestino.”
O apogeu, veio com os versos de “Adeus, Mariana” que entram para a memória musical brasileira. Com esta canção simples e trajes típicos do Rio Grande do Sul, Pedro Raymundo se torna, como observa Luiz Carlos Saroldi, “uma das marcas do Programa César de Alencar”, na Rádio Nacional, então o principal programa de auditório do país. Deste modo, constitui-se no primeiro cantor gauchesco a ficar conhecido, graças ao rádio, fora do estado, chegando a inspirar o pernambucano Luiz Gonzaga a adotar também vestimentas típicas – no caso, as usadas no sertão nordestino – em suas apresentações.
A respeito, Tonico e Tinoco recordariam em suas memórias que somente o Gonzaga, nos anos 40, se igualava em popularidade ao “gaúcho alegre do rádio”. Pois “o homem que varreu a tristeza do dicionário”, outro slogan com o qual é apresentado aos ouvintes na época, aparece triste em uma velha edição da Revista do Rádio em dezembro de 1959, ele que em outros tempos servira, no auge, de capa à mesma publicação. Naquele ano, havia se submetido a uma cirurgia para corrigir um desvio no polegar e ficara com a mão paralisada, o que lhe afastaria da música durante dois anos. Na reportagem, ele reclama dos boatos sobre o fim de sua carreira artística:
– A maldade surgiu dentro dos corredores das emissoras. O mal de um artista é sempre querer destruir o seu colega. Todavia, fiquem todos sabendo que voltarei para cantar e tocar acordeão.
Aconselhado pelos amigos a encerrar a sua carreira, Pedro Raymundo retoma suas apresentações em 1963 na Mayrink Veiga, no Rio de Janeiro, justamente a emissora em que se apresentara, duas décadas antes, então recém-chegado de Porto Alegre. No mesmo ano, volta ao Rio Grande do Sul e faz uma temporada na Rádio Gaúcha. Sem a mesma vitalidade de antes, logo transfere-se para a cidade de Lauro Müller, onde conduz o Programa Pedro Raymundo, às seis da manhã, na Rádio Cruz de Malta. Na mesma época, apresenta atrações semelhantes nas rádios Eldorado, de Criciúma, e Diário da Manhã, de Florianópolis.
Em 1971, volta ao microfone da Gaúcha. Está empobrecido e demonstra um considerável desgaste em suas apresentações. Como registram Vitor Minas e Israel Lopes no livro Pedro Raymundo, uma das poucas biografias a respeito do autor de Adeus, Mariana, a Teixeirinha, um dos seus sucessores no gosto do público, dá pena, na época, o estado do gaiteiro:
– Encontrei-me com o Pedro em um show promovido pela Rádio Gaúcha. Levei-o na Rodoviária, no meu carro, e lá tomamos uma água tônica juntos. Falei para ele, vendo que já não podia mais trabalhar e já quase não enxergava bem. Perguntei se ele estava bem financeiramente para parar. Ele me respondeu que estava mais ou menos bem, morando em Santa Catarina novamente na cidade do carvão. Estava trabalhando, mas estava encostado no INPS e me disse que eu estava com a razão em pedir para ele parar e ficar com o nome na história, porque o povo já não estava aceitando ele como antes e sim o amava pelo que foi.
Dois anos depois, no dia 9 de julho de 1973, aos 67 anos, no Hospital da Lagoa, no Rio de Janeiro, morre de câncer o gaiteiro Pedro Raymundo, praticamente esquecido.

Diversos músicos com reconhecimento nacional, seguem gravando suas canções, em especial Adeus, Mariana como: Gaúcho da Fronteira, Sérgio Reis, Tonico e Tinoco, Neto Fagundes e Ernesto Fagundes e Osvaldir e Carlos Magrão.
Vitor Minas e Israel Lopes na pequena biografia publicada em 1986 dentro da Coleção Esses Gaúchos disseram:
– Hoje, contudo, se ressuscitasse, o Gaúcho Alegre seria execrado pelos sentinelas do nativismo, eternamente debruçados sobre o que é ou não autenticamente gaúcho. Misturou a temática nossa com a de outros estados, interpretava polcas, valsas, marchinhas e até baião. Sem pretender mais do que a condição de gaúcho adotivo, cantou isso com orgulho e sentimento. Foi, certamente, o primeiro músico que assumiu a identidade do nosso homem rural.
Pedro Raymundo levou a figura típica do Sul do Brasil a todo país, tempos antes do surgimento do Movimento Tradicionalista Gaúcho. Só por isto já merece ser lembrado.
O primeiro alvo do Gildo de Freitas em se tratando de provocações em disco, não foi Teixeirinha. Gildo de Freitas em seu primeiro Lp em 1964 provocou Pedro Raymundo respondendo a música “Adeus Mariana” com a canção “Que Jeito Têm a Mariana”.
Mas a resposta do Gildo de Freitas não deve ser interpretada como provocação, ela deve ser vista como uma homenagem ao pioneiro cantor gaúcho Pedro Raymundo e logicamente a resposta foi ao estilo Gildo de Freitas que todos nós conhecemos.
Para complementar vale lembrar que na música “Sonhei Que Fui ao Céu” Gildo de Freitas volta a citar Pedro Raimundo em uma música, dessa feita ele já era falecido e também era uma homenagem ao Pedro Raimundo e outros cantores que já haviam falecido.

FONTE:

sábado, 25 de abril de 2015

24 DE ABRIL, DIA DO CHURRASCO E DO CHIMARÃO

Conta a lenda, que os soldados espanhóis ao chegarem à foz do Rio Paraguay, em 1536, ficaram muito impressionados com a fertilidade da terra às margens do rio, fundando assim a primeira cidade da América Latina: Assunción de Paraguay. Devido às saudades de seus familiares, os desbravadores eram famosos pelos seus porres. A fim de curar suas bebedeiras, os soldados espanhóis começaram a tomar a erva-mate por notar que ela aliviava a ressaca. Foi assim, que a erva-mate chegou ao Rio Grande do Sul, transportada na garupa dos guerreiros daquela época.
Desde então, o Chimarrão se tornou um dos principais símbolos doRio Grande do Sul, a ponto de merecer um dia dedicado a ele. O 24 de abril é, por Lei Estadual de 2003, do deputado Giovane Cherini (PDT), o Dia do Churrasco e do Chimarrão.
LEI Nº 11.929, DE 20 DE JUNHO DE 2003 LEI DO CHURRASCO E CHIMARRÃO Institui o churrasco como “pratotípico” e o chimarrão como “bebida símbolo” do Estado do Rio Grande do Sul e dá outras providências.
O GOVERNADOR DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL.
Faço saber, em cumprimento ao disposto no artigo 82, inciso IV, da Constituição do Estado, que a Assembléia Legislativa aprovou e eu sanciono e promulgo a Lei seguinte:
Art. 1º - Ficam instituídos o churrasco à gaúcha como o prato típico e o chimarrão como a bebida símbolo do Rio Grande do Sul.
Parágrafo único - Para os efeitos desta Lei, entende-se por churrasco à gaúcha a carne temperada com sal grosso, levada a assar ao calor produzido por brasas de madeira carbonizada ou in natura, em espetos ou disposta em grelha, e sob controle manual.
Art. 2º - Para assinalar as instituições ora estabelecidas, ficam criados “o Dia do Churrasco” e o “Dia do Chimarrão”, a serem comemorados em 24 de abril de cada ano e incorporados ao calendário oficial de eventos do Estado do Rio Grande do Sul.
Art. 3º - A Assembléia Legislativa do Estado do Rio Grande do Sul homenageará, anualmente, com o troféu “Nova Bréscia”, uma churrascaria a ser escolhida como modelo por sua fidelidade ao estilo gaúcho, e com o troféu “Roda de Mate” uma ervateira que se distinguir pela qualidade e aceitação do seu produto.
Art. 4º - Júri especial definirá os critérios de escolha dos agraciados e apontará à premiação os estabelecimentos referidos no artigo anterior, levando em conta, a par dos critérios técnicos e comerciais que estabelecer, as contribuições de qualquer ordem que tenham sido feitas pelos concorrentes para o bom êxito do Programa Fome Zero, ora instituído e mantido pelo Governo Federal, ou a programas similares de solidariedade social em âmbito federal ou estadual, que àquele venham suceder.
Art. 5º - Esta Lei entra em vigor na data da sua publicação. PALÁCIO PIRATINI, em Porto Alegre, 20 de junho de 2003.


O chimarrão é servido em cuia e feito com erva-mate, sobre a qual se derrama água quente. Diz-se que gaúcho que é macho gosta do mate bem amargo, mas há quem misture açúcar. Também é muito comum colocar saquinhos de chá na erva, como cidreira ou hortelã, para adicionar um sabor especial. A bebida possui propriedades digestivas e estimulantes.
O chimarrão pode ser tomado sozinho, acompanhado ou em grupo.

* Preencha a cuia com dois terços de erva-mate num lado. Pode-se utilizar um aparador, prato ou, até mesmo, as próprias mãos para tapar a cuia;
* Na parte vaga, você deve colocar a água morna (apenas para começar o chimarrão). Colocando água morna, não se queima a erva e o chimarrão não fica amargo;
* Tape a boca da bomba com o dedo polegar (opcional) e a coloque-a dentro da cuia descendo-a rente à parede, para que não fique ao meio da erva e não tranque o chimarrão. Se a água descer após você retirar o dedo da bomba, o chimarrão estará pronto;
* Agora, só falta saborear o delicioso mate.

FONTE:


sábado, 18 de abril de 2015

ALBINO MANIQUE- UM MESTRE A SER REVERENCIADO




Albino  Manique, nasceu na cidade de São Francisco de Paula-RS, no dia 12 de março de 1939, é músico e compositor, e usando as palavras de Luiz Carlos Borges e Luciano Maia, é a maior referência no acordeon do sul do Brasil. Albino Manique é um dos fundadores do Grupo Os Mirins.
         A música de autoria do mestre Albino Manique é atemporal, não envelhece, se mantém sempre atual como deve ser a obra dos grandes artistas.
Albino, sempre conviveu desde muito cedo com a música, em São Francisco de Paula tinha um vizinho chamado Francisco Castilhos, os dois eram amigos e começaram a tocar juntos. Um fato inusitado é que Albino Manique tocava pandeiro além de cantar e o Chico castilhos tocava cavaquinho. Com a dupla formada animavam as festinhas do interior. Com o passar do tempo, ''Chico'' ganhou um violão, e Albino Manique, por influência do pai que era gaiteiro, aprende a tocar gaita e desde então se apaixonou por este instrumento que ainda lhe acompanha até hoje.
Disco lançado em 1969
Albino Manique, gostava de ouvir pelo rádio, os gaiteiros do Rio de Janeiro e de São Paulo, Duplas Sertanejas como Tonico e TInoco e Palmeira e Luizinho. Também escutava Realinho na gaita, Luiz Gonzaga, Zezinha no Acordeon, Pedro Raimundo e gostava muito de escutar um gaiteiro chamado Mário Genaro Filho.
Em 1958 a dupla formada por Albino Manique e Chico Castilho ia se apresentar num concurso musical de uma igreja em São Francisco de Paula, no Rio Grande do Sul. E Como a dupla não tinha nome, o animador Jair Teixeira disse que iria apresentá-los como Dupla Mirim. O batizado deu certo e a partir desde dia, ficaram conhecidos como Dupla Mirim.
Os dois acabaram lançando um estilo de dupla diferente do comum. Na época o modismo era uma dupla composta por dois gaiteiros. Diferentemente eles formavam uma dupla em que Xico tocava violão e Albino Manique tocava cordeona, tornando-se assim diferentes dos outros grupos da época.
Quando Albino Manique foi para Porto Alegre, cidade que o artista nutre verdadeira paixão, com o sonho de ter sua música divulgada no rádio, de gravar um disco, de mostrar o trabalho que fazia, Albino viu e ouviu, ao vivo, pela primeira vez na sua vida a música dos Irmãos Bertussi. Neste momento o Jovem Albino Manique, pode admirar  o trabalho e a técnica apurada principalmente de Adelar Bertussi, e pode vislumbrar a possibilidade de tocar gaita num outro patamar, com muita técnica e qualidade.
A facilidade de Albino em compor é tamanha, e suas melodias tão belas que em pouco tempo ja era considerado uns dos melhores instrumentistas do Brasil, sendo muito requisitado para gravar discos de outros artistas.
Em 1961 a dupla transformou-se em um trio com  a entrada de Antoninho Duarte, e gravaram seu primeiro disco intitulado ''Barbaridade'' que até hoje ainda é muito tocado. Depois de algum tempo se consolidou o grande Conjunto Os Mirins liderado por Albino.
Albino Manique tem uma musicalidade muito forte e muita habilidade com a sua gaita, tendo desenvolvido uma técnica muito peculiar se destacando por seus arranjos complexos e muito bem elaborados. Até hoje, não há ninguém que se compare à sua técnica de tocar.
Para Adelar Bertussi, Manique é um gênio, pega a gaita e toca lindamente sem ter estudado.
Em 1969 trouxe seu primeiro disco solo intitulado '' Alma de Acordeon'', com sucessos como “Taquito Militar” e “Bugio da Serra”.
Em sua carreira gravou vários álbuns com o grupo Os Mirins, no qual hoje se dedica principalmente na àrea empresarial do grupo. Em meados dos anos 80 acompanhou o Teixeirinha na gravação de 3 discos.
Outras composições conhecidas são: “Baile de camdieiro”, “Madrugada” e as consagradas “Vaneirinha do Amor” “Vaneirinha do Adeus” “Vaneirinha da Saudade”
Não há um gaiteiro gaúcho que não reverencie e se inspire na música de Albino Manique. À frente d'Os Mirins, um dos mais tradicionais grupos do Rio Grande do Sul, com mais de 50 anos de existência, e admirado por sua técnica excepcional e apuradíssima, Albino destaca-se também por ter tocando em inúmeros bailes tradicionalistas, além de ser um recordista de horas de estúdio. Com todo esse prestígio, ao invés de tocar no Brasil inteiro e em outros países, onde certamente seria bem recebido, Albino prefere ficar em seu estado, tocando nos bailes, sua grande paixão.
Albino Manique é uma das figuras mais importantes e influentes na evolução musical do Estado a partir da segunda metade do século XX. Suas composições são inspiradas na sua infância com influências musicais de seu pai, que tocava gaita-ponto em festas populares da região.
Albino Manique é um artista reconhecido, sua música já é imortal, seu talento é reverenciado fora do nosso estado , como por exemplo, por Dominguinhos, que expressou sua admiração pelo gaiteiro ou sanfoneiro como os nordestinos chamam, a vontade de algum dia poder sentar na frente do Albino Manique e o acompanhar em alguma música.
Na contra - capa do disco de Albino Manique lançado em 1985 intitulado  "Entrevero No Teclado", seu grande amigo e companheiro Chico Castilhos fez a seguinte declaração: " É fácil falar de ALBINO MANIQUE, dizer da beleza de suas canções, da quantidade de discos gravados, ou de sua capacidade musical, torna-se lugar comum. Difícil é explicar um homem que trocou os bancos dos conservatóriaos musicais pelo eco das coxilhas e a poeira das estradas, levando como bagagem somente sua gaita e a certeza de chegar onde queria.
O que dizer de alguém que toca um bugio campeiro e em seguida transforma a simplicidade de uma "PRENDA MINHA" numa verdadeira sinfonia de acordes e harmonia, coisa que só os grandes teóricos conseguem...Posso dizer que ALBINO MANIQUE nasceu sabendo e desde o dia em que abraço sua primeira gaita, (uma pretinha de 80 baixos, presente do velho Davenir) apenas aperfeiçoou o que seu gosto e sua sensibilidade lhe transmitia para os dedos. Este é ALBINO MANIQUE, um dos maiores nomes de nossa música regional.

DISCOS SOLO:

1969
1978

1981
 
1983

1984

1985

1986

1989

1994

1998
  


FONTE:
http://cantodogaiteiro.blogspot.com.br/2009/08/biografia-de-um-grande-gaiteiroalbino.html
http://pt.wikipedia.org/wiki/Albino_Manique

sábado, 11 de abril de 2015

OS ANGUERAS - MANANCIAL DE CULTURA GAÚCHA



OS ANGUERAS
Tudo começou em 1961, quando José Léwis Bicca chegou em São Borja vindo de Cachoeira do Sul, e que por incrível que pareça, não tinha nenhum vínculo com a cultura gaúcha. Em Cachoeira, Bicca era jogador de basquete, e ao chegar em São Borja fundou o “Clube dos Dez”, um grupo de amigos, entre eles Aparício da Silva Rillo, dispostos a praticar e divulgar o esporte pouco difundido. Compraram bolas, construíram tabelas e começaram a treinar. O 2º Regimento de Cavalaria João Manuel também tinha um time de basquete, e assim começaram a realizar jogos entre si. Na década de 60, durante a ditadura militar, os militares obviamente não admitiam perder para os civis, e a rivalidade entre eles crescia. Por algum tempo disputaram partidas, e tendo em vista a pouca adesão dos moradores de São Borja ao esporte, o time terminou, e outra vontade floresceu entre eles: o gosto pela música.
José Lewis Bicca
Numa época em que “Os Beatles” reinavam no mundo inteiro, esses jovens, contrários a cantarem em inglês, a repetir Teixeirinha ou a bossa nova carioca, decidiram fazer sua própria música, cantar seu cotidiano, sua terra e seus costumes.
A data de Fundação do grupo Os Angüeras é 10 de Março de 1962, com atuação permanente nos campos da música, do teatro, da literatura regional e da pesquisa de folclore, Os Angüreas - Grupo Amador de Arte, surgiu a partir do Departamento Cultural do chamado "Clube dos Dez". Sua primeira Formação era composta por José Lewis Bicca, Telmo de Lima Freitas, Apparício Silva Rillo, Sadi Santiago (Capincho), Darvey Orenga, Vicente Goulart e Carlos Moreno (Pimpim).
Aparício Silva Rillo
O nome “Angüera” foi idealizado por Rillo e significa “espírito que volta” ou “alma que se devolve ao corpo”.Um pouco estranho à primeira vista, mas, logo, compreensível, pois o "Angüera" guarany antes triste e caladão, virou cantador e tocador de viola, depois que os padres das Missões o batizaram e lhe deram o nome de Generoso e, assim, na mitologia missioneira "Angüera" pode ser considerado o patrono da música e da alegria gaúcha.
Com a poesia de Rillo por esteio, surgiu a primeira composição do grupo “Os Angüeras”, intitulada "Valsinha de Trazontonte" - Letra de Apparício Silva Rillo e Música de José Lewis Bicca.  
Conta-se que ao receber a letra, disse Bicca:
- Mas eu nunca fiz música.
 E Rillo respondeu:
- Não fez, mas vai fazer.
Os Angueras tem sua sede localizada na beira do rio Uruguai, em São Borja, e se destacaram também, pela organização do festival de canções regionalistas, Intitulado "Festival da Barranca", onde os participantes são selecionados por convite , mulheres não participam, por falta de infraestrutura, já que o festival é literalmente na Barranca do Rio, onde o acampamento é precário e formado por barracas, e que reúne grandes nomes do nativismo gaúcho ocorrendo sempre na semana santa.
Telmo Motta jr; Aparicio Silva Rillo; José Bicca, Miguel bicca e Pedro julião
No grupo Os Angueras, Rillo era quem fazia as letras e Bicca era o compositor das músicas. Em 1975, "Cantos de Pampa e Rio" foi lançado. Só 20 anos depois, em 1995, veio o segundo trabalho gravado, "Sinhá Querência", e o grupo Os Angueras era formado por José Lewis Bicca (direção, vocal e violão), Pedro Ayub Julião (solista e vocais), Paulo Roberto Lima (arranjos, sopros, teclado e vocal), Sérgio Wagner de Souza (violão e vocal) e Derly Azambuja Meneghetti (violão, sopros e vocal).
O Grupo Os Angueras encenou peças teatrais, realizou bailes e jantares, participou de inúmeros festivais nativistas, e dentre eles, como registro histórico, destacamos a participação no mais antigo festival de música nativista do Rio Grande do Sul - Califórnia da Canção Nativa de Uruguaiana – onde subiram ao palco para apresentar a primeira música do Festival, intitulada Andarengo. Assim, antes mesmo do surgimento dos festivais o grupo já cantava e cultuava as coisas do Rio Grande. Fazendo a construção de um belo repertório próprio, principalmente com letras de Aparício Silva Rillo e músicas de José Lewis Bicca.
Olha o dourado, que bateu no espinhel”! Assim gritou um balseiro que pescava na popa de uma velha balsa no Rio Uruguai em São Borja, esta simples frase, deu origem a uma das músicas gaúchas mais conhecidas de todos os tempos - “Traz a canoa que rio fundo não dá pé”. Completou Rillo que escreveu Cantiga de Rio e Remo e que Zé Bicca musicou.
No Rio Grande do Sul, poucas instituições conseguem sintetizar tão bem o resgate da cultura gaúcha como faz, em São Borja, o Grupo Amador de Arte Os Angüeras. O grupo foi se renovando, mas os propósitos sempre continuaram os mesmos da sua origem, há mais de meio século.
Os Angüeras - Grupo Amador de Arte, fundou, em 09 de outubro de 1982 (ano em que São Borja completou o tricentenário de fundação histórica), o "Museu da Estância". O museu é especializado na herança material advinda das estâncias e fazendas da região das Missões e da Fronteira do RS.).
        O Chamado Museu da Estância, é ou pretende ser um repositório dos móveis, utensílios, veículos e trastes em geral que amparam o curso temporal das Estâncias ou Fazendas no Rio Grande do Sul, reunindo sob seu teto todos aqueles elementos da cultura material gauchesca que, direta ou indiretamente, ajudaram o homem da região das Missões e da Fronteira, a consolidar, a sociedade pastoril - modernamente transformada em agropastoril.
Os Angueras e no detalhe Mano Lima
Apesar do número limitado de integrantes, a marca Os Angüeras, é conhecida em todo o país. São centenas de apresentações em todas as principais capitais brasileiras, apresentações por todo o Rio Grande do Sul, além de apresentações e palestras em várias universidades e festivais. Em São Borja, a trajetória de Os Angüeras confunde-se com a própria história da cidade, pela contribuição cultural oferecida. São de Rillo e José Bicca a letra e a música do Hino de São Borja.
Uma das preocupações do grupo é renovar preservando origens. 'O costume se conserva/E embora se troque a erva, não se perdem ideais', Escreveu Rodrigo Bauer na composição 'O Mate de Quem se Vai', que prestou uma homenagem para Silva Rillo, após sua morte, e que foi vencedora do Festival da Barranca no ano de 1996.
O grupo hoje, é formado pelos músicos Vantuir Cáceres, Jorge Dorneles, Marcelo Antunes e Silvanir Robalo.
Telmo de Lima Freitas
O grupo Os Angueras, não é apenas mais um bom grupo musical, como tantos outros existentes no Rio Grande do sul, Os Angueras é uma marca que pode ser utilizada como sinônimo de Cultura, nas suas mais variadas facetas. São atuantes em vários campos culturais, como por exemplo: música, dança, museu, assistência Social, folclore e ensino, só para citar algumas delas. De suas várias formações ao longo dos anos, surgiram artistas consagrados como por exemplo Mano Lima, Miguel Bicca, Telmo de Lima Freitas, e Lendas da nossa cultura como é o caso de Aparício Silva Rillo. Os Angueras fazem parte da vida de avós, pais e filhos... ultrapassam gerações difundindo e defendendo a cultura do Rio Grande, mudaram os nomes não o rumo. Que bom termos exemplos da qualidade, da importância e da grandeza do Grupo Amador de Arte – Os Angueras.