Pedro Raimundo, nasceu na cidade de Imaruí, Santa Catarina em 29 de junho
de 1906 (coincidentemente vem a ser o dia de São Pedro, padroeiro do Rio Grande
do Sul). Seu nome verdadeiro é João Felisberto Raimundo. Compositor,
Cantor, Instrumentista
e Sanfoneiro.
Nasceu em berço pobre, e seu pai,
João Felisberto, era pescador e sanfoneiro. Aos 8 anos começou a tocar sanfona.
Até os 17, trabalhou como pescador. Trabalhou na Estrada de Ferro Esplanada-Rio
Deserto, em Santa Catarina. Em 1929, mudou-se para Porto Alegre, onde trabalhou
como condutor de bondes, inspetor de tráfego, guarda-freios, maquinista de
usina, balconista e oleiro. Foi também chaveiro da estrada de ferro D. Teresa
Cristina, onde foi vítima de um acidente que lhe deixou um defeito na mão, o
que, entretanto, não o impediu de tornar-se um dos mais brilhantes sanfoneiros
do Brasil.
Segundo
Luiz Artur Ferraretto, Doutor em Comunicação e Informação, em 1935, na Rádio
Gaúcha, o poeta Lauro Pereira Rodrigues apresenta o programa Campereadas. É neste
espaço que começa a se destacar o cantor e compositor Pedro Raymundo, mais
tarde conhecido pelo epíteto “o gaúcho alegre do rádio”. Contratado em 1939
pela Farroupilha, o gaiteiro forma – com Oswaldinho, Zé Bernardes e Zico – o
Quarteto dos Tauras. O conjunto se desfaz, quatro anos depois.
No
ano de 1942 foi pela primeira vez foi ao Rio de Janeiro onde se apresentou no Show
Muraro da Rádio Mayrink Veiga e também foi se apresentar em alguns
programas da Radio Tupi. Logo
depois foi contratado pela Radio Nacional.
Na
seqüência, ainda em 1943, a Columbia lança disco com as canções “Tico-Tico no Terreiro” e o xote
“Adeus Mariana”, ambas de sua autoria.
Se
Teixeirinha foi o Rei do Disco, Gildo de Freitas o Rei dos Trovadores, Pedro
Raimundo também tinha um titulo, o de “O gaúcho alegre do rádio”.
Sua
descontração e exuberância valeram-lhe o slogan de “O gaúcho alegre do rádio”:
alternava, em suas apresentações, músicas alegres com outras sentimentais. Foi
o primeiro artista típico gaúcho a alcançar fama nacional. Apresentava-se com
bombachas, lenço no pescoço, botas, esporas, chapéu e guaiaca. Percebendo a
aceitação do seu traje regional, Luiz Gonzaga sentiu-se estimulado a
apresentar-se como sertanejo nordestino.”
O apogeu,
veio com os versos de “Adeus, Mariana” que entram para a memória musical
brasileira. Com esta canção simples e trajes típicos do Rio Grande do Sul,
Pedro Raymundo se torna, como observa Luiz Carlos Saroldi, “uma das marcas do
Programa César de Alencar”, na Rádio Nacional, então o principal programa de
auditório do país. Deste modo, constitui-se no primeiro cantor gauchesco a
ficar conhecido, graças ao rádio, fora do estado, chegando a inspirar o
pernambucano Luiz Gonzaga a adotar também vestimentas típicas – no caso, as usadas
no sertão nordestino – em suas apresentações.
A
respeito, Tonico e Tinoco recordariam em suas memórias que somente o Gonzaga,
nos anos 40, se igualava em popularidade ao “gaúcho alegre do rádio”.
Pois “o homem que varreu a tristeza do dicionário”, outro slogan com o
qual é apresentado aos ouvintes na época, aparece triste em uma velha edição da
Revista do Rádio em dezembro de 1959, ele que em outros tempos servira, no
auge, de capa à mesma publicação. Naquele ano, havia se submetido a uma
cirurgia para corrigir um desvio no polegar e ficara com a mão paralisada, o
que lhe afastaria da música durante dois anos. Na reportagem, ele reclama dos
boatos sobre o fim de sua carreira artística:
– A
maldade surgiu dentro dos corredores das emissoras. O mal de um artista é
sempre querer destruir o seu colega. Todavia, fiquem todos sabendo que voltarei
para cantar e tocar acordeão.
Aconselhado
pelos amigos a encerrar a sua carreira, Pedro Raymundo retoma suas
apresentações em 1963 na Mayrink Veiga, no Rio de Janeiro, justamente a
emissora em que se apresentara, duas décadas antes, então recém-chegado de
Porto Alegre. No mesmo ano, volta ao Rio Grande do Sul e faz uma temporada na
Rádio Gaúcha. Sem a mesma vitalidade de antes, logo transfere-se para a cidade
de Lauro Müller, onde conduz o Programa Pedro Raymundo, às seis da manhã, na
Rádio Cruz de Malta. Na mesma época, apresenta atrações semelhantes nas rádios
Eldorado, de Criciúma, e Diário da Manhã, de Florianópolis.
Em
1971, volta ao microfone da Gaúcha. Está empobrecido e demonstra um
considerável desgaste em suas apresentações. Como registram Vitor Minas e
Israel Lopes no livro Pedro Raymundo, uma das poucas biografias a respeito do
autor de Adeus, Mariana, a Teixeirinha, um dos seus sucessores no gosto do
público, dá pena, na época, o estado do gaiteiro:
–
Encontrei-me com o Pedro em um show promovido pela Rádio Gaúcha. Levei-o na
Rodoviária, no meu carro, e lá tomamos uma água tônica juntos. Falei para ele,
vendo que já não podia mais trabalhar e já quase não enxergava bem. Perguntei
se ele estava bem financeiramente para parar. Ele me respondeu que estava mais
ou menos bem, morando em Santa Catarina novamente na cidade do carvão. Estava
trabalhando, mas estava encostado no INPS e me disse que eu estava com a razão
em pedir para ele parar e ficar com o nome na história, porque o povo já não
estava aceitando ele como antes e sim o amava pelo que foi.
Dois
anos depois, no dia 9 de julho de 1973, aos 67 anos, no Hospital da Lagoa, no
Rio de Janeiro, morre de câncer o gaiteiro Pedro Raymundo, praticamente
esquecido.
Diversos
músicos com reconhecimento nacional, seguem gravando suas canções, em especial
Adeus, Mariana como: Gaúcho da Fronteira, Sérgio Reis, Tonico e Tinoco, Neto
Fagundes e Ernesto Fagundes e Osvaldir e Carlos Magrão.
Vitor
Minas e Israel Lopes na pequena biografia publicada em 1986 dentro da Coleção
Esses Gaúchos disseram:
–
Hoje, contudo, se ressuscitasse, o Gaúcho Alegre seria execrado pelos
sentinelas do nativismo, eternamente debruçados sobre o que é ou não
autenticamente gaúcho. Misturou a temática nossa com a de outros estados,
interpretava polcas, valsas, marchinhas e até baião. Sem pretender mais do que
a condição de gaúcho adotivo, cantou isso com orgulho e sentimento. Foi,
certamente, o primeiro músico que assumiu a identidade do nosso homem rural.
Pedro
Raymundo levou a figura típica do Sul do Brasil a todo país, tempos antes do
surgimento do Movimento Tradicionalista Gaúcho. Só por isto já merece ser
lembrado.
O
primeiro alvo do Gildo de Freitas em se tratando de provocações em disco, não
foi Teixeirinha. Gildo de Freitas em seu primeiro Lp em 1964 provocou Pedro
Raymundo respondendo a música “Adeus Mariana” com a canção “Que Jeito Têm a
Mariana”.
Mas
a resposta do Gildo de Freitas não deve ser interpretada como provocação, ela
deve ser vista como uma homenagem ao pioneiro cantor gaúcho Pedro Raymundo e
logicamente a resposta foi ao estilo Gildo de Freitas que todos nós conhecemos.
Para
complementar vale lembrar que na música “Sonhei Que Fui ao Céu” Gildo de Freitas volta a citar Pedro
Raimundo em uma música, dessa feita ele já era falecido e também era uma
homenagem ao Pedro Raimundo e outros cantores que já haviam falecido.
FONTE: