“Galpão, Pátria e Poesia. Três palavras consagradas, no final da madrugada se encontram pra clarear o dia, vão regendo a sinfonia de poetas e cantores, para que os madrugadores esperem o sol estribados, para alegrar nosso pago, com versos e melodias”

sábado, 29 de agosto de 2015

ERACI ROCHA

Eraci Rocha de Almeida, ou simplesmente Eraci Rocha, nasceu na cidade de TAQUARI, estado do Rio Grande do Sul, no dia 14 de novembro de 1948. É músico, cantor e compositor de música gaúcha.
A música integra a vida de Eraci Rocha desde muito cedo, sem ter a pretensão de ser cantor profissional, cantava com os amigos, por lazer, em um tempo que trabalhava como representante comercial na cidade de Taquari RS. Nesta mesma época, animava bailes em Taquari. Eraci Rocha, integrou o grupo musical de sua cidade natal intitulado UIRAPURU, palavra de origem tupi que significa pássaro ornado, pássaro emprestado, ou pássaro que não é pássaro, e cuja missão é a de presidir o destino dos outros pássaros. O seu canto é extremamente belo e quando ele emite sons musicais, todas as outras aves, como que enfeitiçadas, se calam para ouvi-lo. Eraci Rocha tem similaridade com o pássaro. Sua voz de timbre suave e extremamente afinada tem o poder de encantar as pessoas, chamando a atenção de todos para o seu cantar.
Eraci Rocha, falou sobre este momento da sua vida para uma equipe de reportagem do Jornal O FATO. Disse o seguinte: “Pensava que o canto seria uma coisa esporádica, mas tomou conta da minha vida e comecei a viajar com música. É uma coisa que domina a gente. Mas não tinha a intenção de fazer carreira de música”.
Eraci Rocha ficou conhecido no mundo da música com os Festivais Nativistas, e essa história de sucesso começou em 1981, quando encontrou-se com Dorotel Fagundes, em uma festa, onde demonstrou seu talento interpretando músicas da Califórnia da Canção, não com intenção de ser cantor profissional, mas só por prazer de cantar entre amigos. Mas foi aí que foi convidado para ingressar nos festivais nativistas.
A estreia de Eraci Rocha nos Festivais foi na Seara de Carazinho, ao lado de Elton Saldanha e João de Almeida Neto. Em outra oportunidade participou ao lado de Renato Borguetti.
Eraci rocha tomou gosto pelos festivais, e junto com outros artistas criou o “GRUPO LICHIGUANA”.
O GRUPO LICHIGUANA participou de diversos Festivais de Música nativista, aliás praticamente todos, como o Coxilha Nativista de Cruz Alta, Seara da Canção de Carazinho, Califórnia da Canção de Uruguaiana e muitos outros.
Lichiguana, que é uma espécie de vespa, que produz bom mel mas que também é muito agressiva, e resume bem o que foi a passagem desta turma nos festivais. Eraci Rocha, disse o seguinte sobre o Grupo Lichiguana: “Fomos fazendo barulho em tudo que é festival, vencendo e botando música em disco”. Em 1981, Eraci participou do primeiro Pastoreio da Canção em Novo Hamburgo e foi o melhor intérprete, depois Eraci estava na Califórnia da Canção, no outro ano na coxilha Nativista. Eraci Rocha ganhou inúmeros prêmios de primeiro, segundo e terceiro lugar, além de várias premiações como melhor intérprete.
Eraci Rocha, já era integrante de quase todos os discos dos festivais nativistas, quando gravou seu primeiro disco, “RAÇA”, pela Chantecler, gravado na ISAEC, entre agosto e setembro de 1985, com produção de Paulo Deniz, seu filho Paulinho e de Janine Rocha Fraga. Neste disco encontram-se canções que eraci classificou em festivais nativistas como por exemplo a música “Pilão”, uma das favoritas no II Musicanto, em Santa Rosa no ano de 1984. O disco “Raça” foi considerado o melhor disco individual do nativismo na década de 80, indicado pela crítica especializada no estado. Seu segundo trabalho “Dentro do Coração”, conquistou o prêmio O Disco do Ano, em 1990. O CD “Pra matar Saudade”, lançado em 2002, foi avaliado pela crítica como um dos melhores trabalhos de todos os tempos da música nativista do Rio Grande do Sul, no que tange a qualidade e produção.
Eraci Rocha, tem quase 300 músicas gravadas, com inúmeros sucessos como “Vento Norte”, “Tá Assim de Graxain”, “Nas Varandas”, “Pilão”, “Meleiro”, “Raça”, “Quando se apaga o candeeiro”, entre outras tantas.
Eraci Rocha, também participou muito de festivais como Jurado, tendo a difícil missão de Julgar seus amigos e colegas de profissão com isenção e critério.

Homem de incrível sensibilidade, aprecia a música, não somente a gaúcha, mas a música como expressão cultural da humanidade, com o mesmo talento que canta as raízes desta terra, canta a alegria do Carnaval. Aliás o Carnaval é Outra paixão de Eraci Rocha, especialmente o carnaval da Cidade de Taquari. O músico é um dos fundadores da Sociedade Carnavalesca Batutas da Orgia, e compôs três sambas para a Sociedade Carnavalesca Irmãos da Opa.
Este gosto por vários ritmos, melodias e tribos, também se refletiu nos filhos de Eraci Rocha. Um de seus filhos Guilherme de Almeida, faz parte da banda da cantora PITTY. Guilherme contou em certa oportunidade que a música sempre esteve presente na sua vida, pelo fato de Eraci Rocha ser cantor, Guilherme sempre esteve envolvido nas beiras de palcos e de festivais. Guilherme toca baixo e guitarra, mas também se arrisca no piano. Outro filho de Eraci, Tiago Bueno Almeida também é cantor e a filha Virginia Oliveira de almeida, também se arrisca como cantora, como fez por exemplo, cantando com seu irmão Tiago, a composição de Roberto Carlos “Como é grande o meu amor por você”, em homenagem a Eraci Rocha, em um evento na cidade de Taquari RS.

Mas não é só no Palco que Eraci Rocha, alcançou destaque, foi presidente do Instituto Gaúcho de Tradição e Folclore, no período de 1999 a 2002. Além disso o cantor nativista considerado um dos maiores destaques da música do estado foi presidente da ordem dos músicos do Rio Grande do Sul e vice presidente da ordem dos Músicos Nacional.
Eraci Rocha, também foi o candidato a vereador mais votado da cidade de taquari RS no ano de 1996.
Taquari, que foi berço de David Canabarro, um dos heróis farroupilhas mais importantes e influentes, e de Arthur da Costa e Silva, que governou o Brasil, também foi berço do talentoso cantor Eraci Rocha.
Atualmente, apesar de estar passando por dificuldades de saúde, Eraci Rocha tem a intenção de dar andamento no projeto que iniciou a mais ou menos a cinco anos. Um novo disco, que já reúne nove trilhas, sendo algumas composições próprias, e com arranjos do seu filho Guilherme. O trabalho deverá ganhar mais algumas canções antes de ser concluído. Além deste projeto, Eraci Rocha disse que pretende fazer um resgate das músicas das escolas de samba da cidade de Taquari.

Juarez Fonseca, que recentemente sacudiu o mundo dos festivais Nativistas com uma crítica publicada no Jornal Zero Hora, escreveu a seguinte análise na capa do segundo LP de Eraci Rocha:
“A música nativa tem revelado muitos intérpretes, mas a maioria deles tem uma identificação formal quase que exclusiva com a própria música nativista. Quer dizer: não seriam grandes intérpretes fora dela. Não é o caso de Eraci Rocha”.
Eraci possui um timbre personalizado e uma maneira aberta de cantar, uma maneira não restritiva. Sua força maior de interpretação está nas canções românticas, mas ele vai muito bem nas músicas alegres e de ritmo. Quero sublinhar com isso a opinião de que se trata de um cantor completo, dos melhores que possui o Rio Grande do Sul. Para completar, o Colunista de Zero Hora acrescenta: Eraci tem bom-gosto, seu repertório também é abrangente e como artista procura ir além dos padrões comuns do panorama em que atua.
É uma definição muito boa do que é o cantor Eraci Rocha. Talentoso, voz marcante e suave, com timbre diferenciado que confere à voz de Eraci Rocha uma espécie de “impressão digital”.
É um dos poucos artistas capazes de se aventurar em outras vertentes da música mundial, sem perder a essência da musicalidade do Sul do Brasil. Não renega e nem compara a música gaúcha com outras, mas dá a cada uma delas o devido valor e respeito. Seu talento é inegável, sua técnica é incrivelmente apurada, a música com sua interpretação cresce, fica mais bonita.
Eraci Rocha é o exemplo do Gaúcho Brasileiro, não é homem campeiro, é homem da cidade que sabe valorizar e exaltar a cultura gaúcha sem com isso menosprezar as manifestações culturais de outras regiões, coisa muito rara e elogiável hoje em dia.
Eraci Rocha é exemplo para muitos músicos, influência que é fruto da admiração que sua obra é capaz de gerar nas pessoas.
Termino citando as palavras do próprio Eraci, quando era presidente do instituto gaúcho de Tradição e Folclore, sobre a importância de preservarmos nossas raízes.

“É através da ligação com nossa história que criamos a consciência para entendermos o presente e também para projetarmos o futuro.”

quarta-feira, 26 de agosto de 2015

JUSTINO LOPES

JUSTINO DE LIMA LOPES, nasceu em 16 de agosto 1950, no terceiro distrito de Santiago (Vila florida), sendo o terceiro filho dos nove irmãos do casal Acilino Ribeiro Lopes e Itanira de Lima Lopes. Ao completar três anos veio morar em Santiago com a família, tendo fixado residência no antigo Batalhão Velho, hoje vila missões. Seu pai foi um dos pioneiros na construção do Moinho Santiaguense, prédio que hoje abriga a Cotrijuí. Justino, ainda de calça curta e tirante, já despertava para a arte da poesia, da payada e do improviso. Estudou no Colégio Manoel Abreu, na Escola Apolinário Porto Alegre e no Colégio Estadual Cristóvão Pereira, onde concluiu o antigo Ginásio.
Desde guri Justino Lopes foi voltado ao Trabalho de vendedor: vendia maçã, óleo de oliva, azeitonas e sabão contrabandeado da Argentina, sempre monitorado pelo irmão mais velho, Ataliba de Lima LOPES. No decorrer dos anos trabalhou ao lado do pai, no moinho grande e no engenho de arroz. Na mesma época também ajudava sua mãe numa pequena leiteria, entregando leite para as famílias Viero e Silveira, entre outras. Os amigos e familiares chamavam-no e ainda o chamam de “Nezinho”.
Seus conhecimentos campeiros  foram forjados como peão na Estância da Várzea, que era de propriedade do Sr. Cirilo Silveira, onde  aprendeu a lavrar, carretear, transportar milho em espiga e lidar com tambeiros; nessa época, tamb´pem fez sua primeira tropeada. Ao completar dezoito anos, sentou praça no Exército Brasileiro e serviu à pátria durante dois anos e meio no quarto RC, atual nono Batalhão Logístico. Após dar baixa do exército, trabalhou na Cooperativa Tritícula e no Posto Esso, o Posto do Nery. Posteriormente retornou ao interior, tendo trabalhado na Estância da Figueira, Fazenda da Glória e Paredão, de propriedade da Senhora Amélia Rocha Visintainer, onde se aprerfeiçoou nas lidas campeiras. Quando já trabalhava por conta, representando a indústria Rhodia Produtos Veterinários, já se destacava como declamador, trovador e guitarreiro. Junto com seu mestre e amigo Jaime Medeiros Pinto, participou de vários congressos Tradicionalistas, Rodeios I nternacionais e Festivais de música Nativista. Foi Jaime Pinto quem o incentivou a cultivar e a repassar a tradição da nossa gente às novas gerações. Nesse universo de riquezas culturais e muita sede de viver, seu mundo resumia-se numa rodada de guitarra, na payada, na poesia ou num canto de aporfia. Com a parceria de seu irmão ATALIBA DE LIMA LOPES, Justino cantou o rio Grande com galhardia e altivez.

Fez parte da invernada artística do CTG coxilha de Ronda, realizando palestras em várias escolas do município principalmente na semana farroupilha, e foi um dos fundadores do Grupo Nativista Os Tropeiros, entidade que hoje é uma das maiores do Rio Grande do Sul.  Por volta de 1978, o Conjunto OS QUERAS composto por Miguel Marques, Juarez Severo e Nilda Severo, gravou suas primeiras letras “SONHO COM A ESTÂNCIA” e “SANTIAGO, MINHA TERRA”, que acabou dando nome ao LP.
Suas letras, musicadas por vários artistas parceiros,  foram exitosas em vários festivais do nosso Rio Grande. Entre elas podemos citar:
RINGINDO BASTOS, uma parceria com JORGE GUEDES, vencedora da primeira aldeia da Canção Nativa em Gravataí.
QUANDO OS TOUROS SE APARTAM, uma parceria com MIGUEL MARQUES e LUIZ CARLOS RANOFF, vencedora do décimo primeiro Ponche Verde da Canção Gaúcha em Dom Pedrito;
DA TROPA, parceria com Nilton Ferreira e Eduardo Marques, vencedora da Linha Bugio, no sétimo aparte da Querência do Bugio, em São Francisco de Assis;
QUANTO TEMPO VIVERÁS, parceria com NenitoSarturi e Leonardo Sarturi, segundo lugar da décima nona Gauderiada da Cação Gaúcha em Rosário do Sul;
NO TILINTAR DAS PEDRAS, parceria com JORGE GUEDES, e Eduardo Marques, segundo lugar da décima segunda Vigília do Canto Gaúcho em  Cachoeira do Sul.
Justino Lopes, é admirador dos payadores, JAYME CAETANO BRAUN e ATAUALPA YUPANQUI, dos cantores Noel Guarani e José Larralde e do declamador Marco Aurélio Campos.
Justino Lopes é casado  com a Senhora Lorêni Monteiro Lopes e desse união nasceram três Filhos: Jusêni Monteiro Lopes, Halber Monteiro Lopes e Halder Monteiro Lopes. Possui grande apego à familha, aos amigos e a propriedade rural que administra no sexto distrito de Santiago, denominado TAQUAREMBÓ.
Suas horas de lazer são dedicados à poesia, escrevendo letras para composições musicais que premiadas ou não nos eventos musicais que participa ou inseridas nos discos dos cantores e conjuntos gaúchos, encantam pela sensibilidade e bom gosto deste verdadeiro defensor da cultura gaúcha  que é Justino de Lima Lopes.
Justino Lopes, possui a inquietude, a força e a garra característicos do homem gaúcho das missões. O sangue missioneiro impulsiona sua produção artística. Seu linguajar campeiro é repleto de palavras oriundas de um vocabulário que hoje quase se desconhece. Suas composições possuem temas extremamente  ligados ao  cenário rural do nosso estado. A doma, o índio, a lida de campo, o bochincho e a defesa dos ideais missioneiros.

Um defensor ferrenho da nossa cultura, um destes palanques que sustentam a tradição do nosso rio grande um declamador talentoso e que não se exime de tomar posição firme e definida, característica que um missioneiro já traz no sangue.

sábado, 22 de agosto de 2015

SADI MACHADO

SADI SILVEIRA MACHADO, conhecido popularmente como SADI MACHADO, Radialista, Poeta e Payador. Nasceu na localidade de Engenho Velho, 4º Distrito de São Francisco de Assis, na beira do Rio Jaguari Mirin, local onde só se escutava o ronco do bugiu, (símbolo da cidade), e ainda segundo Sadi, “o sol, só ao meio dia, por conta da geografia da localidade”. Nesse local viveu até seus nove anos de idade. Depois mudou-se para o Rincão dos Luzes, localidade também pertencente a cidade de São Chico.
Sadi teve dez irmãos, dos quais quatro meninas e seis meninos. Filho de Pedro Monteiro Machado, de quem herdou o dom da trova e da payada. Pataquero, o Velho Pedro gostava da farra, do trago, e nessa harmonia o verso aflorava.
Aprendeu a fazer conta riscando nas cinza do borralho, ao mesmo tempo em que se pai lhe ensinava os versinhos de quatro linhas.
Frequentou o colégio da Tia Chica até o terceiro ano do primário, aprendendo apenas segundo ele “os biete” e as quatro operações matemáticas. Leitura male male, mas o tempo se encarregou do resto.
A professora Chica, lhe marcou muito, inclusive escreveu uma música em sua homenagem.
“Professora Chica sua mãos de fada, que esbanja ternura passando dever, mostra com ternura a lossa desbotada, e as primeiras letras ensinado a ler”.
Nas festas de igrejas do interior, já ficando moçito, usando lenço, bota e bombacha Sadi, sempre tava pela copa animando, lugar propício para os apreciadores de um bom vinho crioulo e da trova. Foi aí que segundo ele incentivavam para que trovasem de improviso. “Agora tu vai ver – diziam – vou buscar o guri do compadre Pedro”, com esse pedido e mais uma "gazoza", Sadi se entreverava e a cada verso a platéia se animava e fortalecia o iniciante trovador. Os versos eram quebrado, mas o público valorizava, aplaudia e vaiava os adversários o que o deixava “loco de faceiro”.
Mais tarde especializando-se aprendeu como era a rima, como era compor os versos e os desafios.

O treinamento foi peculiar, não teria outra forma mais original de aprendizado a não ser no dia-a-dia, e inclusive com os bois de canga que carreteava e lavrava as lavoura da família, - fazia de conta que um boi trovava para o outro e o que perdia chamava de podre de tudo que vinha na mente, tudo para praticar e desenvolver esse dom, que muitas vezes era surpreendido por pessoas que passavam por perto e gritavam “tu ta louco Machado véio”.
Sadi Machado foi forjado na lida, no linguajar que seu pai usava, a linguagem de campanha, aquela bem gaúcha.
O Sadi artista segundo ele se dá muito mais pelo seu jeito despojado, engraçado, extrovertido e popular.
A primeira composição gravada de autoria do Sadi Machado foi“Remendos de Saudade” ou “nanica carijó” ou ainda “cadela preta”, Sadi lembra que foi seu amigo Barbela, - um dos idealizadores do Festival da Música Crioula de Santiago - que sempre esteve pronto a lhe ajudar na divulgação de suas obras no festival.
O Sadi no rádio iniciou por volta do fim da década de 70, de tanta vontade que tinha de declamar suas poesias e dizer que essas eram “de sua marca”, expressão que sempre ouvia outros payadores estufarem o peito antes das declamações. Lembra também que nesse momento Ataliba de Lima Lopes, o “Nego Ataliba” como carinhosamente o chama, já estava no caminho dos grandes payadores, recitando nada menos que “Testamento” de “Jaime de Medeiros Pinto”. E isso segundo Sadi lhe deu mais vontade ainda – e um pouco de ciúme - de realizar seu sonho de falar suas poesias em um microfone de Rádio.
Sadi não escrevia, tinha tudo guardado na mente, suas poesias estava adormecidas, porém um certo dia levou sua composição “Vida de bulicheiro”, - que retrata a sua vida pois, já era um comerciante na cidade de Santiago – até a Rádio Santiago e mostrou a letra para Milton Carlos Mesquita e Valter Leiria, que apresentavam na Rádio Santiago das 9 às 10 hs, o Programa “Camperiando”. Depois de algumas recomendações, Sadi realizou se sonho deixando os locutores impressionados com a qualidade da composição. Passado alguns dias o publico solicitava a cópia da poesia e ainda que o moço voltasse a declamar no Programa, uma nova oportunidade para Sadi.
Severo & Nilda, tinham programa “festa na querência nas tardes da Rádio Santiago, e apartir de então passou também a declamar e trovar em um circo, que se apresentava na cidade e arredores, Unistalda e Itacurubi. E daí então iniciando a carreira de payador.
Lembrou sadi que em uma oportunidade Moraizinho se apresentou no circo, e fez um desafio, ficaria para outro dia se tivesse um trovador, Sadi levantou no meio da platéia, arremangou seu pala e aceitou o desafio. Na noite seguinte o desafiu se concretizou.
Francisco Vargas, grande músico gaúcho, frequentava o bolicho do Sadi seguidamente, pra comer murcilha, torresmo e um bom vinho crioulo. Local onde cantavam muito, juntamente com Baitaca entre outros grandes artistas.
Sobre os festivais Nativistas, Sadi lamenta que muito do amor pelo pago, do apego pelos preceitos gaúchos e aquela paixão de cantar as coisas do rincão tenham quase que desaparecido, disse que “vinte anos a trás se escrevia a composição, hoje se produz as composições”, as composições marcantes, que a letra traduzia o campeiro, o domador, o guasca, desapareceu e o dinheiro trouxe a modernidade.
Em 1983, participou da Tertúlia Nativista de santa Maria, como letrista, apresentando a letra “Quitandeira” com nada menos que Miguel Marques e Eurides Nunes, que estiveram em seu bolicho e criaram a melodia na hora.
Juliano Lopes, lembrou que Sadi marcou sua infância junto com seu pai Ataliba em festivais que disputavam sendo muitas vezes adversários mas, que terminado o evento a amizade prevalecia.
Sadi é sábio, possui o dom da rima, coisa rara hoje, ele canta pelo amor, pelo apego aos costumes, lamenta que o apego popular antigamente visto nos festivais tenha se perdido na burocracia e nos orçamentos elevados que se necessita para que seja viável a realização dos festivais. Hoje não e mais pelo amor aos costumes gaúchos.
O rádio é para Sadi um atrativo a parte, lembra ele que na sua infância tomavam banho e ficavam na expectativa do pai ligar o rádio para ouvir um determinado programa. Era uma hora sagrada e qualquer barulho que fizessem o pai colocava para fora da sala. A música Sertaneja foi uma referencia no rádio para Sadi, quando se ouvia cantores como Zé Furtunae Pitangueira.
O Programa Rodeio Curinga apresentado na rádio Guaíba de Porto Alegre, também foi uma referência para Sadi Machado, apresentado por Darci Fagundes. Onde escutava no rádio do Tio Delfino, que chantageava os sobrinhos fazendo debulhar milho, destalar fumo durante a semana para ter direito de ouvir no seu rádio o programa.
Além da Rádio Santiago, Sadi Machado teve programa na Rádio Iguaçu FM, (atual Nova 99), e sempre acompanhava Barbela, em seus programas que tinhas nas Rádios de Santiago.
Sadi possui um linguajar bem humorado.
Lembrando de suas referência na música Sadi lembra de Jaime Medeiros Pinto, que lhe oportunizava apresentações em tertúlias e outros eventos.
Na escrita teve a ajuda de OraciDormenles, que sempre foi um crítico de sua obra, tendo a sabedoria para identificar uma obra de qualidade, lembra ainda, que certa vez Sadi levou algumas letras para que Oraci apreciasse e ele honestamente, disse essa aqui a “tapera” é uma letra de fundamento e essas outras aqui tu pega rasga e queima, lembrou Sadi, que desde então teve muito mais critério para apresentar uma letra.
Na música os principais parceiros foram Miguel Marques, Eurides Nunes, Nenito Sarturi, Francisco Vargas, Grupo Liberdade Gaúcha e tantos outros.
Lembra que no Festival Gruta em Canto de Nova Esperança do Sul,  Sadi quis se apossar do troféu de mais popular, isto ocorreu porque um amigo mentiu para o Sadi Machado antes da entrega dos troféus que ele tinha ganho, o que não era verdade.
Sadi Machado destaca como declamadores de destaque no cenário atual,  Adair Lançanova, Ataliba L. Lopes, JustinoLopes.
Já como cantor Sadi Machado gosta de ouvir Nenito Sarturi e Miguel Marques.
Atualmente Sadi Machado apresenta o Programa “de Bota e Bombacha”, na rádio 87.9 FM e se constitui numa realização pessoal, pois tem os netos ao seu lado.Sadi Machado que atualmente está com uma certa dificuldade de locomoção, situação que enfrenta com a mesma coragem e bom humor que são sua marca pessoal. O seu programa, usando as palavras do próprio Sadi Machado é como uma Sobrevida, pois chega de cadeira de roda, mas lá, enquanto está interagindo com os ouvintes como que por mágica fica são.
Sadi Machado, fez um alerta para que as novas gerações, tenham o cuidado de filtrar o que escutam no rádio ou olham na televisão, pois o modernismo acelerado está matando a nossa cultura. Os mais experientes, que são os responsáveis em transmitir aos mais novos a nossa cultura estão retraídos, sufocados pela enxurrada de influências que deturpam a verdadeira cultura gaúcha. Com a sabedoria de quem viveu no campo e o talento de um grande e autêntico compositor, Sadi Machado é uma referência do que podemos chamar de camperismo puro, vertente quase extinta mas muito importante da nossa música.
Pode estar certo Sadi Machado, que o programa GALPÃO, PÁTRIA E POESIA, também comunga da mesma vertente autêntica da nossa música e também defendemos a mesma Bandeira.



sábado, 8 de agosto de 2015

NENITO SARTURI

NENITO SARTURI, nome artístico de José Ataídes Sarturi. Nasceu na cidade de Santiago, no dia 2 de janeiro de 1957, Filho de Oralino Sarturi e Adélia Possa Sarturi.
Formado em Direito e Jornalismo pela UFSM, exerceu sua carreira como Delegado de polícia, e ainda é: radialista, cantor e compositor de música nativista gaúcha. Trabalhou em diferentes rádios no Rio Grande do Sul: Atuou nas Rádios Planalto, em Passo Fundo; Medianeira, Guarathan, Nativa e Imembuí em Santa Maria; Municipal, em São Pedro do Sul; e Rádio Iguaçu (atual, Nova 99) em Santiago; atualmente produz e apresenta o programa dominical “Cantos de Pampa e Querência”, pela Rádio Verdes Pampas FM de Santiago.
Iniciou a carreira artística em 1979, concorrendo em festivais de música nativista gaúcha, nos quais foi vencedor por diversas vezes. Parceiro de grandes nomes da música gaúcha como Gaúcho da Fronteira, Osvaldir e Carlos Magrão, Luiz Carlos Borges, João de Almeida Neto, Miguel Marques, Beto Caetano e Wilson Paim, entre muitos outros.
Em mais de trinta e cinco anos de carreira, tem cerca de 1.000 músicas gravadas. Em 1992, lançou o livro de poemas "Nacos de apego". Em 1995, lançou o primeiro disco, o LP "Rumos", gravado com o grupo Os tropeiros. No mesmo ano, gravou com o grupo Os campeadores o CD "Toureando a sorte". Dois anos depois, lançou o CD "No Braseiro da Saudade", com destaque para as músicas "A trote", "Manhãs", "Num bordonear de milonga" e "Um pito".
Em 1998, gravou o CD "Cantigas de Serra e Campo", do qual constam músicas como "Cantiga de serra e campo", "Quando as rocas se calam", "Poncho e paz", "Peão de tropa" e "Ao pé do braseiro".
Em 1999, lançou dois discos: o CD "Da pura cepa crioula", e "Caminheiros", este último, em parceria com a cantora Analise Severo.
No CD "Caminheiros" destacam-se as composições "Partida", "Primavera de sonhos", "Caminheiros" e "No encanto da Gruta". Ainda em 1999, teve as músicas "Papai Noel mora bem pertinho", com Lauro Soares e Wilson Paim, e "Natal campeiro", com Wilson Paim, gravadas no CD "Natal gaúcho", lançado por Wilson Paim.
Em 2001, lançou, pela Raro Discos, o CD "Pra ouvir e dançar", do qual constam as músicas "Cordeona", "Trincheiras", "Vaneira da restinga", "Costeando estrelas", "Bailanta" e "Dom Cacho".
Em 2004, teve a vaneira "Estrela cadente", a guarânia "Na mesa de um bar", e o vanerão "Fandango em Unistalda", parcerias com Beto Caetano, gravadas no CD "Vida, cordeona e canções", lançado por Beto Caetano pela USA Discos. Nesse ano, lançou o CD "Caminhos de Santiago", pela Sonare Discos, em que se destacam as músicas "Santiago do coração", "Quando o Eurides tocava", "Santiago, terra dos poetas", "Aureliano vive", "Santiago, minha terra", "Prosa de pampa e rio" de Ataliba de Lima Lopes e "Terra de artistas", Entre outras.
Em 2007 lançou o CD “Relíquias do Cancioneiro Gaúcho”, resgatando clássicos de grandes compositores gaúchos, como Teixeirinha, Gildo de Freitas, José Mendes e Cenair Maicá, entre outros.
Em 2009, lançou o Álbum Duplo intitulado “Nenito Sarturi – 30 Anos de Música Gaúcha”. O CD 1 (Nenito Sarturi, O Intérprete) mantém a linha de resgate de clássicos da música rio-grandense, de autoria dos grandes compositores gaúchos; já o CD 2 (Nenito Sarturi, O Compositor) traz músicas de autoria de Nenito Sarturi em parceria com vários compositores gaúchos.
Em 2010 lançou o Cd “O Melhor de Nenito Sarturi – Volume 1”, contendo os seus principais sucessos; em 2011 lançou o CD “O Melhor de Nenito Sarturi – Volume 2”, outra coletânea que segue na linha de resgatar as suas melhores músicas na opinião da crítica.
Em 2013 lançou o CD “Mapa do Rio Grande”, acompanhado pelo Grupo Manancial, que o acompanha nos Shows e Fandangos atualmente. Este CD traz composições alegres e dançáveis, mostrando a linha da música autêntica, de raiz, que Nenito tem procurado priorizar fazendo Shows e animando Fandangos por todo o Brasil e até no exterior.
Foi vencedor e recebeu premiações na grande maioria dos festivais de música do Rio Grande do Sul; venceu por diversas vezes o Festival Encontro das águas, realizado de forma itinerante no Paraná (Brasil), Argentina e Paraguai; além disso, participa e foi vencedor do FestiLivre, Festival realizado anualmente na cidade de Santa Rosa Del Monday, no Paraguai.
Entre outras distinções, Nenito Sarturi recebeu o Título de Cidadão Benemérito de Santiago e Menção Honrosa da Câmara Municipal de vereadores de Santiago pelos relevantes serviços prestados à Segurança Pública; também é detentor da honraria como Colaborador Emérito do Exército Nacional nas cidades de Santa Maria e Santiago.
Nenito Sarturi também faz parte da Calçada da Fama, em Santiago: As mãos do poeta, compositor e músico estão eternizadas no espaço honorífico “calçada da Fama”, na Praça Moisés Viana.

Para Nenito, a chamada Música Nativista é a mais importante contribuição cultural surgida no Século XX, dando vaza ao surgimento de inúmeros compositores, cantores e grupos musicais, além do florescimento de uma gama enorme de festivais, alguns deles longevos e grande parte ainda existentes.
Nenito afirma que Foi nos festivais nativistas que, encontrou ambiente para divulgação e reconhecimento do seu trabalho como compositor e intérprete. Portanto, Nenito Sarturi, considera de enorme importância a mantença e incentivo aos festivais, os quais dão palco a tantos artistas que, sem eles, não teriam adquirido a notoriedade e o espaço para amostragem de seus trabalhos.

NENITO SARTURI TAMBÉM FALOU QUE o Festival da cidade de Santiago-RS, está com o projeto para a realização aprovado pela Lei de Incentivo à Cultura do estado do RS, mas encontra dificuldade para captação dos recursos junto às empresas patrocinadoras.
Nenito Sarturi é destes poucos homens que dominam várias faces da cultura gaúcha. Grande compositor, também é cantor, pesquisador, e músico. Homem culto, estudado, mas que sabe escutar e compreender o linguajar campeiro. Sua obra, alia duas peculiaridades que são muito raras de serem encontradas juntas. Qualidade e quantidade. Como produtor e apresentador de programas gaúchos imprime sua marca. Uma voz forte e uma sensibilidade músical rara nos dias de hoje.
 A melodia, a harmonia musical, a mensagem a ser transmitida na música, a rima, a afinação, são levados em conta na hora de escolher o repertório tanto para shows, quanto para tocar em seu programa de rádio. Nenito é homem que valoriza a qualidade, e é esta qualidade que ficou eternizada em obras como Um Pito e Caminheiros por exemplo, e que rendeu a honra de estar eternizado na calçada da fama, de Santiago RS, conhecida e reconhecida como a terra dos poetas.

CONTATOS PARA SHOWS:
55.9971.2726;
55.3251.1917;

DISCOGRAFIA:
(2013) Mapa do Rio Grande, com o Grupo Manancial - CD
(2011) O Melhor de Nenito Sarturi – Volume 2 - CD
(2010) O Melhor de Nenito Sarturi – Volume 1 - CD
(2009) Nenito Sarturi – 30 Anos de Música Gaúcha (Álbum Duplo) - CD
(2007) Relíquias do Cancioneiro Gaúcho * Sinuelo Produções
(2004) Caminhos de Santiago • Sonare Discos • CD
(2001) Pra ouvir e dançar • Raro Discos • CD
(1999) Da pura cepa crioula • CD
(1999) Caminheiros • CD
(1998) Cantigas de Serra e Campo • CD
(1997) No Braseiro da Saudade • CD
(1995) Toureando a sorte - com o grupo Os campeadores • CD
(1985) Rumos • LP

FONTE:

sábado, 1 de agosto de 2015

RÁDIO SANTIAGO, "A PIONEIRA" NA TERRA DOS POETAS, 64 ANOS

A Rádio Santiago foi criada com o fim educativo e recreativo pelo Ministério da Viação e Obras Públicas, Serviço de Radiodifusão, através da publicação no Diário Oficial da União efetuada em 6 de abril de 1951, último ato das diferentes etapas de sua oficialização.

A inauguração oficial ocorreu no dia 31 de julho de 1951, tendo então a Rádio Santiago seu canal concedido na frequência de 1.590 KHZ. Mais tarde, por concessão do órgão competente, a requerimento da direção, passou a funcionar em 1.540 KHZ. O primeiro transmissor utilizado foi da marca Cacique tipo 5445 com a potência de 100 watts.

A emissora permaneceu algum tempo fechada por deficiência da energia elétrica na cidade. Serviu-se de geradores da então Viação Férrea Riograndense e posteriormente, obrigou-se a instalar geradores próprios para poder servir com mais qualidade seus ouvintes.


A emissora da Comunidade venceu todos esses desafios, integrou-se na comunidade em todos os sentidos, nos setores educacionais, esportivos, sociais, políticos e religiosos, sempre colaborando, difundindo, tornando-se porta voz das boas idéias e ideais do povo santiaguense.

Ao longo de sua existência, a Rádio Santiago passou por várias modificações, sempre no afã de melhor servir. As lutas empreendidas, dificuldades vencidas, tiveram o comando dinâmico e idealista de Jaime Medeiros Pinto, falecido no Dia das Comunicações, 5 de maio de 1987. Jaime Pinto pertencia a direções das seguintes emissoras: Rádio Guarathan de Santa Maria, Rádio Integração de Restinga Seca, Rádio Osório de Osório, Rádio São Luiz de São Luiz Gonzaga e Rádio Getúlio Vargas da cidade Getúlio Vargas.

Inspirado no dinamismo de seu diretor proprietário, Jaime Pinto, a Rádio Santiago continuou na busca de novas conquistas. Pela portaria 0168 de 28 de abril de 1989, teve aprovado projeto de alteração de sua frequência para 1230 KHZ, com a maior torre na região centro-oeste do Estado em sua frequência, com 100 metros de altura.

Na década de 90 a Rádio Santiago continuou investindo em tecnologia e em modernização de suas instalações, tanto na qualificação de seus profissionais, como na melhoria de seu sinal e um intenso trabalho buscando a qualidade de atendimento aos seus clientes, além de incremento em sua atividade social, de utilidade pública e de prestação de serviços.

Integrante desde o ano de 1996 da Rede Gaúcha Sat, a maior rede de emissoras do Sul do Brasil, a Emissora da Comunidade recebeu o novo milênio com a expansão de seu alcance, aumentando sua potência para 4 quilowatts, autorizados no ano 2000 através de uma Portaria do Ministério das Comunicações.


Hoje, a Emissora da Comunidade também conhecida como emissora da Integração Regional e no ano de 2004, com o objetivo de maximizar seus serviços, melhorar as condições de trabalho para seus funcionários e proporcionar um melhor aproveitamento de espaços em sua programação, a Rádio Santiago triplicou sua estrutura de informática, implantando um sistema de rede interativo e digitalizando definitivamente seu sistema operacional. A emissora está inserida dentro de um novo contexto na comunicação radiofônica, onde a prioridade é, cada vez mais, a satisfação do ouvinte e o apoio determinante para o desenvolvimento regional. Em 2006 a Emissora integrou-se na era digital e atualmente pode ser acessada em qualquer lugar do planeta através do site www.radiosantiago.com.br.

Essa é a homenagem do Galpão, Pátria e Poesia à RÁDIO SANTIAGO 1230 KHZ, A PIONEIRA na TERRA DOS POETAS.



FONTE: www.radiosantiago.com.br.