Luiz Carlos Barbosa Lessa, nasceu no dia 13 de dezembro de 1929,
na localidade denominada “Cerro do Galdino”, nas imediações da histórica vila de Piratini (capital
farroupilha), hoje cidade de Piratini-RS. Foi um folclorista, escritor,
músico, advogado e historiador brasileiro.
Devido
à dificuldade para cursar uma escola regular, teve de aprender as primeiras
letras e as quatro operações matemáticas com sua própria mãe, a qual, ao se
improvisar de professora, também lhe ensinou teoria musical, um pouco de piano,
e inclusive, uma novidade na época, a chamada datilografia. Indo cursar o
ginásio na cidade de Pelotas (Ginásio Gonzaga).
Aos
doze anos fundou um jornal escolar "O Gonzagueano", em que publicou
seus primeiros contos regionais ou de fundo histórico. E também fundou o
conjunto musical significativamente denominado "Os Minuanos. Pretendia se
especializar em música regional gaúcha mas, por inexistência de repertório Naquela
época, teve de se conformar com o gênero sertanejo e um tanto de música urbana
brasileira.
Para
cursar o segundo grau colegial, transferiu-se para Porto Alegre, ingressando no
Colégio Júlio de Castilhos.
Aos
dezesseis anos de idade já colaborava para uma das principais revistas
brasileiras de cultura a "Província de São Pedro" e obteve seu
primeiro emprego como revisor e repórter da "Revista do Globo".
No
ano seguinte participou da primeira Ronda Crioula/Semana Farroupilha, munido de
um caderno de aula para coletar assinaturas de eventuais jovens que se
interessassem pelo assunto, tomou a iniciativa para a fundação do primeiro
Centro de Tradições Gaúchas (CTG), o "35".
Nesta
agremiação ele retomou seu interesse pela música regional e, na falta de repertório,
foi criando suas primeiras canções, tais como a toada "Negrinho do
Pastoreio" - hoje um clássico da música regional gaúcha.
Nos
anos 1950, começou a dirigir um programa sobre música regional da Rádio
Farroupilha.
Formou-se
em Direito pela Faculdade de Direito de Porto Alegre (UFRGS), 1952.
Formou
com seu amigo Paixão Côrtes uma RECONHECIDA dupla de pesquisadores, realizando
o levantamento de resquícios de danças regionais e produziu a recriação de
danças tradicionalistas. Resultado dessa pesquisa da dupla foi o livro didático
"Manual de Danças Gaúchas" e o disco long-play (o terceiro LP
produzido no Brasil) e "Danças Gaúchas", na voz da cantora paulista
Inezita Barroso.
Mudou-se
para São Paulo, onde, em contato com Inezita Barroso, passou a fazer divulgação
de danças gaúchas em programas de rádio. No mesmo ano publicou a tese "O
sentido e o valor do tradicionalismo". Na mesma época, trabalhando com
Paixão Cortes, recolheu diversos temas folclóricos gaúchos, entre os quais
"O anu", "Balaio", "Chimarrita balão",
"Maçanico", gravadas no ano seguinte. Publicou ainda com Paixão
Cortes o segundo "Manual de danças gaúchas".
Compôs
tema regional gaúcho para o filme "O sobrado", de Walter George
Durst. No mesmo ano publicou a comédia regional "Não te assusta Zacaria",
representada pelo Grupo Folclórico Brasileiro, no Teatro São Pedro, em Porto
Alegre colhendo aplausos também
nas cidades de Curitiba e São Paulo.
Teve
o xote "Chimarrita cafuné" e o rasqueado "Feitiço índio"
gravados pela dupla Cascatinha e Inhana.
Gravou
o "lenço branco entrevero no jacá", feito em parceria com Danilo
Vidal, também gravada no mesmo ano pelo Conjunto Farroupilha, e a missioneira
"18 de junho", de sua autoria e José Manzano Filho. No mesmo período,
Carla
Diniz e Carlito Gomes gravaram "Andarengo" e o madrigal
"Quero-quero".
Compôs
para o filme "Paixão de gaúcho", de Walter George Durst, as
composições "Terra morna", "Generoso" e "Feitiço
índio". Publicou o livro de contos regionais "O boi das aspas de
ouro" e "Primeiras noções de teatro" para professores e
estudantes de curso avançado.
Entre
1958 e 1960, viajou do Amazonas ao Rio Grande do Sul recolhendo composições do
folclore. No mesmo período promoveu diversos shows com o grupo "Titulares
do Ritmo".
Publicou
o romance regional "Os guaxos" e, "Estórias e lendas do
Rio Grande do Sul".
Em
1962, a peça teatral sobre o folclore paulista "A rainha de
Moçambique" foi publicada e representada pelo TEFA, Teatro do Estudante
Francisco Alves, em São Paulo. No mesmo ano produziu o disco "O Rio Grande
do Sul ou o gaúcho canta", com o grupo Titulares do Ritmo, e promoveu no
Centro de São Paulo uma feira de arte popular reunindo artistas de todo o
Brasil.
Voltou
a Porto Alegre em 1974, já como especialista em Comunicação Social, tendo
trabalhado na Mercur Publicidade e Companhia Riograndense de Saneamento,
CORSAN. Aposentou-se como jornalista em 1987.
Foi
Secretário Estadual da Cultura, tendo então idealizado para Porto Alegre um
centro oficial de cultura acadêmica, que veio a pré-inaugurar em março de 1983:
a Casa de Cultura Mário Quintana.
Publicou,
em "Porto Alegre: terra gente" e "Usos e costumes gaúchos".
Em
1979, foi a vez de "O gaúcho ontem e hoje", e, no ano seguinte,
"Problemas brasileiros, uma perspectiva histórica", em dois volumes.
Publicou
"Calendário histórico-cultural do Rio Grande do Sul"; e, "Rio
Grande do Sul - Prazer em conhecê-lo"; e em parceria com Paixão Cortes,
"Aspectos da sociabilidade do gaúcho".
Ao
se aposentar mudou-se com sua mulher para Camaquã onde mantinha uma pequena
reserva ecológica, dedicando-se à produção artesanal de erva-mate e plantas
medicinais. Teve dois filhos: Guilherme e Valéria.
Em
2002 foi lançado pelo selo ACIT o CD "Barbosa Lessa: 50 anos de
música", trazendo entre outras, a toada "Negrinho do pastoreio",
a dança tradicionalista "Balaio", com Inezita Barroso, "Milonga
do moço velho" e o xote "Aroeira", com Luiz Gonzaga.
Teve
destacado nome na música popular e na literatura. Dentre suas músicas, sempre
de cunho gauchesco, destacam-se "Negrinho do Pastoreio",
"Quero-Quero", "Balseiros do Rio Uruguai", Levanta,
Gaúcho!", "Despedida", bem como as danças tradicionalistas em
parceria com Paixão Côrtes.
E
numa bibliografia de cerca de cinqüenta títulos, destacam-se os romances
"República das Carretas" e "Os Guaxos" (prêmio 1959 da
Academia Brasileira de Letras), os contos e crônicas de "Rodeio dos
Ventos", o ensaio indigenista "Era de Aré", a tese pioneira
"O sentido e o Valor do Tradicionalismo", o ensaio "Nativismo,
um fenômeno social gaúcho", "Mão Gaúcha, introdução ao artesanato
sul-rio-grandense", o álbum em quadrinhos "O Continente do Rio
Grande" (com desenhos de FLávio Colin) e os didáticos "Problemas
brasileiros, uma perspectiva histórica"", "Rio Grande do Sul,
prazer em conhecê-lo", e "Primeiras Noções de Teatro". Também os
dois volumes do Almanaque do Gaúcho. A canção de Barbosa Lessa foi cantada por dezenas de intérpretes, entre
eles Inezita Barroso, Leopoldo Rassier e a dupla Kleiton & Kledir.
Ao
fundar o primeiro CTG (Centro de Tradições Gaúchas) do mundo, o “35 CTG”,
deu-se origem à sistematização do Movimento Tradicionalista Gaúcho e à sua
disseminação além fronteiras do Rio Grande do Sul e até do Brasil, já que há,
inclusive, um CTG em Tóquio no Japão.
Barbosa
Lesssa faleceu no município de Camaquã, em 11 de março de 2002, por sua vontade
foi sepultado no cemitério do núcleo urbano piratiniense, local que já recebeu
e receberá inúmeras homenagens e visitações.
Barbosa Lessa é destes homens que transformam as
manifestações artísticas em cultura, são pessoas como ele que fazem as raízes
de um povo firmarem. Foi importante não só para a cultura gaúcha, mas para a
cultura brasileira. Barbosa Lessa imortalizou a cultura e foi imortalizado pela sua grandiosa obra.
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