“Galpão, Pátria e Poesia. Três palavras consagradas, no final da madrugada se encontram pra clarear o dia, vão regendo a sinfonia de poetas e cantores, para que os madrugadores esperem o sol estribados, para alegrar nosso pago, com versos e melodias”

sábado, 28 de março de 2015

TELMO DE LIMA FREITAS

Telmo de Lima Freitas, nascido em 13 de fevereiro de 1933, na cidade de São Borja. é um dos maiores nomes da música gaúcha, além de cantor, compositor, arranjador, poeta, é um grande conhecedor da lida e da vida do campo.
Filho do oficial do exército Leonardo Francisco Freitas e de Mariana de Lima Freitas, Telmo desde cedo demonstrou que seguiria a carreira musical. Aos dois anos de idade, estampou a capa da Revista Cacimba tendo na mão um cavaquinho, presente de sua madrinha. Mais tarde,em 1942, ganha seu primeiro violão  de cordas de aço, no qual passa a tocar modas de viola de duplas sertanejas como Tonico e Tinoco e Alvarenga e Ranchinho. Gostava também de Catulo da Paixão Cearence, Vicente Celestino e de Polcas Guaranis.
Aos 14 anos, participou do grupo Quarteto Gaúcho com Jaime Fagundes ao violão, Glênio na gaita de boca e Lulu no Pandeiro. Tocavam em bailes e festividades.
Nos anos 50, apresentou o programa gauchesco Porongo de Pedra, na Rádio ZYFZ-Fronteira do Sul, de São Borja. Um fato, digamos pitoresco ocorreu quando da visita de Pedro Raymundo. Entrevistado por Telmo, o então Famoso cantor manifestou preocupação com a fama de violência da região de São Borja. Telmo o tranquilizou, argumentando que não era bem assim, que poderia tocar com segurança e "talicoisa". Na entrada do baile, houve uma grande peleia, um "buchinco" grosso, onde um sujeito foi baleado.
 Telmo venceu em 1957, um concurso de gaita de botão no programa "grande Rodeio Coringa"da Rádio Farroupilha, dirigido por Darcy Fagundes e Luiz Menezes.
No cinema, participou do filme A Lenda do Boitatá.
No ano de 1963, Telmo de Lima Freitas, passou em um concurso para agente da Polícia Federal, e no ano seguinte assume a chefia da Interpol no RS. Até 1968, tem suas músicas gravadas por José Mendes sob o Pseudônimo de "Caraguatá", porque seu nome não podia ser divulgado. Em 1969, participou do primeiro Festival de Música Regionalista da Rádio Gaúcha, retomando a carreira artística. Telmo participou da primeira Califórnia da Canção Nativa de Uruguaiana (1971), que é considerada a Mãe dos Festivais, onde classificou duas músicas no disco: Retorno, e o Clássico da música Gaúcha Prece ao minuano que foi interpretada por Edson Otto.
Telmo sempre teve estreita relação com a Califórnia, tendo várias composições gravadas neste festival, como, por exemplo: Pelegueando, Pilão D'Água, Encurtando Distâncias, Serenata, Linha da Vida. Em 1979, ganhou a "Calhandra de Ouro" na nona Califórnia da Canção com a Composição Esquilador. Mas o grande Telmo de Lima Freitas, também teve êxitos em outros vários festivais de música Gaúcha, como a Coxilha de Cruz Alta , Grito do Nativismo Gaúcho de Jaguari RS, Ronco do Bugio de São Franciso de Paula, Ronco do Bugio, de São Francisco de Assis, entre outros.
Sua participação em festivais, não se restringiu a apenas participar como concorrente, por várias ocasiões Integrou o corpo de Jurados.
Telmo já ministrou várias palestras para alunos desde o ensino fundamental até estudantes universitários. Em seus shows, o estilo campeiro, simples, e a exaltação da nossa tradição na sua face mais crua, mais terrúnea fica sempre evidente.
Em 1973, lançou seu primeiro disco, intituladoO Canto de Telmo de Lima Freitas.” Morou durante anos em Uruguaiana e outras cidades do interior como por exemplo Itaqui, durante 4 anos aonde se aposentou como agente da policia Federal.Rio Grande do Sul.
Em 1980, lançouAlma de Galpão, produzido de maneira independente e financiado pelo grupo Olvebra.
Com o álbumA Mesma Fuça”, recebeu o Troféu Açorianos em duas categorias: Melhor Compositor e Melhor CD Regional. É autor do livro de poesias crioulas "De Volta ao Pago", lançado pela Gráfica e Editora Treze de Maio.
Em 2006, Telmo gravou uma compilação de sua discografia, denominada Aparte, com a participação de seus familiares e de antigos parceiros, como Joãozinho Índio, Luiz Carlos Borges e Paulinho Pires.
Resumir a trajetória artística de Telmo de Lima Freitas é tarefa muito difícil, pois, além de vasta a obra de Telmo é muito qualificada, para exemplificar o que digo, cito as inúmeras composições de  sua autoria que figuram nas seleções das melhores músicas do nosso estado: Bolicho do Tio Candinho, Cantiga de Ronda, Defumando Ausências, Esquilador, Morena Rosa, Prece ao Minuano, Prenda Minha e Canto do Entardecer. Telmo de Lima Freitas  já teve como parceiros na música nomes como Edson Otto, Os Serranos, Os Posteiros, César Passarinho, Dorotéo Fagundes, Porca Véia, Fátima Gimenez, João de Almeida Neto, Dante Ramon Ledesma, entre outros.
Telmo de Lima Freitas, segundo Paixão Cortes, não precisa falar sobre Cultura tradicional Gaúcha, porque ele é a própria. Tudo o mais que se possa dizer sobre ele é menor do que esta frase. Autenticidade é a marca deste compositor, cuja obra foi crucial para o repertório de vários artistas. Telmo faz com a simplicidade de quem nasceu e cresceu integrante da paisagem campeira, obras que constituem um verdadeiro Patrimônio da música Tradicional gaúcha.
Sobre os festivais, Telmo disse em certa oportunidade, que sempre tiveram uma grande importância, principalmente porque projetaram jovens musicistas, compositores e poetas que começaram ali as suas carreiras. Sobre os precursores da música gaúcha, Telmo, citou em uma entrevista que considerava Pedro Raymundo o precursor e mais tarde os Irmãos Bertussi. Sobre os CTGs Telmo sentencia: Os CTGs, tiveram um início maravilhoso. Uma carta de princípios feita pelo Glaucus Saraiva. Hoje em dia, 90% nem sabe mais o que é isso. Viraram clubes de bailes. Inclusive cobram para orientar os sócios. Se a pessoa leva um filho adolescente para aprender as coisas da tradição, tem que pagar. Até para dar um tiro de laço nm cavalo de pau é preciso pagar. Eu não concordo com isso. Virou um comércio em vez de culto à tradição.
A essência gaúcha que faz de Telmo um homem representativo de sua terra, também é chamada, volta e meia, de conservadorismo. Dependendo do ponto de vista, isto pode até ser verdadeiro. Mas não é justamente o apego à tradição que faz do Rio Grande uma unidade tão diferenciada do resto da Federação? O tipo de "conservadorismo" proposto por Telmo está muito mais ligado à preservação do que à reação ao novo. Não se pode querer que um homem como ele, que encarna toda uma vivência ligada à tradição, dê-se à extravagância da modernidade. É bom que fique sempre firme e altaneiro, como um marco, um farol aos navegantes que buscam as suas origens. Que sempre possamos ter, referenciais, como o Telmo, a demarcar os caminhos por onde passaram os "tropeiros" da nossa cultura, para que as futuras gerações não percam o gosto, nem se distanciem dos princípios que norteiam a construção e a conservação da cultura gaúcha.

Discografia
1973 - O Canto de Telmo de Lima Freitas












1994 - De Marcha Batida












1980 - Alma de Galpão













2000 - A Mesma Fuça












2002 - Carteio da Vida











2006 - Aparte












Acervo Gaucho

De Pé no Estribo

Poesias











Rastreador

Tempos de Praça













FONTE:
http://entremateseguitarra.blogspot.com.br/2013/02/telmo-de-lima-freitas-mais-um-ano-de.html

quarta-feira, 25 de março de 2015

O PRIMEIRO ESTABELECIMENTO DE ENSINO NO RIO GRANDE DO SUL

O governador do Rio Grande do Sul JOSÉ MARCELINO DE FIGUEIREDO, no dia 02/02/1778, na ALDEIA DOS ANJOS (Atual Gravataí) o “Colégio das Servas de Maria”, inicialmente previsto para educar apenas meninas indígenas, mas logo depois recebendo um anexo para a instrução, também de garotos. Esta escola para crianças indígenas foi o primeiro estabelecimento de ensino do Rio Grande do Sul.
Como professora foi nomeada D. Gregória Rita Coelho de Mendonça, que tinha a seu favor, entre outras virtudes, o perfeito conhecimento da língua guarani. Como salário passou a perceber uma ração diária de carne e farinha, mais 30 patacas por mês (9.600 réis).
Registros de 1784 informam que, naquele ano, a escola contava com 23 alunas e 20 alunos.
Referindo-se à pioneira, D. Gregória Rita Coelho de Mendonça, escreveu a professora Maria Porto:

“Árdua deve ter sido a sua tarefa. As pequeninas índias recebiam, a par da instrução, ensinamentos vários de utilidades caseiras. Por muitos anos derramou as luzes de seu saber entre as meninas que lhe foram confiadas. Mais tarde, sem meios de subsistência, extinta a escola, viu-se a braços com a miséria. Seus últimos dias foram de negro abandono e de indigência. Faleceu, em Porto Alegre, em um sótão da Rua da Igreja, onde abrigara, por esmola de alguém, as últimas horas de uma vida de abnegação e de trabalho. Seu nome ficou, porém. Será o nome tutelar das mestras do Rio Grande do Sul. Devemos-lhe, nós, a quem está confiada a educação da infância, repeti-lo com carinho, cerca-lo da nossa admiração e da nossa respeitosa estima. E o seu espírito patriótico, ligando duas raças que se fundiram para a formação de nosso povo, deve pairar, como um símbolo de abnegação e de beleza moral, sobre as nossas almas”.


sábado, 21 de março de 2015

21 DE MARÇO - DIA INTERNACIONAL CONTRA A DISCRIMINAÇÃO RACIAL

No dia 21 de março de 1960, na cidade de Joanesburgo, capital da África do Sul, 20 mil negros protestavam contra a lei do passe, que os obrigava a portar cartões de identificação, especificando os locais por onde eles podiam circular.

No bairro de Shaperville, os manifestantes se depararam com tropas do exército. Mesmo sendo uma manifestação pacífica, o exército atirou sobre a multidão, matando 69 pessoas e ferindo outras 186. Esta ação ficou conhecida como o Massacre de Shaperville. Em memória à tragédia, a ONU – Organização das Nações Unidas – instituiu 21 de março como o Dia Internacional de Luta pela Eliminação da Discriminação Racial.
O Artigo I da Declaração das Nações Unidas sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial diz o seguinte:
"Discriminação Racial significa qualquer distinção, exclusão, restrição ou preferência baseada na raça, cor, ascendência, origem étnica ou nacional com a finalidade ou o efeito de impedir ou dificultar o reconhecimento e exercício, em bases de igualdade, aos direitos humanos e liberdades fundamentais nos campos político, econômico, social, cultural ou qualquer outra área da vida pública"
O racismo se apresenta, de forma velada ou não, contra judeus, árabes, mas sobretudo negros. No Brasil, onde os negros representam quase a metade da população, chegando a 80 milhões de pessoas, o racismo ainda é um tema delicado.
Para Paulo Romeu Ramos, do Grupo Afro-Sul, as novas gerações já têm uma visão mais aberta em relação ao tema. “As pessoas mudaram, o que falta mudar são as tradições e as ações governamentais”, afirma Paulo. O Grupo Afro-Sul é uma ONG de Porto Alegre, que promove a cultura negra em todos os seus aspectos.
Segundo o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento – PNUD – em seu relatório anual, "para conseguir romper o preconceito racial, o movimento negro brasileiro precisa criar alianças e falar para todo o país, inclusive para os brancos. Essa é a única maneira de mudar uma mentalidade forjada durante quase cinco séculos de discriminação”.


Aproveite esta data para refletir: você tem ou já teve atitudes racistas?

FONTE:
http://www2.portoalegre.rs.gov.br/pwdtcomemorativas/default.php?reg=3&p_secao=59

GILDO DE FREITAS "O TROVADOR DOS PAMPAS"

LEOVEGILDO JOSÉ DE FREITAS, mais conhecido como: GILDO DE FREITAS nasceu em 19 de Junho de 1919 no bairro Passo d`Areia, na cidade de Porto Alegre, filho de Vergílio José de Freitas e de Georgínia de Freitas, foi um cantor, trovador, músico e compositor.
Gildo começou trabalhar muito cedo, aos 8 anos já puxava uma carreta carregada com frutas pela vizinhança. seu pai era Castelhano, Um sujeito mui difícil, então se nada vendia levava uma surra do velho Vergílio. Gildo tinha quatro irmãos (Juvenal, Alfredo, João José e Manoel José) e quatro irmãs (Maria Ledorina, Maria Geraldina, Maria José e Maria Esmeraldina).
Esteve na escola apenas por seis meses (o nome da sua professora é Dona Paulina) a escola era onde é hoje o estádio do São José de Porto Alegre. Desde os 12 anos volta e meia fugia de casa. Certa vez descobriu uma cancha de carreira em Canoas e se ofereceu para cuidar dos Cavalos e depois para cantar e tocar gaita, instrumento que aprendeu a manusear em casa de maneira autodidata com a gaita do seu irmão Alfredo.
Gildo comprou sua gaita 8 baixos apenas quando tinha vinte anos.
Por volta dos 16 anos já era praticamente imbatível nos versos, aprendeu com outros trovadores da época tais como Inácio Cardoso, Genésio Barreto, Zezinho Fagundes, Bena Brabo. Mas seus companheiros de trovas eram Felindro Pinto de Oliveira e Otávio Martim.
Aos 18 anos Gildo de Freitas animava bailes em diversos Locais da Região Metropolitana e um desses bailes foi interrompido no meio da noite pela policia. Otavio 17 anos, amigo de Gildo responsável pela música juntamente com o Gildo era um guri esquentado. Reagiu a ordem dos Milicos dizendo que não iriam parar com o som coisa nenhuma. Os PMs não admitiram ter suas ordem não obedecida. O clima esquentou, garrafas , cadeiras voaram para todos os lados e Otavio acabou baleado. Ao ver a queda do amigo, Gildo resolveu se entregar. Terminando com as brigas imaginou que o parceiro receberia atendimento logo. Acabou sendo pior, dominado apanhou ainda mais. E ao ser informado da morte do companheiro, revoltou-se tanto que jamais conseguiria encarar um homem fardado sem reagir de forma virulenta.
Por essas e por outras se diz que Gildo de Freitas, gaiteiro, trovador, poeta popular e um grande brigão jamais entrou em pé em uma delegacia. Em todas às vezes (foram varias) que foi preso precisou ser arrastado para a cadeia e por muitos policias.
Politizado, assim que se tornou conhecido no meio regionalista ele se integrou aos comícios de campanha de Getulio Vargas, Leonel Brizola, João Goulart, Alberto Pasqualini entre outros ilustres trabalhistas.
Passou a usar sua música e seu talento nos desafios de trova em prol no que ele acreditava. A trova era a arma para defender seu ponto de vista e do ponto de vista dos fracos e oprimidos. Em seus últimos anos de vida uma das atividades que ele mais praticava era a distribuição de comida aos pobres. Essa faceta social é bem visível nas músicas que compôs e nos improvisos do repente gaudério tal qual nas músicas “vida brava” e até mesmo no clássico “Eu reconheço que sou um grosso” e “Infância Pobre” entre outras.
Gildo era hábil tanto ao falar sobre o que conhecia, como filosofia campeira, boêmia e casos de amor, quanto ao abordar assuntos aparentemente estranhos a ele , como misticismo, fantasmas, o mundo dos sonhos e até o movimento hippie. Exemplo disso é a música “Prova de Repentista” do Lp ‘De estância e estância.’ A música começa com um locutor anunciando Gildo de Freitas e pedindo que a platéia desse o tema para os versos do Gildo e saltou logo um gaiato pedindo versos para a vovozinha debochando da capacidade do Gildo em fazer versos pra a vovozinha, o locutor partiu na defesa do Gildo mas como não seria diferente o Gildo de Freitas disse que faria os versos e cantou para a Vovozinha em improviso e deu uma lição no rapaz. Assim era Gildo de Freitas fazia versos sobre qualquer assunto, pessoa, tema, situação. Prova maior que era o maior repentista não do Brasil, mas do Mundo.
Era o improviso a marca de Gildo de Freitas e a partir dessa lógica ele falava e fazia versos sobre o que lhe desse na telha...
Em 1941 o Gildo casa com dona Carminha e passa a ter morada fixa em Canoas, mas continuam os contratempos com a policia.
Gildo e Dona Carminha tiveram 5 filhos: Jorge Tadeu, Neuza de Freitas, Paulo Hermenegildo, José Cláudio e Leovegildo José.
Mas a década de 40 reservava muito sucesso ao Gildo, as trovas aqui no Rio Grande do Sul virou moda a partir de 1930 e dominavam festas, bailes, bares e programas regionalistas de rádio, desde os precursores, lançados pelo poeta Lauro Rodrigues, até os grandes hits da Gaúcha e Farroupilha como o Grande Rodeio Coringa. Havias artistas metidos a repentistas por todos os lados e um público cada vez maior e mais dispostos a avaliá-los entretanto Gildo já se destacava entre eles. Passou a freqüentar os espaços mais nobres dedicados a trovas e ganhar a vida com isso. Apesar de estabelecido em Canoas com Carminha, Gildo não costumava passar longas temporadas em casa. Ganhar a vida com trovas significava viajar por todo estado, apresentando-separa o publico do interior grande consumidor dos desafios de repente Gaúderio.
Era freqüente Gildo encontrar novos parceiros nas rodas de trova no mercado Publico da Capital- que situava-se próximo aos estúdios da Radio Farroupilha e servia de ponto de encontro dos músicos regionalistas- e com eles partir em viagens Rio Grande adentro. As aventuras incluam shows, desafios, brigas e muitas outras fanfarronices- e também o leite das crianças, que nesse tempo ficavam em casa com sua mulher.
Por volta de 1948/1949 desaparece de casa e chega a ser dados como morto na capital gaúcha mas reaparece na fronteira gaúcha. Em longa temporada passada no Alegrete, mal consegue caminhar, com problema de paralisia nas pernas. Em uma comemoração de eleição em Alegrete é carregado em uma cadeira para se apresentar já que não consegue caminhar. Mas não impediu contato com pessoas ilustres do Rio Grande do Sul e fronteira Oeste, como Salgado Filho, Rui Ramos, Dr. Salvador Pinheiro Machado.
Salgado Filho gostou tanto do Gildo e de seus versos que lhe prometeu passagens áreas para qualquer lugar do Brasil.
Em São Borja em 1950 conhece Getulio Vargas e entra em sua campanha política e por essa aproximação a policia para de perseguir, depois de ser detido umas quarenta vezes ao longo da sua vida até então mas orgulhoso por jamais ter entrado em pé em uma cadeia.
E em 1953/1954 Gildo conhece Teixeirinha(1927-1985). Com quem estabeleceu entre 1955/1959 o que o artista mais popular do estado chamaria bem ao seu jeito de “uma parceria completa, dessas em que se mergulha de pé, barriga e cabeça”. Sobre essa parceria, Nico Fagundes em depoimento ao jornal Zero Hora, escreveu que um duelo de versos entre Gildo de Freitas e Teixeirinha podia durar horas e muitas vezes ficava sem vencedor. Um depoimento que mostra que Teixeirinha também era um exímio repentista. Mas Teixeirinha ficou famoso como cantor e compositor e Gildo ganhou fama como trovador.
Com o declínio dos programas de radio ao vivo em 1961/1962, o Gildo de Freitas resolve largar a profissão de Trovador e resolve criar porcos. Mas como seu talento era para a música e repentismo e não para criação de suínos em seguida larga a vida de criador de porco e volta a lidar com trova e músicas. A música “Cobra Sucuri” de sua autoria e que Teixeirinha gravou em um Lp de 1963, “Teixeirinha Interpreta músicas de Amigos” chama a atenção do produtor da gravadora de nome “Pereira” e o Gildo é convidado a gravar um disco.
Em 1964 viaja a São Paulo para gravar o primeiro Lp, “Gildo de Freitas o Trovador dos Pampas” com clássicos como “Acordeona”, “Baile do Chico Torto”, “Historia dos Passarinhos” e “Que Jeito têm a Mariana”. Alias antes de provocar o Teixeirinha, Gildo com a música “Que Jeito têm a Mariana”, provocou Pedro Raimundo.
Já em 1965 lança o segundo Lp “O Trovador dos Pampas -Vida de Camponês” entre outras músicas estava “Baile de Respeito” que é a primeira música gravada pelo Gildo em provocação ao Teixeirinha.
Mantendo o ritmo é lançado o terceiro Lp “Desafio do Padre e o Trovador”, onde Gildo trovou com o então Padre Rubens Pillar (Que no fim dos anos 60 inicio de 70, largou a batina e casou, e foi Prefeito de Alegrete por 3 mandatos, e deputado estadual), ainda tinha outros sucessos como “Definição do Grito” e também a presença de uma resposta ao Teixeirinha.
Gildo estava então atingindo o sucesso, muitas viagens mas volta e meia precisava ficar hospitalizado devido aos problemas nas pernas e no pulmão.
Em 1968 chega o quarto Lp “Gildo de Freitas E Sua Caravana” e segue as provocações e respostas ao Teixeirinha.
Em 1969 é lançado o quinto Lp “De Estância em Estância” com mais uma provocação ao Teixeirinha “Resposta da Milonga” uma provocação ao sucesso do Teixeirinha que era “Milonga da Fronteira” e a briga estava chegando ao auge e o sucesso dessa tática era evidente pois até hoje essas trocas de versos gera repercussões.
A década de 70 marca o auge de Gildo de Freitas e as brigas com Teixeirinha começam a esquentar não mais sendo tática para vender discos e sim provocações de verdade. Entre 1970 e 1980 ele grava mais oitos Lps entre ele sucessos como o “Ídolo e Rei do Improviso”. Mas seguem as complicações de saúde e até capa de disco ele fotografou em Hospital e reza a lenda que até Baile fez para a doentada animando o Hospital.
Em 1977/1978 é inaugurada a churrascaria Gildo de Freitas em Viamão e nesse tempo ainda existia o Rodeio Gildo de Freitas onde os peões tinha que provar que eram bons para ficar em cima dos cavalos “velhacos” como o Gildo mesmo dizia.
Em 1981 ele grava o Lp “Rei dos Trovadores” e segue os contratempos com a saúde a briga com Teixeirinha é amenizada um pouco mas não impediu a “Resposta da Adaga de S”.
Em 1982 são realizadas a ultima gravação, trata-se do Lp “Figueira Amiga” pela gravadora continental com a ultima provocação ao Teixeirinha com a música “Que negrinha Boa” e claro com a música “Figueira Amiga”. Em novembro de 1982 é levado aos estúdios da RBS TV por Antonio Augusto Fagundes e Ivan Trilha para sua ultima aparição pública em um Galpão Crioulo, além do apresentador Nico Fagundes estava as gauchinhas missioneiras e os Serranos. Foi a ultima oportunidade de ver Gildo de Freitas, sua última apresentação e talvez a única onde se viu ele debilitado e conformado.
Mas sua trova final foi em São Borja em data e local desconhecido. Essa trova ficou conhecida como “Mensagem Final” que está em um Cd de nome “Rodeio Gildo de Freitas – Mensagem Final” da gravadora Usa Discos lançado em 2001, nessa apresentação fez versos em uma apresentação de mais de oito minutos praticamente se despedindo.

....eu não vim pra essa terra
Pra dar pesar pra ninguém
Eu queria cantar sorrindo
E ver vocês sorrindo também....

...Eu vou parar não roubo espaço
Porque têm outros valores
Que são assim que nem eu
Nasceram para ser cantores.

Morreu em 4 de dezembro de 1982 e foi sepultado dia 6 dezembro em Viamão no cemitério velho.
A lei estadual 8814, de 10 de janeiro de 1989, essa lei fixa o 04 de dezembro como o DIA DO POETA REPENTISTA GAÚCHO e do ARTISTA REGIONAL GAÚCHO. E seus patronos Gildo de Freitas e Teixeirinha respectivamente.
Gildo de Freitas é um dos artistas mais populares da história do regionalismo gaúcho. A partir da trova, uma das manifestações folclóricas mais antigas do Estado, construiu sua fama e criou um estilo que influenciou e continua influenciando centenas de compositores, intérpretes e grupos. Sem exagero, pode-se dizer que grande parte da atual música gauchesca tem um pouco (ou muito) de Gildo de Freitas.

DISCOGRAFIA EM VIDA

GILDO DE FREITAS - O TROVADOR DOS PAMPAS
 


GILDO DE FREITAS - O TROVADOR DOS PAMPAS
VIDA DE CAMPONÊS











O DESAFIO DO PADRE E O TROVADOR











GILDO DE FREITAS E SUA CARAVANA











DE ESTÂNCIA EM ESTÂNCIA
VIDA DE CAMPONÊS











ZEZINHO & JULIETA











GILDO DE FREITAS - REI DO IMPROVISO











GILDO DE FREITAS











GILDO DE FREITAS E SEUS CONVIDADOS











O ÍDOLO - GILDO DE FREITAS












GILDO DE FREITAS E OS TAYTAS
GAUCHADA DE SUL A NORTE












GILDO DE FREITAS












GILDO DE FREITAS - MAIS SUCESSOS











GILDO DE FREITAS - O REI DOS TROVADORES











FIGUEIRA AMIGA











FONTE: