“Galpão, Pátria e Poesia. Três palavras consagradas, no final da madrugada se encontram pra clarear o dia, vão regendo a sinfonia de poetas e cantores, para que os madrugadores esperem o sol estribados, para alegrar nosso pago, com versos e melodias”

sábado, 7 de março de 2015

ATALIBA DE LIMA LOPES, O idealizador do GALPÃO, PÁTRIA E POESIA



Ataliba deLima Lopes, nasceu no dia 09 de março de 1949, no distrito de Florida, numa localidade próxima das Quatro Bocas , município de Santiago RS. Segundo filho de nove irmãos do casal Acelino Ribeiro Lopes e de Itanira de Lima Lopes. Antes de completar cinco anos de idade, veio juntamente com seus pais morar em Santiago, tendo fixado uma singela residência no antigo Batalhão Velho, hoje Vila Missões.
 Na mesma época era dado início à construção do Moinho Grande, prédio que pertence a Cooperativa Regional Tritícola Santiaguense Ltda., onde seu pai foi um dos pioneiros na construção e mais tarde no próprio moinho, tendo por isso ali fixado residência, Ataliba, ainda minguado, já despertava para a poesia e arte da venda, vendendo maçãs, óleo de oliva, azeitona e o conhecido sabão federal contrabandeado da Argentina. Atendia pela alcunha de Guri, como, ainda é chamado pelos familiares.
No decorrer dos anos trabalhou juntamente com seu pai no Moinho Grande, cuidando a moagem de trigo e no engenho de arroz. Começou seus estudos no Colégio Manuel Abreu, onde foi sua primeira professora a Senhora Ada, mais tarde entrou no Grupo Apolinário Porto Alegre e por fim no Ginásio Estadual Cristóvão Pereira, no então curso ginasial. Forjou seus conhecimentos campeiros, como peão na Fazenda da Várzea de propriedade do Sr. Cirilo Silveira. Carreteou no transporte de lenha e porco gordo, para venda no então Povo de Santiago.

Sentia toda a liberdade campesina, nos fins de semana, quando encilhava um baio cabos negros e praticava algumas escaramuçadas pela região. Ao completar dezoito anos, sentou praça no Exército Brasileiro, onde fez parte da Fanfarra do QG da 1ª DC, onde aprendia instrumentos de sopro e era o pratilheiro da banda.
Ao dar baixa, tomou o rumo de Porto Alegre, onde morou por Três anos, desempenhando a função de motorista particular e participava de gravações de programas radiofônicos na Rádio Farroupilha, juntamente com Darci Fagundes. Regressando a Santiago, trabalhou, na Prefeitura Municipal, na empresa Gecy J.T. Messina Ltda, na Nicola Máquinas e Implementos Agrícolas. Depois fundou juntamente com Sergio Perufo a empresa Triângulo Ltda, que funcionou por longos anos, mais tarde abriu uma revenda de carros usados e atualmente é sócio proprietário juntamente com seu filho Juliano Finamor Lopes da empresa Imobiliária Ataliba Ltda.
            No mundo musical, Ataliba, acompanha, desde tenra idade as riquezas cultrais do Rio Grande do Sul. Sempre foi um admirador dos versos de “aporfia”, no qual contava como parceiro, o seu irmão Justino de Lima Lopes, que também é um seguidor do mesmo pensamento poético. Seus primeiros versos foram influenciados pelo grande amigo, poeta e tradicionalista Jaime Medeiros Pinto, época que participou ativamente de reuniões, congressos tradicionalistas, eventos culturais por todo o estado, para consolidação e disseminação do Movimento Tradicionalista Gaúcho. É um dos Fundadores do GRUPO NATIVISTA OS TROPEIROS.
          Participou da Invernada Artística do CTG Coxilha de Ronda, Fez palestras para os alunos da PUC – Porto Alegre, no tema “Costumes Fronteiriços e Missioneiros”, assunto que domina com uma certa dose de maestria.
            Conforme texto do PROFESSOR DOUTOR PEDRO BRUM SANTOS, há no Ataliba Lopes, uma face pública, popular mesmo. Radialista, que já atuou, inclusive em emissoras da capital e que por longos anos tem apresentado programas gauchescos em sua cidade, o autor acumula homenagens e premiações como letrista, intérprete, poeta  e declamador. Entendido nas expressões da trova, da payada, enfim, da poesia gauchesca e da arte missioneira, aproveita desses conhecimentos para alimentar sua produção poética.
          
Hermínia, Ataliba Lopes, Adelar Bertussi
 
Os versos de Ataliba falam da tradição da erva mate, do ofício de melar, de imagens de pescaria, da tradição do pilão d’água. Em outros momentos, evocam a figura da amada, da terra natal, e do gaúcho missioneiro. A variedade se completa com as visões bem-humoradas que contaminam alguns poemas já a partir do próprio título. São os casos de Dor de dente, Rancheira do bugio e Namoro com bolo frito, para citar apenas três.
            A variedade temática e os apelos singulares do conteúdo, todo ele marcado por forte expressão telúrica, atualizam-se no plano formal, com o uso de recursos rítmicos que tornam a poesia facilmente cantante e demonstram seu evidente apelo musical. Nesse aspecto são salientes as estrofes regulares, a frequência dos estribilhos e de rimas finais, sobretudo emparelhadas e intercaladas, ao modo da tradição oral pajadoresca.
            Com todos esses recursos temáticos e expressivos, a poesia de Ataliba parece indissociada da figura do artista que Santiago admira e reconhece, justamente porque vê nele um dos seus. Dizendo melhor: um tipo que, na imaginação popular, se confunde com uma ancestralidade própria da região, que fincou funda a raiz histórica da formação do extremo sul brasileiro. Referimo-nos ao pampeano, ao habitante mais tradicional da grande pampa, este espaço geográfico que ultrapassa as fronteiras política dos países, e onde o “gaucho” vive soberano. Neste espaço fronteiriço, dor de dente se trata com tição na cara, bugio dança rancheira, erva mate é um totem reverenciado e recolher mel de abelha é ofício sagrado.
            Com tal apelo e reconhecimento popular, a poesia de Ataliba filia-se a uma tradição cultural rio-grandense que encontra na música e na dança sua face mais expressiva.  Suas obras são expressões funcionais associadas ao trabalho, aos hábitos e costumes, influenciadas por manifestações orais remotas, essas produções atualizam esses temas primitivos e os modificam de acordo com os gostos, as situações e mesmo o vocabulário da atualidade. Com  o Ataliba, estamos, pois, no campo da poesia e da música gauchesca tradicional.
            Ataliba foi considerado o “DONATA DA REGIÃO”, por Antônio Augusto Fagundes, por reunir certa bagagem e ter uma alma pura e limpa, que teima em permanecer altivo e forte na defesa de sua cultura.
Ataliba Lopes, o apresentador de Festivais
            Sua primeira composição gravada foi Lida de Peão, em 1982, pelo grupo Os Mateadores.
            Ataliba tem músicas gravadas por diversos artistas, como por exemplo, os Mateadores, Beto Caetano, Os Monarcas, Eraci Rocha, Porca Véia, entre outros.Uma de suas composições foi executada em Portugal, onde Décio Olviedo cantou Sonho Povoeiro. Mas sem dúvida a composição mais conhecida de sua autoria é Namoro com Bolo Frito, gravada e regravada por vários artistas, e que também faz parte do acervo musical selecionado pelo Galpão Crioulo.
            Ataliba de Lima Lopes, também é um exímio comunicador de rádio, já apresentou programas radiofônicos na radio Farroupilha em Porto Alegre,  na rádio Santiago,  na rádio Uri Fm,  na rádio Verdes Pampas Fm, e Rádio Sin Fronteiras em Santo Tomé, na Argentina. Como radialista, acumula vários prêmios, onde destacamos o prêmio Giuseppe Garibaldi, premiação recebida na PUC de Porto Alegre, na categoria melhor radialista, pelo trabalho cultural prestado à nação.
           
            Em 2003 foi denominado o apresentador oficial do Festival Internacional de Chamameceros na cidade de São Luiz Gonzaga RS, evento que contou com a participação de artistas oriundos do Brasil, Argentina, Uruguai e França.
            Nas horas de Lazer, Ataliba afia o sentido poético, na fumaça de um fogo de chão, ao som de uma gaita de oito baixos, em um galpão tradicional, localizado em sua residência na cidade de Santiago RS e que já foi palco para gravações de inúmeros programas de tv, encontro de músicos, programas de rádio ao vivo e palestras ministradas pelo próprio Ataliba Lopes e geralmente tendo como público os alunos da rede Estadual e Municipal de ensino da Cidade de Santiago RS.
            Ataliba de Lima Lopes, é um poeta autêntico, radialista, declamador, criador e incentivador de eventos culturais como a Noite Missioneira, pajador, conhecedor da matéria que canta, homem que valoriza e defende a história e a tradição cultural do Rio Grande do Sul.


CRONOLOGIA( RETIRADA DO LIVRO 03 DO PROJETO SANTIAGO DO BOQUEIRÃO SEUS POETAS QUEM SÃO?)
1949 – 09 de Março. Nasceu em Florida, 3° distrito de Santiago. Filho de Acilino Ribeiro e Itanira de Lima Lopes.
1955 – Ingressou na escola Manoel Abreu.
1957 – Produziu os primeiros versos “de pé quebrado”, inspirado no pai, o qual incentivava as trovas dele com o irmão Justino de Lima Lopes.
1958 – Estudou na escola João Evangelista e depois ingressou no Ginásio ( atual escola Professor Isaías ).
1967 – Prestou serviço militar no Quartel General. Responsável pelo Departamento de Danças do CTG Coxilha de Ronda.
1969 – Mudou-se para Porto Alegre e trabalhou de motorista.
1970 – Programa de rádio com Darci Fagundes na Rádio Farroupilha de Porto Alegre.
1973 – Trabalhou na Prefeitura Municipal de Santiago como motorista. Participou do grupo que se reunia ao lado da Igreja Matriz para fundar o Grupo Nativista Os Tropeiros no qual atuou como Patrão.
1974 – Casou-se com a Sra. Maria Hermínia da Jornada Finamor, com quem tem 2 filhos – Juliano (1977) e Marília (1988) – dois netos (Vitória e Ângelo). Trabalhou junto á prefeitura municipal como um dos colaboradores do Mobral no município.
1977 – Participação no disco de “Os Guapos”, declamando o poema Testamento de Jaime Pinto. Pela gravadora ISAÉ.
1978 – Trabalhou no grupo Nicola no setor de implementos agrícolas.
1982 – Primeira letra gravada, Lida de Peão, pelo grupo Os Mateadores.
1985 – Montou o escritório Triangulo com o Sr. Sérgio Perufo.
1987 – Inaugurou o Brique do Ataliba e mais recentemente a Imobiliária Ataliba.
1989 – Ingressou na Rádio Verdes Pampas, permanecendo por 18 anos apresentando programas gaúchos: Versos, Pampa e Guitarra, Galpão e Querência. Apresentou por 4 anos, programa na Rádio Sin Fronteira de Santo Tomé, na Argentina.
1991 – Os Monarcas gravaram Xote da Saudade. Hoje a música mais popular desse artista. Vencedor do Balaio da Poesia Crioula de Santiago.
1994 – Participou do 7° Festival da Música Crioula de Santiago com a letra Sonho Povoeiro – que foi destaque até em Portugal em uma apresentação de Délcio Olviedo.
1995 – Participou do 8° Festival da Música Crioula de Santiago com a música Namoro com Bolo Frito. Música muito popular.
1998 – Participou do 11° Festival da Música Crioula de Santiago com a letra Meleiro. Promoveu uma campanha para arrecadar um caminhão de alimentos que foi enviado para o Nordeste que sofria com a seca.
1999 – Apresentou a música Rancheira do Bugio no 12° Festival da Música Crioula de Santiago.
2002 – Na fazenda do Dr. Rui Giessinguer entrevistou Nico Fagundes que o considera o “Donata” da Região.
2003 – Denominado apresentador oficial do Festival Internacional de Chamameceros de São Luís Gonzaga, evento esse que envolve Argentina, Brasil, Uruguai e França.
2004 – Idealizador e criador da Noite Missioneira – encontro anual de payadores e trovadores. Palestrante para os alunos da PUC envolvendo a cultura missioneira. Homenageado da Semana Farroupilha em nível municipal como tradicionalista destaque. Homenageado pelo Piquete Porteira do Boqueirão por seu trabalho como letrista, intérprete, compositor e cantor. No 17° Festival da Música Crioula de Santiago, recebeu o troféu Arno de melhor pesquisa.
2005 – Premiado como Radialista Nota 10 pela PUC de Porto Alegre. Recebeu o troféu Giuseppe Garibaldi pelo trabalho cultural prestado á nação. Participou do 18° Festival da Música Crioula de Santiago com a música Imagens.
2006 – Palestrante sobre Trovas e Payadas. Apresentou o programa na Rádio Gaúcha da Cidade Gaúcha do Paraná.


FONTE:

LOPES, Ataliba de Lima. Santiago do Boqueirão, seus poetas quem são? Poesia. Organização de Rosane Vontobel Rodrigues e Orlando Fonseca. Apreciação Literária de Pedro Brum Santos. Frederico Westphalen, RS: URI, 2008. (Série Projeto Santiago do Boqueirão seus poetas, quem são?).

Nenhum comentário:

Postar um comentário