“Galpão, Pátria e Poesia. Três palavras consagradas, no final da madrugada se encontram pra clarear o dia, vão regendo a sinfonia de poetas e cantores, para que os madrugadores esperem o sol estribados, para alegrar nosso pago, com versos e melodias”

sábado, 31 de outubro de 2015

JOÃO DE ALMEIDA NETO

JOÃO DE ALMEIDA NETO  é músico, cantor, compositor, escritor, advogado, crítico e interprete da musica gaúcha nativista. Autor de músicas famosas como Razões do Boca Braba e Meu país.Considerado pela crítica musical como um dos importantes intérpretes da música regional gaúcha, “A Voz do Rio Grande” é um dos artistas mais premiados em festivais nativistas.
Terceiro filho de Moacir Duarte de Almeida e Elza Pansardi de Almeida, nasceu à uma hora da madrugada do dia 23 de novembro de 1956, em Uruguaiana, município da Fronteira Oeste do Rio Grande do Sul, às margens do Rio Uruguai, limítrofe com a Argentina e o Uruguai.
Sua infância foi dividida entre a Rua Domingos de Almeida e os campos do Touro-Passo, sub-distrito de Uruguaiana, há 30 km da sede, onde a família Almeida possuía uma propriedade rural. Nesse lugar, ainda muito pequeno, teve seu primeiro contato com a música através de um peão chamado Irineu, apelido “Negro”, que tocava violão e cantava.
Na idade escolar, conforme afirma, ‘teve a sorte e o privilégio” de estudar no Instituto União e, posteriormente, na Escola Elisa Valls. A esses educandários, além da família, credita e agradece a formação do caráter. Com eles conheceu os caminhos da educação e da cultura, e os princípios morais e éticos que nunca abandonou.

No Estádio da Baixada, do Esporte Clube Uruguaiana, adquiriu o gosto pelo futebol,atualmente João de Almeida Neto faz parte do Sala de Redação, programa sobre Debates Esportivos programa daRádio Gaúchaque vai ao ar de segunda à sexta, onde debatem principalmente sobrefutebole eventualmente sobrepolíticae outros assuntos.
Nas serenatas solidificou, definitivamente, sua paixão pela música e pela poesia. É, ainda, uma forte recordação da sua adolescência as madrugadas varadas de janela em janela.
Nunca conseguiu explicar como, sendo um homem tímido e até mesmo retraído, gosta tanto de carnaval. É um folião ativo e praticante.
Formado em Direito pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos, atua como advogado, especialmente na conturbada questão dos Direitos Autorais, tendo-se valido das leis, teses e argumentos, para resguardar os direitos dos artistas.
João de Almeida Neto é igual como homem e como músico. O que tem de autêntico, contestador, e sentimental sempre contaminou tanto a sua personalidade quanto seu trabalho.É um dos grandes nomes da música gaúcha, dono de uma voz forte e de um estilo singular e autêntico de ser e de cantar.
O Movimento Nativista, iniciado em 1970, com a Califórnia da Canção, em Uruguaiana, sua terra natal, foi o passo definitivo na consolidação da mudança que se instalaria na música gaúcha. Nessa época, ainda na adolescência, João já havia descoberto seu fascínio pela música. Atuava nas assembléias lítero-artísticas do Instituto União e, junto com alguns amigos, varava as madrugadas, com belas serenatas. Nos bailes, ficava perto do palco para admirar os músicos dos conjuntos.
Ouvia folclore Argentino, Uruguaio, Chico Buarque, Caetano Veloso, Belchior, Nelson Gonçalves, Paulinho da Viola, entre outros.
Logo se inseriu no Movimento Nativista.Dois episódios – Santa Maria e Cruz Alta – acabaram incluindo João definitivamente no time do Nativismo.
João já residia em Porto Alegre e convivia muito com Luiz Felipe Delgado, também uruguaianense. Cursavam Direito, na Unisinos, mas amavam mais a poesia do que as leis. Por iniciativa do amigo, inscreveram, na Tertúlia Musical Nativista de Santa Maria, uma canção intitulada “Tropeiro Cantor”, que se sagrou vencedora.
Dias depois, realizava-se em Cruz Alta a 1ª Coxillha Musical Nativista. Inscreveu, em parceria com José Luiz Vilella, uma milonga chamada “Meu Canto”, que cantou sozinho, e impressionou o público. Depois de apresentações, naquela noite, de grandes grupos musicais, apareceu aquele rapaz solitário. Foi consagrado. Um detalhe que lhe acabou resultando em lucro foi o de que, por não saber a letra da música de cor, colou lembretes no corpo do violão e, enquanto recorria sutilmente à leitura para continuar cantando, floreava alguns bordoneios. Isso lhe rendeu a fama de bom violonista.
Tempos depois, venceu novamente a Tertúlia, com a música “Nova Trilha”, de sua autoria com Nilo Bairros de Brun. Mais tarde, com a famosa “Vozes Rurais”, teve participação marcante no Musicanto de Santa Rosa, e daí para frente firmou-se como mais um dos “grandes nativistas”.
Corriam os anos 80. Os Festivais se proliferavam pelo interior do Estado. Eram mais de sessenta por ano e João de Almeida Neto tinha participação ativa em todos eles, vencedor em inúmeros deles. Nesse circuito, fértil mercado de trabalho, profissionalizou-se.
Um acontecimento paralelo ajudou a consolidar esse quadro. Foi a abertura do “Pulperia”, bar e restaurante temático gauchesco que abrigou os apreciadores do som rural gaúcho. Local que foi um enorme sucesso, teve João de Almeida Neto como um dos grandes músicos da casa. Fato digno de registro, porque muito lhe honrou, já que no palco da Pulperia tocou com grandes companheiros, entre os quais Cenair Maicá, Chaloy Jara, e Algacir Costa.

Desde então, a história de João de Almeida Neto na música do Rio Grande se confunde com a dos nossos grandes músicos, cantores e compositores.
João viveu e vive esse Movimento Cultural como uma peça da sua engrenagem. Conforme suas palavras, “estive e estarei, sempre que chamado, em todos os palcos erguidos para que se cante a música da minha terra”.
João de Almeida Neto tem na alma o Rio Grande do Sul. O Gaúcho se identifica na sua voz, na sua forma altiva de cantar e na importância que dá à cultura.
E é ele quem diz: “Ao contrário do que prega o pensamento dominante no mundo globalizado, acredito que a diversidade cultural é que dá colorido ao universo e mantém a independência dos povos. Não comungo desta inteligência moderna que dita a unidade e padronização cultural. Mormente porque a cultura escolhida para ser padrão é a dos outros e não a nossa.
Não encontrei motivos para compreender porque o mundo deve ter apenas uma linguagem, uma maneira de vestir, de comer, de dançar, e que o gosto pessoal de todos os seres vivos deve ser balizado por um referencial ditado sei lá eu por quem. Eu quero continuar falando português (com sotaque da fronteira), tomando chimarrão, comendo churrasco e escutando milonga.
"Vale dizer que esta investida dos colonizadores culturais não é novidade na história da humanidade. O pioneirismo talvez se deva creditar a Roma. Júlio César, depois Napoleão e mais recentemente Hitler, tentaram impor seus modelos ao mundo e, sem exceção, sucumbiram ante os povos que pretenderam subjugar, mas que gostavam de adorar seus próprios deuses, falar sua própria língua, comer sua própria comida e ouvir sua própria música.
"Tenho comigo que tal pensamento unímono não tem diretrizes culturais, nem ideológicas, mas econômicas. Baseia-se no conceito de que o mundo é um grande supermercado, onde os homens, desprovidos de sentimentos, caráter ou personalidade, são meros consumidores.
"Admiro as manifestações de cunho regionalista. Elas são as expressões voluntárias dos diversos mundos espalhados pelo mundo. Retrata as atividades, os sentimentos e o caráter dos povos. O mundo só é assim, grande e belo, porque em cada rincão do planeta existem homens conscientes de que é sobre nossas peculiaridades culturais que devemos construir nossas casas, nossas cidades e nossos Países.
"Podemos concluir que Movimentos desta natureza revestem-se, inclusive, de certo caráter revolucionário, porquanto sejam um foco de resistência à dominação intelectual e cultural.
"Através do “Nativismo” cantamos, difundimos e mantemos nossa identidade. Somos nós mesmos. Realçamos nossas vocações e traçamos nossos destinos, livres e espontaneamente”.
Destacam-se ainda entre suas canções: "Trem Magiar", "Guitarras do Litoral", "Homem feio sem coragem não possui mulher bonita", de Gildo de Freitas, "Tango do Meretrício", de Luiz Bastos e Mauro Ferreira, além de "Palavra de cantor" e "Vozes rurais", de sua autoria.
Em 1991, teve as músicas "Crioulo da Tia Maruca", com Marco Aurélio Campos, e "Chuva de verão" incluídas na trilha sonora do filme "Gaúcho negro" gravada por Gaúcho da Fronteira pela Som Livre.
Em 1997, foi escolhido pela Secretaria Estadual da Cultura e Instituto Estadual de Música do Rio Grande do Sul como o melhor cantor do ano, recebendo o Troféu Vitória. Apresentou show durante o Fórum Social Mundial em Porto Alegre, em 2003.
No ano seguinte, foi a atração principal no show musical "O Canto do Sul", na cidade de Campo Grande(MS), promovido pelo Movimento Tradicionalista Gaúcho de Mato Grosso do Sul (MTG/MS) e pelo Centro de Tradições Gaúchas (CTG) Tropeiros da Querência, de Campo Grande, em realização pela colônia gaúcha em homenagem a Mato Grosso do Sul.
Ainda em 2004, fez participação especial no CD "Vida, cordeona e canções" do cantor Beto Caetano, interpretando, em dueto com ele, a vanera "Vinho das paixões", a milonga "Para viver uma milonga", ambas de Vaine Darde e Beto Caetano, e a guarânia "Na mesa de um bar", de Nenito Sarturi e Beto Caetano.
Em 2005, musicou e interpretou poemas do poeta gaúcho Afif Jorge Simões Filho, lançados em CD.
Em 2008 participou da 2ª Festa da Colheita, em Dourados/MS, onde apresentou seus principais sucessos e também o repertório que o levou a ser um dos nomes mais premiados da música gaúcha no país.
João de Almeida Neto é um músico e orador nato. Não é à toa que é compositor e advogado, e que integrou, como assessor, a equipe do Desembargador Nelson Rassier. É de João o texto “O Poder da Arte da Palavra":
“O elemento mais significativo, para mim, do Movimento Nativista foi a mudança no referencial estético e intelectual da poesia gaúcha. Ainda que durante seu transcurso tenha passado por muitos altos e baixos, é inegável a afirmação de um padrão elevado nos textos das canções produzidas.
"Pude comprovar pessoalmente essa realidade. Muitas vezes, ao receber prêmios como “melhor intérprete” em diversos festivais, soube compreender que os devia à qualidade das letras que cantava. Conheci muitas belas vozes que se perdiam em canções desnecessárias, sem conteúdo. Creio que o verdadeiro bom cantor não se avalia pela voz que tem, mas pelas verdades que transmite.
"Fui agraciado com a satisfação de cantar letras escritas pelos poetas que mais admiro. São meu tesouro pessoal as gravações que fiz sobre letras de Apparício Silva Rillo, Jayme Caetano Braun, José Hilário Retamozzo, Gildo de Freitas, Mauro eAntônio Augusto Ferreira, por exemplo.
"Meu apego à palavra e minha admiração pela poesia são tão grandes que em vários momentos de minha atividade artística fui impelido a escrever. Várias circunstâncias sentimentais, políticas, sociais, etc., me induziram a compor. Senti, mesmo sem ser poeta, a necessidade de me expressar como artista e cidadão, e o fiz sempre com a sinceridade dos autênticos.
"Inspiram meu cantar o homem, seu trabalho, suas circunstâncias. Mesmo sem ser um cantor romântico, cantei canções de amor.
"Assim, me valho da poesia para ser cantor. Minha esperança de chegar ao coração de quem me escuta está no poder da arte da palavra.
"Agradeço a todos que, de alguma maneira, algum dia, em algum lugar, pararam para ouvir meu cantar e souberam compreender-lhe a sinceridade. Guardarei cada aplauso, cada palavra de incentivo, cada crítica construtiva com interminável carinho. Se algum valor tenho como cantor, intérprete e cidadão, este reside no fato de que sempre procurei colher do nosso povo e da nossa geografia os elementos para que meu canto e minha personalidade seja como somos: um pouco fraterno, um pouco rebelde, as vezes contestador, quase sempre apaixonado e eternamente franco, sincero e leal.
"Viva a arte e a cultura regional brasileira!”



OBRA:
Chuva de verão
Crioulo da Tia Maruca
Guitarras do Litoral
Palavra de cantor
Trem Magiar
Vozes rurais

PRÊMIOS:
Troféu Vitória (1997) - Melhor cantor do ano
Prêmio Açorianos (2005) - Melhor intéprete - Categoria Regional

DISCOGRAFIA:
João de Almeida Neto, Vol. I, Gravadora Nova Trilha/RBS, 1989.
João de Almeida Neto, Vol II, Gravadora RGE, 1992.
Palavra de Cantor, Gravadora RGE/RBS, 1995.
Coração de Gaúcho, Gravadora USADISCOS, 2000.
João de Almeida Neto e Nelson Cardoso - Marca de Cascos - Gravadora USADISCOS – 2002
Acústico Vozes Rurais, CD duplo - Gravadora USADISCOS
Em Nome do Pai, Gravadora USADISCOS
Gaúchos Cantam Tangos
DVD - Vozes Rurais

CONTATO:
(51) 9782-0552

FONTE:


Um comentário:

  1. Sou o Vilmar Belisario da Silva moro em Santo Antônio da Patrulha RS e sou fã do João de Almeida Neto. Gostei muito da gravação das músicas do Nelson Gonçalves. Parabéns. Um grande abraço e sucesso sempre

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