JOÃO DE ALMEIDA NETO é músico, cantor,
compositor, escritor, advogado, crítico e interprete da musica gaúcha nativista. Autor de músicas famosas como Razões
do Boca Braba e Meu país.Considerado pela
crítica musical como um dos importantes intérpretes da música regional gaúcha,
“A Voz do Rio Grande” é um dos artistas mais premiados em festivais nativistas.
Terceiro filho de
Moacir Duarte de Almeida e Elza Pansardi de Almeida, nasceu à uma hora da
madrugada do dia 23 de novembro de 1956, em Uruguaiana, município da Fronteira
Oeste do Rio Grande do Sul, às margens do Rio Uruguai, limítrofe com a
Argentina e o Uruguai.
Sua infância foi
dividida entre a Rua Domingos de Almeida e os campos do Touro-Passo,
sub-distrito de Uruguaiana, há 30 km da sede, onde a família Almeida possuía
uma propriedade rural. Nesse lugar, ainda muito pequeno, teve seu primeiro
contato com a música através de um peão chamado Irineu, apelido “Negro”, que
tocava violão e cantava.
Na idade escolar,
conforme afirma, ‘teve a sorte e o privilégio” de estudar no Instituto União e,
posteriormente, na Escola Elisa Valls. A esses educandários, além da família,
credita e agradece a formação do caráter. Com eles conheceu os caminhos da
educação e da cultura, e os princípios morais e éticos que nunca abandonou.
No Estádio da Baixada,
do Esporte Clube Uruguaiana, adquiriu o gosto pelo futebol,atualmente João de Almeida
Neto faz parte do Sala de Redação, programa sobre Debates Esportivos programa daRádio Gaúchaque vai ao ar de segunda à sexta,
onde debatem principalmente sobrefutebole eventualmente
sobrepolíticae outros assuntos.
Nas serenatas solidificou,
definitivamente, sua paixão pela música e pela poesia. É, ainda, uma forte
recordação da sua adolescência as madrugadas varadas de janela em janela.
Nunca conseguiu
explicar como, sendo um homem tímido e até mesmo retraído, gosta tanto de
carnaval. É um folião ativo e praticante.
Formado em Direito pela
Universidade do Vale do Rio dos Sinos, atua como advogado, especialmente na
conturbada questão dos Direitos Autorais, tendo-se valido das leis, teses e
argumentos, para resguardar os direitos dos artistas.
João de Almeida Neto é
igual como homem e como músico. O que tem de autêntico, contestador, e
sentimental sempre contaminou tanto a sua personalidade quanto seu trabalho.É
um dos grandes nomes da música gaúcha, dono de uma voz forte e de um estilo
singular e autêntico de ser e de cantar.
O Movimento Nativista,
iniciado em 1970, com a Califórnia da Canção, em Uruguaiana, sua terra natal,
foi o passo definitivo na consolidação da mudança que se instalaria na música
gaúcha. Nessa época, ainda na adolescência, João já havia descoberto seu
fascínio pela música. Atuava nas assembléias lítero-artísticas do Instituto
União e, junto com alguns amigos, varava as madrugadas, com belas serenatas.
Nos bailes, ficava perto do palco para admirar os músicos dos conjuntos.
Ouvia folclore Argentino,
Uruguaio, Chico Buarque, Caetano Veloso, Belchior, Nelson Gonçalves, Paulinho
da Viola, entre outros.
Logo se inseriu no
Movimento Nativista.Dois episódios – Santa Maria e Cruz Alta – acabaram incluindo
João definitivamente no time do Nativismo.
João já residia em
Porto Alegre e convivia muito com Luiz Felipe Delgado, também uruguaianense. Cursavam
Direito, na Unisinos, mas amavam mais a poesia do que as leis. Por iniciativa
do amigo, inscreveram, na Tertúlia Musical Nativista de Santa Maria, uma canção
intitulada “Tropeiro Cantor”, que se sagrou vencedora.
Dias depois,
realizava-se em Cruz Alta a 1ª Coxillha Musical Nativista. Inscreveu, em
parceria com José Luiz Vilella, uma milonga chamada “Meu Canto”, que cantou
sozinho, e impressionou o público. Depois de apresentações, naquela noite, de
grandes grupos musicais, apareceu aquele rapaz solitário. Foi consagrado. Um
detalhe que lhe acabou resultando em lucro foi o de que, por não saber a letra
da música de cor, colou lembretes no corpo do violão e, enquanto recorria
sutilmente à leitura para continuar cantando, floreava alguns bordoneios. Isso
lhe rendeu a fama de bom violonista.
Tempos depois, venceu
novamente a Tertúlia, com a música “Nova Trilha”, de sua autoria com Nilo
Bairros de Brun. Mais tarde, com a famosa “Vozes Rurais”, teve participação
marcante no Musicanto de Santa Rosa, e daí para frente firmou-se como mais um
dos “grandes nativistas”.
Corriam os anos 80. Os
Festivais se proliferavam pelo interior do Estado. Eram mais de sessenta por
ano e João de Almeida Neto tinha participação ativa em todos eles, vencedor em
inúmeros deles. Nesse circuito, fértil mercado de trabalho,
profissionalizou-se.
Um acontecimento
paralelo ajudou a consolidar esse quadro. Foi a abertura do “Pulperia”, bar e
restaurante temático gauchesco que abrigou os apreciadores do som rural gaúcho.
Local que foi um enorme sucesso, teve João de Almeida Neto como um dos grandes
músicos da casa. Fato digno de registro, porque muito lhe honrou, já que no
palco da Pulperia tocou com grandes companheiros, entre os quais Cenair Maicá,
Chaloy Jara, e Algacir Costa.
Desde então, a história
de João de Almeida Neto na música do Rio Grande se confunde com a dos nossos
grandes músicos, cantores e compositores.
João viveu e vive esse
Movimento Cultural como uma peça da sua engrenagem. Conforme suas palavras,
“estive e estarei, sempre que chamado, em todos os palcos erguidos para que se
cante a música da minha terra”.
João de Almeida Neto tem
na alma o Rio Grande do Sul. O Gaúcho se identifica na sua voz, na sua forma
altiva de cantar e na importância que dá à cultura.
E é ele quem diz: “Ao
contrário do que prega o pensamento dominante no mundo globalizado, acredito
que a diversidade cultural é que dá colorido ao universo e mantém a
independência dos povos. Não comungo desta inteligência moderna que dita a
unidade e padronização cultural. Mormente porque a cultura escolhida para ser
padrão é a dos outros e não a nossa.
Não encontrei motivos
para compreender porque o mundo deve ter apenas uma linguagem, uma maneira de
vestir, de comer, de dançar, e que o gosto pessoal de todos os seres vivos deve
ser balizado por um referencial ditado sei lá eu por quem. Eu quero continuar
falando português (com sotaque da fronteira), tomando chimarrão, comendo
churrasco e escutando milonga.
"Vale dizer que
esta investida dos colonizadores culturais não é novidade na história da
humanidade. O pioneirismo talvez se deva creditar a Roma. Júlio César, depois
Napoleão e mais recentemente Hitler, tentaram impor seus modelos ao mundo e,
sem exceção, sucumbiram ante os povos que pretenderam subjugar, mas que gostavam
de adorar seus próprios deuses, falar sua própria língua, comer sua própria
comida e ouvir sua própria música.
"Tenho comigo que
tal pensamento unímono não tem diretrizes culturais, nem ideológicas, mas
econômicas. Baseia-se no conceito de que o mundo é um grande supermercado, onde
os homens, desprovidos de sentimentos, caráter ou personalidade, são meros
consumidores.
"Admiro as
manifestações de cunho regionalista. Elas são as expressões voluntárias dos
diversos mundos espalhados pelo mundo. Retrata as atividades, os sentimentos e
o caráter dos povos. O mundo só é assim, grande e belo, porque em cada rincão
do planeta existem homens conscientes de que é sobre nossas peculiaridades
culturais que devemos construir nossas casas, nossas cidades e nossos Países.
"Podemos concluir
que Movimentos desta natureza revestem-se, inclusive, de certo caráter
revolucionário, porquanto sejam um foco de resistência à dominação intelectual
e cultural.
"Através do
“Nativismo” cantamos, difundimos e mantemos nossa identidade. Somos nós mesmos.
Realçamos nossas vocações e traçamos nossos destinos, livres e
espontaneamente”.
Destacam-se ainda entre suas canções: "Trem
Magiar", "Guitarras do Litoral", "Homem feio sem coragem
não possui mulher bonita", de Gildo de Freitas, "Tango do
Meretrício", de Luiz Bastos e Mauro Ferreira, além de "Palavra de
cantor" e "Vozes rurais", de sua autoria.
Em 1991, teve as músicas "Crioulo da Tia
Maruca", com Marco Aurélio Campos, e "Chuva de verão" incluídas
na trilha sonora do filme "Gaúcho negro" gravada por Gaúcho da
Fronteira pela Som Livre.
Em 1997, foi escolhido pela Secretaria Estadual da
Cultura e Instituto Estadual de Música do Rio Grande do Sul como o melhor
cantor do ano, recebendo o Troféu Vitória. Apresentou show durante o Fórum Social
Mundial em Porto Alegre, em 2003.
No ano seguinte, foi a atração principal no show
musical "O Canto do Sul", na cidade de Campo Grande(MS), promovido
pelo Movimento Tradicionalista Gaúcho de Mato Grosso do Sul (MTG/MS) e pelo
Centro de Tradições Gaúchas (CTG) Tropeiros da Querência, de Campo Grande, em
realização pela colônia gaúcha em homenagem a Mato Grosso do Sul.
Ainda em 2004, fez participação especial no CD
"Vida, cordeona e canções" do cantor Beto Caetano, interpretando, em
dueto com ele, a vanera "Vinho das paixões", a milonga "Para
viver uma milonga", ambas de Vaine Darde e Beto Caetano, e a guarânia
"Na mesa de um bar", de Nenito Sarturi e Beto Caetano.
Em 2005, musicou e interpretou poemas do poeta
gaúcho Afif Jorge Simões Filho, lançados em CD.
Em 2008 participou da 2ª Festa da Colheita, em
Dourados/MS, onde apresentou seus principais sucessos e também o repertório que
o levou a ser um dos nomes mais premiados da música gaúcha no país.
João de Almeida Neto é
um músico e orador nato. Não é à toa que é compositor e advogado, e que
integrou, como assessor, a equipe do Desembargador Nelson Rassier. É de João o
texto “O Poder da Arte da Palavra":
“O elemento mais
significativo, para mim, do Movimento Nativista foi a mudança no referencial
estético e intelectual da poesia gaúcha. Ainda que durante seu transcurso tenha
passado por muitos altos e baixos, é inegável a afirmação de um padrão elevado
nos textos das canções produzidas.
"Pude comprovar
pessoalmente essa realidade. Muitas vezes, ao receber prêmios como “melhor
intérprete” em diversos festivais, soube compreender que os devia à qualidade
das letras que cantava. Conheci muitas belas vozes que se perdiam em canções
desnecessárias, sem conteúdo. Creio que o verdadeiro bom cantor não se avalia pela
voz que tem, mas pelas verdades que transmite.
"Fui agraciado com
a satisfação de cantar letras escritas pelos poetas que mais admiro. São meu
tesouro pessoal as gravações que fiz sobre letras de Apparício Silva Rillo,
Jayme Caetano Braun, José Hilário Retamozzo, Gildo de Freitas, Mauro eAntônio
Augusto Ferreira, por exemplo.
"Meu apego à
palavra e minha admiração pela poesia são tão grandes que em vários momentos de
minha atividade artística fui impelido a escrever. Várias circunstâncias
sentimentais, políticas, sociais, etc., me induziram a compor. Senti, mesmo sem
ser poeta, a necessidade de me expressar como artista e cidadão, e o fiz sempre
com a sinceridade dos autênticos.
"Inspiram meu
cantar o homem, seu trabalho, suas circunstâncias. Mesmo sem ser um cantor
romântico, cantei canções de amor.
"Assim, me valho
da poesia para ser cantor. Minha esperança de chegar ao coração de quem me
escuta está no poder da arte da palavra.
"Agradeço a todos
que, de alguma maneira, algum dia, em algum lugar, pararam para ouvir meu
cantar e souberam compreender-lhe a sinceridade. Guardarei cada aplauso, cada
palavra de incentivo, cada crítica construtiva com interminável carinho. Se
algum valor tenho como cantor, intérprete e cidadão, este reside no fato de que
sempre procurei colher do nosso povo e da nossa geografia os elementos para que
meu canto e minha personalidade seja como somos: um pouco fraterno, um pouco
rebelde, as vezes contestador, quase sempre apaixonado e eternamente franco,
sincero e leal.
"Viva a arte e a
cultura regional brasileira!”
OBRA:
Chuva de verão
Crioulo da Tia Maruca
Guitarras do Litoral
Palavra de cantor
Trem Magiar
Vozes rurais
PRÊMIOS:
Troféu Vitória (1997) - Melhor cantor do ano
Prêmio
Açorianos (2005) - Melhor
intéprete - Categoria Regional
DISCOGRAFIA:
João de Almeida Neto, Vol.
I, Gravadora Nova Trilha/RBS, 1989.
João de Almeida Neto, Vol
II, Gravadora RGE, 1992.
Palavra de Cantor, Gravadora
RGE/RBS, 1995.
Coração de Gaúcho, Gravadora
USADISCOS, 2000.
João de Almeida Neto e
Nelson Cardoso - Marca de Cascos - Gravadora USADISCOS – 2002
Acústico Vozes Rurais, CD
duplo - Gravadora USADISCOS
Em Nome do Pai, Gravadora
USADISCOS
Gaúchos Cantam Tangos
DVD - Vozes Rurais
CONTATO:
(51)
9782-0552
FONTE:
Sou o Vilmar Belisario da Silva moro em Santo Antônio da Patrulha RS e sou fã do João de Almeida Neto. Gostei muito da gravação das músicas do Nelson Gonçalves. Parabéns. Um grande abraço e sucesso sempre
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