“Galpão, Pátria e Poesia. Três palavras consagradas, no final da madrugada se encontram pra clarear o dia, vão regendo a sinfonia de poetas e cantores, para que os madrugadores esperem o sol estribados, para alegrar nosso pago, com versos e melodias”

sexta-feira, 3 de abril de 2015

CÉSAR PASSARINHO o símbolo da Califórnia da Canção Nativa

César Osmar Rodrigues Escoto ou "SIMPLESMENTE" CÉSAR PASSARINHO, nasceu em Uruguaiana,  em 21 de março de 1949.
Uma boina e um colete branco. Em cima do ombro, um pala. Nos pés, uma alpargata ou um par de botas sempre combinando com a cor do lenço. César Passarinho, era um músico que levava a pilcha a sério.
Seu pai, era boêmio, artista popular e amante do trago. O pai tinha a alcunha de gurrião, que é uma espécie de pardal, e o filho do pássaro se transformou em passarinho. E já como César Passarinho foi atraído para o gauchismo. O intérprete de “Guri” e “Negro da Gaita”, era um homem quieto. De poucas palavras. Tímido até, e não precisava mais que isso. Mas no palco, se transformava, era um gigante, uma voz que conseguia transmitir emoções com a facilidade dos grandes atores. As mãos voavam como a reger uma sinfonia de um único cantor.O cantor símbolo da Califórnia da Canção Nativa, festiva de música nativista que ocorre na cidade gaúcha de Uruguaiana.
O músico das milongas começou a carreira musical tocando música popular Brasileira nos bailes de Uruguaiana. No Grêmio Tiradentes, no Clube Caixeral e no Clube Comercial. César Passarinho se destacou, no Conjunto Hi-Fi. Mas o mais inusitado de tudo era o instrumento que tocava, pois, além de cantor, Passarinho era baterista. Mas o decisivo encontro com a música regionalista, foi na  3ª Califórnia, realizada em 1973, com a apresentação da composição “Último Grito”. César Passarinho foi um homem da noite. Um boêmio. Era comum encontrá-lo no Corinthians ou no Bar do Cid – lugares em que ele se reunia com os amigos, em Uruguaiana.
Durante a década de 70, a bebida afastou-o diversas vezes dos palcos.
MARCELO MACHADO  DO JORNAL ZERO HORA escreveu sobre a ligação de César Passarinho com a Califórnia da Canção nativa:
“Califórnia e César Passarinho são sinônimos. O festival e o músico começaram juntos. O cantor Uruguaianense acabou se transformando na marca registrada do festival de música nativista. Com quatro Calhandras de Ouro – troféu máximo da Califórnia – e a conquista de sete prêmios de melhor intérprete, Passarinho foi o mais destacado dos vencedores do festival. Em 1983, com “Guri”, o pássaro-cantor voou mais alto do que se poderia imaginar. A canção subiu ao palco da Califórnia com nomes como Neto Fagundes e Renato Borghetti. César Passarinho ensaiou a música um dia antes da interpretação. Foi ali que veio a redenção. Naquele ano, o músico se afastou das bebidas e passou a se dedicar à música.
O César Passarinho, nos anos 80, era um gênio, uma figura encantada, e é indiscutível que ele foi figura fundamental na fase de projeção dos festivais de música tradicionalista, o carisma de Passarinho, e o seu sucesso, estimulou outras cidades a também organizarem festivais.
Sobre o Cesar Passarinho, Glênio Reis, apresentador da Rádio Gaúcha disse:
 “Tenho uma lembrança muito viva do César Passarinho. Eu estava a passeio em Uruguaiana e assisti à 6ª Califórnia. Lá pelas tantas, anunciaram o cantor, eu ouvi a voz e ela me causou uma forte emoção. Quando terminou, fui lá no palco. Eu não acreditava no que estava ouvindo. O César Passarinho tinha uma maneira muito pessoal de cantar.
Era um cantor único.”

Ele foi  um cantor muito importante para o nativismo. Não tem um substituto para o César Passarinho. Ele quebrou muitas barreiras em função da cor, pela voz, e pela sua música.
César Passarinho será lembrado como um artista que gostava de cantar o romantismo e as coisas do campo. Com a sua morte, a geração Califórnia ficou órfã. O Rio Grande gaúcho ficou de luto. A calhandra, pássaro de canto doce, que só canta quando está livre, nunca mais será entregue a um César que voava até no nome.
Passarinho foi sempre assim. Um guri que cantava. Um músico que continuará representando com sua voz o canto e a tradição do Rio Grande do Sul”.
César Passarinho morreu em Caxias do Sul, às 12h48min de 14 de maio de 1998. O cantor estava internado havia 43 dias tratando de um câncer no pulmão direito.


UMA VIDA EM TREZE DATAS
1949 - César Escoto nasce no dia 21 de março de 1949, em Uruguaiana;
1976 - Calhandra de Ouro por “Um Canto para o Dia” (com participação da cantora Oristela Alves), música de Ernani Amaro de Oliveira;
1977 - Calhandra de Ouro por “Negro da Gaita” (música de Gilberto Carvalho e Airton Pimentel). Esta música lançou César Passarinho futuro cantor símbolo da Califórnia;
1983 - Calhandra de Ouro por “Guri” (música de João Batista Machado e Júlio Machado), um dos clássicos do regionalismo gaúcho;
1983 - Primeiro disco da carreira, “Fundamento”, pela Gravadora Polygram;
1985 - Segundo disco da carreira, “Solito”;
1986 - Nasce César, único filho de César Passarinho
1988 - Lançamento do disco “Negro de 35”, primeiro álbum pela Gravadora Acit;
1991 - Lançamento do disco ”Assim no Más”;
1992 - Calhandra de Ouro por “O Minuano e o Poeta” (com participação da cantora Carmem Letícia), música de Lauro Corrêa Simões e Clóvis de Souza;
1993 - Lançamento do disco “César Passarinho - 18 Grandes Sucessos”;
1995 - Lançamento do disco ”De Alma Leve”;
1996 - Lançamento do disco “Milongueando essas Lembranças Tuas”;
1998 - César Passarinho morre em Caxias do Sul.

DISCOGRAFIA
·         1983 - Fundamento












·         1985 - Solito
























·         1991 - Assim no Más





















·         1995 - De Alma Leve


















FONTE:



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