“Galpão, Pátria e Poesia. Três palavras consagradas, no final da madrugada se encontram pra clarear o dia, vão regendo a sinfonia de poetas e cantores, para que os madrugadores esperem o sol estribados, para alegrar nosso pago, com versos e melodias”

domingo, 26 de julho de 2015

BARBOSA LESSA

Luiz Carlos Barbosa Lessa, nasceu no dia 13 de dezembro de 1929, na localidade denominada “Cerro do Galdino”, nas imediações da histórica vila de Piratini (capital farroupilha), hoje cidade de Piratini-RS. Foi um folclorista, escritor, músico, advogado e historiador brasileiro.
Devido à dificuldade para cursar uma escola regular, teve de aprender as primeiras letras e as quatro operações matemáticas com sua própria mãe, a qual, ao se improvisar de professora, também lhe ensinou teoria musical, um pouco de piano, e inclusive, uma novidade na época, a chamada datilografia. Indo cursar o ginásio na cidade de Pelotas (Ginásio Gonzaga).
Aos doze anos fundou um jornal escolar "O Gonzagueano", em que publicou seus primeiros contos regionais ou de fundo histórico. E também fundou o conjunto musical significativamente denominado "Os Minuanos. Pretendia se especializar em música regional gaúcha mas, por inexistência de repertório Naquela época, teve de se conformar com o gênero sertanejo e um tanto de música urbana brasileira.
Para cursar o segundo grau colegial, transferiu-se para Porto Alegre, ingressando no Colégio Júlio de Castilhos.

Aos dezesseis anos de idade já colaborava para uma das principais revistas brasileiras de cultura a "Província de São Pedro" e obteve seu primeiro emprego como revisor e repórter da "Revista do Globo".
No ano seguinte participou da primeira Ronda Crioula/Semana Farroupilha, munido de um caderno de aula para coletar assinaturas de eventuais jovens que se interessassem pelo assunto, tomou a iniciativa para a fundação do primeiro Centro de Tradições Gaúchas (CTG), o "35".
Nesta agremiação ele retomou seu interesse pela música regional e, na falta de repertório, foi criando suas primeiras canções, tais como a toada "Negrinho do Pastoreio" - hoje um clássico da música regional gaúcha.
Nos anos 1950, começou a dirigir um programa sobre música regional da Rádio Farroupilha.
Formou-se em Direito pela Faculdade de Direito de Porto Alegre (UFRGS), 1952.
Formou com seu amigo Paixão Côrtes uma RECONHECIDA dupla de pesquisadores, realizando o levantamento de resquícios de danças regionais e produziu a recriação de danças tradicionalistas. Resultado dessa pesquisa da dupla foi o livro didático "Manual de Danças Gaúchas" e o disco long-play (o terceiro LP produzido no Brasil) e "Danças Gaúchas", na voz da cantora paulista Inezita Barroso.
Mudou-se para São Paulo, onde, em contato com Inezita Barroso, passou a fazer divulgação de danças gaúchas em programas de rádio. No mesmo ano publicou a tese "O sentido e o valor do tradicionalismo". Na mesma época, trabalhando com Paixão Cortes, recolheu diversos temas folclóricos gaúchos, entre os quais "O anu", "Balaio", "Chimarrita balão", "Maçanico", gravadas no ano seguinte. Publicou ainda com Paixão Cortes o segundo "Manual de danças gaúchas".
Compôs tema regional gaúcho para o filme "O sobrado", de Walter George Durst. No mesmo ano publicou a comédia regional "Não te assusta Zacaria", representada pelo Grupo Folclórico Brasileiro, no Teatro São Pedro, em Porto Alegre colhendo aplausos também nas cidades de Curitiba e São Paulo.
Teve o xote "Chimarrita cafuné" e o rasqueado "Feitiço índio" gravados pela dupla Cascatinha e Inhana.

Gravou o "lenço branco entrevero no jacá", feito em parceria com Danilo Vidal, também gravada no mesmo ano pelo Conjunto Farroupilha, e a missioneira "18 de junho", de sua autoria e José Manzano Filho. No mesmo período,
Carla Diniz e Carlito Gomes gravaram "Andarengo" e o madrigal "Quero-quero".
Compôs para o filme "Paixão de gaúcho", de Walter George Durst, as composições "Terra morna", "Generoso" e "Feitiço índio". Publicou o livro de contos regionais "O boi das aspas de ouro" e "Primeiras noções de teatro" para professores e estudantes de curso avançado.
Entre 1958 e 1960, viajou do Amazonas ao Rio Grande do Sul recolhendo composições do folclore. No mesmo período promoveu diversos shows com o grupo "Titulares do Ritmo".
Publicou o romance regional "Os guaxos" e,  "Estórias e lendas do Rio Grande do Sul".
Em 1962, a peça teatral sobre o folclore paulista "A rainha de Moçambique" foi publicada e representada pelo TEFA, Teatro do Estudante Francisco Alves, em São Paulo. No mesmo ano produziu o disco "O Rio Grande do Sul ou o gaúcho canta", com o grupo Titulares do Ritmo, e promoveu no Centro de São Paulo uma feira de arte popular reunindo artistas de todo o Brasil.
Voltou a Porto Alegre em 1974, já como especialista em Comunicação Social, tendo trabalhado na Mercur Publicidade e Companhia Riograndense de Saneamento, CORSAN. Aposentou-se como jornalista em 1987.
Foi Secretário Estadual da Cultura, tendo então idealizado para Porto Alegre um centro oficial de cultura acadêmica, que veio a pré-inaugurar em março de 1983: a Casa de Cultura Mário Quintana.

Publicou, em "Porto Alegre: terra gente" e "Usos e costumes gaúchos".
Em 1979, foi a vez de "O gaúcho ontem e hoje", e, no ano seguinte, "Problemas brasileiros, uma perspectiva histórica", em dois volumes.
Publicou "Calendário histórico-cultural do Rio Grande do Sul"; e, "Rio Grande do Sul - Prazer em conhecê-lo"; e em parceria com Paixão Cortes, "Aspectos da sociabilidade do gaúcho".
Ao se aposentar mudou-se com sua mulher para Camaquã onde mantinha uma pequena reserva ecológica, dedicando-se à produção artesanal de erva-mate e plantas medicinais. Teve dois filhos: Guilherme e Valéria.
Em 2002 foi lançado pelo selo ACIT o CD "Barbosa Lessa: 50 anos de música", trazendo entre outras, a toada "Negrinho do pastoreio", a dança tradicionalista "Balaio", com Inezita Barroso, "Milonga do moço velho" e o xote "Aroeira", com Luiz Gonzaga.
Teve destacado nome na música popular e na literatura. Dentre suas músicas, sempre de cunho gauchesco, destacam-se "Negrinho do Pastoreio", "Quero-Quero", "Balseiros do Rio Uruguai", Levanta, Gaúcho!", "Despedida", bem como as danças tradicionalistas em parceria com Paixão Côrtes.
E numa bibliografia de cerca de cinqüenta títulos, destacam-se os romances "República das Carretas" e "Os Guaxos" (prêmio 1959 da Academia Brasileira de Letras), os contos e crônicas de "Rodeio dos Ventos", o ensaio indigenista "Era de Aré", a tese pioneira "O sentido e o Valor do Tradicionalismo", o ensaio "Nativismo, um fenômeno social gaúcho", "Mão Gaúcha, introdução ao artesanato sul-rio-grandense", o álbum em quadrinhos "O Continente do Rio Grande" (com desenhos de FLávio Colin) e os didáticos "Problemas brasileiros, uma perspectiva histórica"", "Rio Grande do Sul, prazer em conhecê-lo", e "Primeiras Noções de Teatro". Também os dois volumes do Almanaque do Gaúcho. A canção de Barbosa Lessa foi cantada por dezenas de intérpretes, entre eles Inezita Barroso, Leopoldo Rassier e a dupla Kleiton & Kledir.

Ao fundar o primeiro CTG (Centro de Tradições Gaúchas) do mundo, o “35 CTG”, deu-se origem à sistematização do Movimento Tradicionalista Gaúcho e à sua disseminação além fronteiras do Rio Grande do Sul e até do Brasil, já que há, inclusive, um CTG em Tóquio no Japão.
Barbosa Lesssa faleceu no município de Camaquã, em 11 de março de 2002, por sua vontade foi sepultado no cemitério do núcleo urbano piratiniense, local que já recebeu e receberá inúmeras homenagens e visitações.

Barbosa Lessa é destes homens que transformam as manifestações artísticas em cultura, são pessoas como ele que fazem as raízes de um povo firmarem. Foi importante não só para a cultura gaúcha, mas para a cultura brasileira. Barbosa Lessa imortalizou a cultura  e foi imortalizado pela sua grandiosa obra.



FONTE:


Nenhum comentário:

Postar um comentário