“Galpão, Pátria e Poesia. Três palavras consagradas, no final da madrugada se encontram pra clarear o dia, vão regendo a sinfonia de poetas e cantores, para que os madrugadores esperem o sol estribados, para alegrar nosso pago, com versos e melodias”

sábado, 30 de maio de 2015

ARTHUR BONILLA



As notas rápidas, a forma firme de tocar e a precocidade são características marcantes de Arthur Bonilla, tido por muitos como um dos maiorais do violão brasileiro.
Fez seu primeiro acorde com apenas 3 anos e meio de idade – segundo seu Pai, um Sol maior com todos os dedos errados, mas o som certíssimo – e, desde então, jamais parou de tocar.
Teve como principal referência, depois do Pai, as orientações e o estilo forte e veloz do grande violonista argentino Lúcio Yanel, erradicado no RS desde os anos 80.

Outra característica marcante na arte de Bonilla era a capacidade de desempenhar solos rápidos e duetados, como se fosse mais de um violão, habilidade que desenvolveu ainda menino. O contato com a música latino-americana, sobretudo do Uruguai, que usava muito os trios ou quartetos de violões, com um violão mais grave (chamado Guitarrón) de base e dois ou três solos duetando, no acompanhamento de cantores como Alfredo Zitarrosa, Amalia de La Vega e Nora Galán, lhe instigava a tentar tocar, reproduzindo o som tal e qual ouvira na gravação original, levando-o, então, a criar uma forma muito particular de execução: enquanto o Pai (que, por vezes, o acompanhava) fazia o violão base, Arthur Bonilla fazia os dois (às vezes três) solos duetados, copiando o arranjo original. Muitas vezes eram frases rápidas e de difícil execução para um único instrumentista, numa só vez.
Seguindo o caminho da música como profissão, logo começou a acompanhar cantores de expressão na música regional gaúcha (a exemplo de João de Almeida Neto, com quem tocava até hoje) e a participar dos festivais nativistas do RS. Inúmeras vezes premiado como melhor instrumentista nos mais importantes festivais gaúchos, Arthur Bonilla dedicou-se a música instrumental, apresentando trabalho solo ou com outras formações, tendo, no repertório, composições de autoria própria, clássicos da MPB, choro e música gaúcha, com breve passagem pela música erudita.
Dividiu o palco com grandes nomes da música instrumental do Brasil, como Dominguinhos, Hamilton de Holanda, Arismar do Espírirto Santo, Alessandro “Bebê” Kramer, Oswaldinho do Acordeom, Yamandu Costa e Renato Borghetti, tendo, com este último, trabalho de duo que realizava freqüentes apresentações por todo o Brasil e também no exterior, em países como Alemanha, Bélgica, França, Holanda, Itália, Portugal e Canadá.
Uma história linda, forjada no talento de um instrumentalista que conseguia transformar um violão em uma orquestra. Destemido nos palcos, arrojado, transformava notas em sinfonia e música em espetácula.
Dupla inseparável, Bonilla e o Violão, não passavam despercebidos, o estilo marcante e vibrante com que tocava, era inconfundível. mas, ontem o Violão silenciou e ficou órfão. Om músico - Violinista e Compositor - de Cruz Alta, Arthur Bonilla de 33 anos, morreu na manhã desta sexta-feira dia 29 de maio de 2015, em um acidente no Km 184 da BR-158 em Pejuçara.
Ele retornava de Palmeira das Missões, onde se apresentou no "30º Carijo da Canção Gaúcha", evento que procegue até domingo. Bonilla conduzia um Focus, placa de Tupanciretã, que saiu da pista e capotou, segundo a Polícia Rodoviária Federal de Cruz Alta-RS.
O clima é de tristeza em Cruz Alta e também em Palmeira das Missões, onde o músico tinha uma relação muito  forte com a comunidade, em função das suas participação no festival do Carijo.
De acordo com a PRF, a suspeita é que ele estivesse sem cinto. Não havia mais ninguém no veículo.
É triste ver um talento partir derrepente, mas conforta saber que a música de Bonilla está preservada na memória dos amantes da boa música e que a obra construída por Bonilla vai com certeza inspirar novos instrumentalista. Fica a incredibilidade, de saber mais que um jovem artista com uma carreira brilhante e que já alçava voos mais altos, com apresentação pelo mundo inteiro, foi interrompida por mais uma tragédia no trânsito. Encerro está homenagem dizendo: Obrigado por tudo, vai em paz e que Deus te receba de braços abertos, pois agora, tua obra é celestial, e serve de inspiração para os anjos...

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