“Galpão, Pátria e Poesia. Três palavras consagradas, no final da madrugada se encontram pra clarear o dia, vão regendo a sinfonia de poetas e cantores, para que os madrugadores esperem o sol estribados, para alegrar nosso pago, com versos e melodias”

sábado, 26 de dezembro de 2015

VALTENOR DE ALMEIDA

VALTENOR PEREIRA DE ALMEIDA, Intérprete, Compositor, Músico, Poeta e Radialista, nasceu em Ernesto Alves, distrito de SANTIAGO-RS, mas, como seu pai era funcionário do DAER, e na época trabalhava em Jaguari, foi registrado lá. Sobre Jaguari Valtenor disse em uma entrevista para o Jornal Expresso Ilustrado, que era a terra do coração.
Filho de Delfino Lanes de Almeida e de Olga Pereira de Almeida. Casou-se em 05 de outubro de 1974 com dona Elvira Lopes Casanova.
Começou a carreira artística tocando gaita, nas tertúlias livres, mas, em 1984 quando começava a consagrar-se como gaiteiro, sofreu um acidente, ficando impossibilitado de tocar. Após este episódio, influenciado por Eurides Nunes, começa a tocar violão e interpretar, surgindo desta forma uma verdadeira vocação, que é tocar violão e cantar as coisas do pago.
Apresentou-se pela primeira vez no 6º Festival da música Crioula de Santiago, mas, a composição defendida por ele não foi classificada para o disco, mas, já na edição seguinte deste mesmo festival, defendendo uma letra do saudoso Nilton Mesquita, intitulada “Lobisome” que foi premiado com a música mais popular.
Valtenor nasceu nos palcos dos festivais que segundo ele foram sem dúvida a mola propulsora dos grandes nomes da nossa música gaúcha.
Sobre o surgimento de novos artistas, Valtenor disse que a quantidade é muito grande, mas a qualidade nem tanto.
Valtenor de Almeida lutava pela valorização dos artistas gaúchos, já que creditava que os artistas do nativismo gaúcho, nunca foram valorizados como deveriam. A música nativa do sul traz uma mensagem cultural muito forte. Tem raízes profundas da nossa história.
Valtenor sempre fomentou a cultura sulina e uma de suas realizações foi a Noite Missioneira de Santiago, que sempre teve grandes nomes do nativismo no palco. Teve três edições realizadas.
Valtenor foi o principal comunicador nativista da rádio Verdes Pampas na sua época, Apresentou vários programas gauchescos, destacando os programas, Ronda Nativa e Versos, Pampa e Guitarra e inclusive foi o primeiro a usar o famoso bordão, “Verdes Pampas, marca e sinal de Rio Grande”
Em parceria com Ataliba de Lima Lopes, participou como musico nas composições: “Sonho povoeiro” do 7º Festival da musica crioula de Santiago-RS; “Namoro com bolo frito” musica mais popular do 8º Festival da musica crioula de Santiago-RS; “Meleiro” do 11º Festival da musica crioula de Santiago-RS, e também na composição “Dor de dente” musica mais popular da 5ª semeadura de Tupânciretã.
Aliás, é bom salientar que Valtenor de Almeida, Ataliba de Lima Lopes e Eurides Nunes, foram grandes amigos e parceiros. Nessa época não era difícil encontrar esse trio se apresentando entre amigos e em festivais.
Destacamos sua apresentação nos principais festivais nativistas da musica Gaúcha como: 4º Festival de Mata com a composição “Desenho da miséria” defendida também por Antonio de Oliveira e Grupo, a letra é uma parceria com Roberto Ornes. Lobisome e Desenho da Miséria receberam troféus como música mais popular. 9º 10º 11º Grito do Nativismo de Jaguari; 1º Gruta em canto de Nova Esperança de Sul em 1996; 4º Manancial Missioneiro da Canção de Bossoroca; Festival Tradicionalista de Mata; 1º, 4º, 5º Aparte da Querência do Bugio de São Francisco de Assis; 7º, 8º, 12º 13º Festival da Música Crioula de Santiago; 15ª Gauderiada da Canção Gaúcha; 1º Festival Gaúcho da Arte e Tradição; 4ª Tropeada da Cultura Rio-Grandense; 3ª Semeadura da Canção Nativa de Tupanciretã; 1º Clarim; 3º Canto dos Sete Povos; 10ª e 11ª Muestra de Arte Missionero, entre tantas outras.
Foi jurado em vários festivais, como: 3° Canto dos Sete Povos, 1° Cambona da Canção Nativa de São Nicolau, 1° encontro Eurides Nunes, 4º Aparte da Querência do Bugio de São Francisco de Assis, Festival Tradicionalista de Mata, entre outros. Possui composições gravadas por diversos grupos e cantores do Rio Grande do Sul, entre eles Os Monarcas, Os Mateadores, Os Legendários, Antônio de Oliveira e Som Campeiro.
Realizou shows com sucesso em Santa Catarina, Paraná, em Possadas na Argentina e por duas oportunidades em Buenos Aires também na Argentina, levando sempre a Cultura Missioneira através do verso.
Fez parte do conjunto “Os Bunitão” e do “Grupo Caminhos” como cantor solo.
Valtenor faleceu aos 44 anos em 21 de junho de 1997, vitima de isquemia cerebral e de parada cardíaca fatal.
Mário Meira escreveu o seguinte sobre a morte de seu amigo Valtenor de Almeida: Permitam usar este espaço para registrar aqui minha saudade desse eterno amigo, Acompanhei sua carreira artística, Eu morava a uma quadra da casa dele, e nós sempre escutávamos juntos chamamés da Argentina. Apoiei sua parceria com Eurides Nunes, e aproximei-o de outro amigo meu, do João Máximo aqui de São Luiz, que teve uma parceria musical juntos. Por derradeiro envio a sua família todo meu abraço fraterno.
Valtenor de Almeida, foi um artista autêntico, não tentou imitar ninguém, criou seu próprio estilo de compor e interpretar. Como locutor dominava audiência de quem gostava de música gaúcha. Era referencia como defensor da nossa cultura.
Amigo para todas as horas amava a família, cultivava amizades verdadeiras e tinha sempre o olhar em vôos mais altos. Sempre pensava em crescer, como homem e como artista, trabalhava incansavelmente aprendendo e também ensinando.

Seu amigo mais chegado era o violão, que ficou mudo com sua partida. Nunca saberemos quão longe na arte Valtenor de Almeida chegaria, mas sabemos que enquanto esteve entre nós mostrou a coragem, a raça e o talento de um grande artista Missioneiro.

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