“Galpão, Pátria e Poesia. Três palavras consagradas, no final da madrugada se encontram pra clarear o dia, vão regendo a sinfonia de poetas e cantores, para que os madrugadores esperem o sol estribados, para alegrar nosso pago, com versos e melodias”

domingo, 27 de dezembro de 2015

RODRIGO BAUER

Rodrigo Bauer é um dos maiores poetas do Rio Grande do Sul, nasceu em São Borja-RS na divisa com a Argentina no dia 03 de maio de 1974.
Já publicou vários livros de poesia e já venceu como letrista os maiores e mais tradicionais festivais nativistas do Brasil. É um talento indiscutível que possui o respeito e a admiração de todos os que apreciam a boa musica nativista e missioneira.
Bauer pertence à nova geração de letristas e poetas do movimento nativista. Nasceu num berço de influencia poética, e através de seu avô materno, que sempre foi um leitor da literatura regionalista, conheceu e apreciou trabalhos de escritores como: Aurelino de Figueiredo Pinto, Vargas Neto, Jose Hilário Retamozo, Zeca Blau, Aparício Silva Rillo, Jaime Caetano Braun, Lauro Rodrigues, entre outros.
Na terceira série do primário, aos nove anos, sua professora em sala de aula apresentou uma proposta, onde, era preciso criar quadrinhas, de maneira que a segunda linha rimasse com a quarta linha. “verso de quatro linhas”, e a partir de então nunca mais deixou de exercitar esse oficio.
Já pelos quatorze anos teve a coragem de enviar o primeiro trabalho para o Jornal A FOLHA DE SÃO BORJA, da cidade de São Borja-RS, onde o redator era nada mais e nada menos que Aparício Silva Rillo, que o ligou para que conversassem, trocasse idéias e algumas orientações sobre o que ler como escrever, tudo para que o trabalho desse novo letrista nativista engrandecesse.
A partir de então se iniciou uma grande amizade, pauta em respeito e admiração mutua. Aparício é para Rodrigo Bauer a sua referência, a sua escola, seu conselheiro, fonte de inspiração, incentivador, o segundo pai, o “pai da sua poesia”, um amigo para todas as horas.
No primeiro festival importante que Bauer foi premiado, recorda do abraço que ganhou de Aparício Silva Rillo e da frase que nunca vai esquecer: “Eu não aposto em cavalo manco”. Ele nunca mudou um verso meu, sempre me orientou, mostrou-me o caminho, sempre procurou demonstrar como deveria ser feito, mas, nunca fez, em outras palavras, “ele nunca me deu o peixe, mas, me ensinava a pescar”, afirma Bauer.
Rodrigo Bauer traz consigo toda a sanha inspiradora da campanha gaúcha e o telúrico musical que sempre vingou das canções fronteiriças, essa mescla de milonga e chamamé.
Rodrigo Bauer escuta muito a musica popular brasileira, obviamente seguindo a linha dos melhores artistas gaúchos, ele gosta da boa musica independente de onde ela venha. E segundo ele o musico gaucho é uma referência na musicalidade brasileira, pois, todo o Brasil vem ate aqui buscar músicos.
Aprecia também a música Argentina e Uruguaia, reconhece a influencia que essa cultura castelhana tem para com o povo gaúcho. Eles são um pólo formador da nossa música, destaca Rodrigo.
A primeira composição premiada apareceu no festival de São Luiz Gonzaga, “O canto dos Sete Povos” e a composição intitulada “lembranças” em parceria com o Grupo “Santa Fé”, que o acompanhou em diversos festivais na seqüência.
A composição “O nada”, foi o destaque de sua carreira por ter conquistado com ela a “Calhandra de Ouro” do festival “Califórnia da Canção Nativa” de Uruguaiana. Em parceria com Chico Saratt.
Após a parceria com o Grupo “Santa Fé” (descendente do Grupo Os Angueras), iniciou então trabalhos em conjunto com o Grupo “Os Angueras”.
Atualmente as parcerias de Bauer têm sido com, Joca Martins, Jorge Guedes e família, Mário Barbará Dorneles e Edson Vargas (Cd Cavalo Crioulo), entre outros.
Segundo Rodrigo Bauer, vivemos hoje um período crítico sobre nossos festivais, há muita dificuldade para a realização destes, inclusive com falta de recursos, inviabilizando a logística e infra-estrutura. Impossibilitando a ajuda de custo dos Artistas, e premiações. Assim retirando muitos Artistas dos palcos dos festivais.
Rodrigo conta que os festivais já viveram dois períodos áureos, sendo o primeiro deles nos anos 70, com o advento da “Califórnia da Canção Nativa” de Uruguaiana-RS, explodindo a musica Nativista e Galponeira, despertando muitos artistas e letristas, e inclusive despertando ainda mais o amor pelas coisas do pago, dos costumes gaudérios, das lides, do cavalo e da valorização e dignificação do próprio gaúcho.
O segundo período de ouro foi na década de 90 com o Troféu Vitória, alavancou ainda mais os festivais fazendo com que num mesmo final de semana tivesse apresentação em até quatro festivais, tendo que dividir em equipes para ter a representação de suas letras em todos os eventos. Nessa época em parceria com Chico Saratt, Flávio Hansen, e Vinícius Brum, para conseguir atender a todos os compromissos.
Sobre julgar ou ser julgado em um festival, por ser letrista, e acostumado com os palcos, sente-se muito mais a vontade sendo julgado, pois, “é aqui que estou exercendo meu oficio, sendo julgado eu estou apresentando o meu trabalho, aquilo que sei fazer”. Afirma Rodrigo Bauer. Sem contar que a adrenalina de um festival é algo excepcional.
Os festivais contribuem muito para que tenhamos uma disputa leal, uma “briga” de profissionais pela excelência, comprovando o que vimos hoje no Brasil, onde quase todas as bandas possuem músicos gaúchos.
Ser jurado é muito mais difícil, pois, não é sua profissão. No entanto não pode se furtar de exercer esse ofício, pois deve dar sua parcela de contribuição para a qualidade da crítica também não seja só de pessoas que não entendam da composição de musicas.

Rodrigo Bauer é vencedor de mais de 40 festivais, entre eles a “Califórnia da Canção Nativa” de Uruguaiana, a “Sapecada da Canção” de Lages-SC, a “Moenda da Canção”, “O Rio Grande Canta o Cooperativismo”, “Um Canto para Martin Fierro”, a “Tafona da Canção”, “o Grito do Nativismo”, a “Ronda de São Pedro”, “o Bivaque” e “a Sesmaria da Poesia Gaúcha”, entre vários outros.
Recebeu, em 1998, do Governo do Estado do Rio Grande do Sul, o Troféu “Vitória” nas categorias: melhor compositor do ano, melhor letrista do ano e melhor canção do ano. Tem mais de quatrocentas músicas gravadas pelos maiores intérpretes e grupos musicais gaúchos.
Sobre seus livros Rodrigo descreve que já são cinco livros. O sexto livro, que já está em construção, tem por título “A Voz dos Lenços”. Rodrigo descreve com exclusividade ao Galpão, Pátria e Poesia, que a história desse livro conta sobre nossos avôs que politizaram o Rio Grande do Sul através de dois matizes, dois lenços o Branco “Chimango” e o Vermelho “Maragato”. Pois esses lenços tinham voz porque se apropriaram da voz das gargantas que eles próprios cingiram na época, apesar de serem inanimados. São poemas relacionados à politização do nosso Rio Grande do Sul.
Bauer aprecia muito o esporte, inclusive foi nomeado pelo Sport Clube Internacional Cônsul Cultural Colorado, onde recebeu a certificação pelas mãos do eterno ídolo colorado Fernandão.
Mas como surgiu a Letra “Sem Tinta”? Nessa ocasião Rodrigo Bauer estava na maior feira do livro do interior do estado do Rio Grande do Sul, na cidade de Bento Gonçalves-RS, dirigida por Pedro Junior da Fontoura, junto com Mário Barbará, e tendo a feira como seu patrono Colmar Pereira Duarte. Nessa oportunidade em um entrevista para uma rádio local foi perguntado por jornalistas: como é viver na campanha? Olhando para nós (Mário Barbará e Rodrigo Bauer) jamais tu vais encontrar aquele gauchinho do topete de mate de rodoviária, aquele gauchinho de cartão postal, nós somos o gaúcho de verdade, não somos aquele gaúcho que só desfila nem aquele que vende uma imagem estereotipada, nós somos aquele que não sai em fotografia. Responde Mário Barbará.
A Letra:
SEM TINTA
(JORGE GUEDES E FAMÍLIA)

Eu sou o próprio gaúcho sem tinta e sem fantasia
Venho do ermo do pampa, com sestro e com rebeldia!
Não trago nenhum discurso dobrado embaixo do braço
o que é preciso ser feito, eu não enfeito, mas faço!

Meu laço não é bonito, mas me garante o sustento
E quando cerra, estou certo que não “remalha” um só tento!
O meu apero não brilha, porque já é veterano
Não é dos que vêem cavalo somente uma vez por ano!

Sou o gaúcho dos campos, não o das fotografias
Pra quem a lida de campo jamais foi uma utopia
Eu não desfilo nem danço, nunca fui numa mateada
Mateio à beira do fogo nos braços da madrugada!

Eu sou o próprio gaúcho não sou um tipo oficial
Marcado e assinalado por um galpão regional
Me gusta ser orelhano, sem fronteira ou documento
Meu ancestral, o gaudério, não tinha regulamento!

Quando as bandeiras desfilam no colorido da praça
Estou no fundo do campo como um guardião desta raça
Eu evito os refletores, no meu exílio campeiro
Eles agridem meus olhos que são irmãos do candeeiro!

Ataliba de Lima Lopes, (Poeta Nativista), destaca o sucesso que a letra faz por tratar a realidade de um gaúcho que foge de toda a mídia, demonstrando o que realmente significa ser gaúcho na campanha.
Rodrigo Bauer, um dos maiores poetas do sul do Brasil, talento indiscutível que nasceu no berço da poesia, sendo um discípulo de Aparício de Silva Rillo, relata que está por volta de quatrocentas e poucas composições escritas. E com 78 parceiros diferentes na musica.
Segundo Bauer a Rádio Verdes Pampas foi à emissora que fez nascer nele o gosto pela musica nativista e também foi à primeira emissora que divulgou e catalisou o seu trabalho através de Valtenor de Almeida.
Bauer relata ao Galpão, Pátria e Poesia, seu novo projeto, “Leiloeiro Rural”, ele revela que nasceu em função das parcerias musicais. O primeiro leilão foi iniciação do cantor Edson Vargas, através da empresa “Boqueirão Remates”, sendo que a ideia de tirar a licença de leiloeiro foi de joca Martins.
Rodrigo Bauer falou também sobre a diferença entre a composição de uma Poesia e de uma Letra a ser musicada. Relata que a diferencia crucial entre elas está basicamente no tamanho (estética). Em poemas a ser declamado procura-se ser um pouco mais extenso e em uma letra a ser musicada ela precisa ser sucinta, precisa ter síntese, passando sempre uma mensagem para quem aprecia. Bauer confessa que prefere sempre escrever uma poesia.

O Programa e Blog GALPÃO, PÁTRIA E POESIA, através de seu Poeta Nativista, Ataliba de Lima Lopes, agradece imensamente ao grande compositor Rodrigo Bauer a disponibilidade de estar em nosso galpão. Rodrigo, uma pessoa agradabilíssima, de rara simplicidade e sabedoria, têm em seu trabalho uma referencia de qualidade, em suas composições trazem mensagens, não só refrões, e não à toa, Rodrigo Bauer é considerado o mais fiel discípulo do Grande Poeta Aparício Silva Rillo, e com certeza Rodrigo Bauer sabe da importância que essa comparação trás para sua carreira.

3 comentários:

  1. Eé...gosto de ler as poesias e letras de Rodrigo bauer.
    Sou um guri de 64 anos de idade.,mas os escritos desse rapas me tras lembransas do meus tempos de menino.
    Quando escutava meus avós.
    E letras atuais de grande intelectualifade e cultura a jóvems de todas as idades...é meu ponto de vista !!!

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  2. ... Como é bom ter Poetas Letristas com essa Qualidade. Sou apaixonado pelas Músicas e Poesias Nativistas. ### Deus o abençoe sempre. Abraço.

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