Eraci Rocha de Almeida, ou
simplesmente Eraci Rocha, nasceu na cidade de TAQUARI, estado do Rio Grande do
Sul, no dia 14 de novembro de 1948. É músico, cantor e compositor de música
gaúcha.
A música integra a vida de Eraci
Rocha desde muito cedo, sem ter a pretensão de ser cantor profissional, cantava
com os amigos, por lazer, em um tempo que trabalhava como representante
comercial na cidade de Taquari RS. Nesta mesma época, animava bailes em
Taquari. Eraci Rocha, integrou o grupo musical de sua cidade natal intitulado
UIRAPURU, palavra de origem tupi que significa pássaro ornado, pássaro
emprestado, ou pássaro que não é pássaro, e cuja missão é a de presidir o
destino dos outros pássaros. O seu canto é extremamente belo e quando ele emite
sons musicais, todas as outras aves, como que enfeitiçadas, se calam para
ouvi-lo. Eraci Rocha tem similaridade com o pássaro. Sua voz de timbre suave e
extremamente afinada tem o poder de encantar as pessoas, chamando a atenção de
todos para o seu cantar.
Eraci Rocha, falou sobre este momento
da sua vida para uma equipe de reportagem do Jornal O FATO. Disse o seguinte:
“Pensava que o canto seria uma coisa esporádica, mas tomou conta da minha vida
e comecei a viajar com música. É uma coisa que domina a gente. Mas não tinha a
intenção de fazer carreira de música”.
Eraci Rocha ficou conhecido no mundo
da música com os Festivais Nativistas, e essa história de sucesso começou em 1981,
quando encontrou-se com Dorotel Fagundes, em uma festa, onde demonstrou seu
talento interpretando músicas da Califórnia da Canção, não com intenção de ser
cantor profissional, mas só por prazer de cantar entre amigos. Mas foi aí que
foi convidado para ingressar nos festivais nativistas.
A estreia de Eraci Rocha nos
Festivais foi na Seara de Carazinho, ao lado de Elton Saldanha e João de
Almeida Neto. Em outra oportunidade participou ao lado de Renato Borguetti.
Eraci rocha tomou gosto pelos
festivais, e junto com outros artistas criou o “GRUPO LICHIGUANA”.
O GRUPO LICHIGUANA participou de
diversos Festivais de Música nativista, aliás praticamente todos, como o
Coxilha Nativista de Cruz Alta, Seara da Canção de Carazinho, Califórnia da
Canção de Uruguaiana e muitos outros.
Lichiguana, que é uma espécie de
vespa, que produz bom mel mas que também é muito agressiva, e resume bem o que
foi a passagem desta turma nos festivais. Eraci Rocha, disse o seguinte sobre o
Grupo Lichiguana: “Fomos fazendo barulho em tudo que é festival, vencendo e
botando música em disco”. Em 1981, Eraci participou do primeiro Pastoreio da
Canção em Novo Hamburgo e foi o melhor intérprete, depois Eraci estava na
Califórnia da Canção, no outro ano na coxilha Nativista. Eraci Rocha ganhou
inúmeros prêmios de primeiro, segundo e terceiro lugar, além de várias
premiações como melhor intérprete.
Eraci Rocha, já era integrante de
quase todos os discos dos festivais nativistas, quando gravou seu primeiro
disco, “RAÇA”, pela Chantecler, gravado na ISAEC, entre agosto e setembro de
1985, com produção de Paulo Deniz, seu filho Paulinho e de Janine Rocha Fraga.
Neste disco encontram-se canções que eraci classificou em festivais nativistas
como por exemplo a música “Pilão”, uma das favoritas no II Musicanto, em Santa
Rosa no ano de 1984. O disco “Raça” foi considerado o melhor disco individual
do nativismo na década de 80, indicado pela crítica especializada no estado.
Seu segundo trabalho “Dentro do Coração”, conquistou o prêmio O Disco do Ano,
em 1990. O CD “Pra matar Saudade”, lançado em 2002, foi avaliado pela crítica
como um dos melhores trabalhos de todos os tempos da música nativista do Rio
Grande do Sul, no que tange a qualidade e produção.
Eraci Rocha, tem quase 300 músicas
gravadas, com inúmeros sucessos como “Vento Norte”, “Tá Assim de Graxain”, “Nas
Varandas”, “Pilão”, “Meleiro”, “Raça”, “Quando se apaga o candeeiro”, entre
outras tantas.
Eraci Rocha, também participou muito
de festivais como Jurado, tendo a difícil missão de Julgar seus amigos e
colegas de profissão com isenção e critério.
Homem de incrível sensibilidade,
aprecia a música, não somente a gaúcha, mas a música como expressão cultural da
humanidade, com o mesmo talento que canta as raízes desta terra, canta a
alegria do Carnaval. Aliás o Carnaval é Outra paixão de Eraci Rocha,
especialmente o carnaval da Cidade de Taquari. O músico é um dos fundadores da
Sociedade Carnavalesca Batutas da Orgia, e compôs três sambas para a Sociedade
Carnavalesca Irmãos da Opa.
Este gosto por vários ritmos,
melodias e tribos, também se refletiu nos filhos de Eraci Rocha. Um de seus
filhos Guilherme de Almeida, faz parte da banda da cantora PITTY. Guilherme
contou em certa oportunidade que a música sempre esteve presente na sua vida,
pelo fato de Eraci Rocha ser cantor, Guilherme sempre esteve envolvido nas
beiras de palcos e de festivais. Guilherme toca baixo e guitarra, mas também se
arrisca no piano. Outro filho de Eraci, Tiago Bueno Almeida também é cantor e a
filha Virginia Oliveira de almeida, também se arrisca como cantora, como fez
por exemplo, cantando com seu irmão Tiago, a composição de Roberto Carlos “Como
é grande o meu amor por você”, em homenagem a Eraci Rocha, em um evento na
cidade de Taquari RS.
Mas não é só no Palco que Eraci
Rocha, alcançou destaque, foi presidente do Instituto Gaúcho de Tradição e Folclore,
no período de 1999 a 2002. Além disso o cantor nativista considerado um dos
maiores destaques da música do estado foi presidente da ordem dos músicos do
Rio Grande do Sul e vice presidente da ordem dos Músicos Nacional.
Eraci Rocha, também foi o candidato a
vereador mais votado da cidade de taquari RS no ano de 1996.
Taquari, que foi berço de David
Canabarro, um dos heróis farroupilhas mais importantes e influentes, e de
Arthur da Costa e Silva, que governou o Brasil, também foi berço do talentoso
cantor Eraci Rocha.
Atualmente, apesar de estar passando
por dificuldades de saúde, Eraci Rocha tem a intenção de dar andamento no
projeto que iniciou a mais ou menos a cinco anos. Um novo disco, que já reúne
nove trilhas, sendo algumas composições próprias, e com arranjos do seu filho
Guilherme. O trabalho deverá ganhar mais algumas canções antes de ser
concluído. Além deste projeto, Eraci Rocha disse que pretende fazer um resgate
das músicas das escolas de samba da cidade de Taquari.
Juarez Fonseca, que recentemente
sacudiu o mundo dos festivais Nativistas com uma crítica publicada no Jornal
Zero Hora, escreveu a seguinte análise na capa do segundo LP de Eraci Rocha:
“A música nativa tem revelado muitos
intérpretes, mas a maioria deles tem uma identificação formal quase que
exclusiva com a própria música nativista. Quer dizer: não seriam grandes
intérpretes fora dela. Não é o caso de Eraci Rocha”.
Eraci possui um timbre personalizado
e uma maneira aberta de cantar, uma maneira não restritiva. Sua força maior de
interpretação está nas canções românticas, mas ele vai muito bem nas músicas
alegres e de ritmo. Quero sublinhar com isso a opinião de que se trata de um
cantor completo, dos melhores que possui o Rio Grande do Sul. Para completar, o
Colunista de Zero Hora acrescenta: Eraci tem bom-gosto, seu repertório também é
abrangente e como artista procura ir além dos padrões comuns do panorama em que
atua.
É uma definição muito boa do que é o
cantor Eraci Rocha. Talentoso, voz marcante e suave, com timbre diferenciado
que confere à voz de Eraci Rocha uma espécie de “impressão digital”.
É um dos poucos artistas capazes de
se aventurar em outras vertentes da música mundial, sem perder a essência da
musicalidade do Sul do Brasil. Não renega e nem compara a música gaúcha com
outras, mas dá a cada uma delas o devido valor e respeito. Seu talento é
inegável, sua técnica é incrivelmente apurada, a música com sua interpretação
cresce, fica mais bonita.
Eraci Rocha é o exemplo do Gaúcho
Brasileiro, não é homem campeiro, é homem da cidade que sabe valorizar e
exaltar a cultura gaúcha sem com isso menosprezar as manifestações culturais de
outras regiões, coisa muito rara e elogiável hoje em dia.
Eraci Rocha é exemplo para muitos
músicos, influência que é fruto da admiração que sua obra é capaz de gerar nas
pessoas.
Termino citando as palavras do próprio Eraci, quando era presidente do instituto gaúcho de
Tradição e Folclore, sobre a importância de preservarmos nossas raízes.
“É através da
ligação com nossa história que criamos a consciência para entendermos o
presente e também para projetarmos o futuro.”
Mesmo que a morte nos tenha levado seu corpo, mas sua obra como artista o faz ser imortal no RS e no Brasil. - José Alfredo Schierholt, Acadêmico nº 5 da Academia Literária do Vale do Taquari - Alivat
ResponderExcluirTriste ler no início “Eraci Rocha de Almeida É” e saber que ele não está mais entre nós...!!!
ResponderExcluir😢