“Galpão, Pátria e Poesia. Três palavras consagradas, no final da madrugada se encontram pra clarear o dia, vão regendo a sinfonia de poetas e cantores, para que os madrugadores esperem o sol estribados, para alegrar nosso pago, com versos e melodias”

sábado, 29 de agosto de 2015

ERACI ROCHA

Eraci Rocha de Almeida, ou simplesmente Eraci Rocha, nasceu na cidade de TAQUARI, estado do Rio Grande do Sul, no dia 14 de novembro de 1948. É músico, cantor e compositor de música gaúcha.
A música integra a vida de Eraci Rocha desde muito cedo, sem ter a pretensão de ser cantor profissional, cantava com os amigos, por lazer, em um tempo que trabalhava como representante comercial na cidade de Taquari RS. Nesta mesma época, animava bailes em Taquari. Eraci Rocha, integrou o grupo musical de sua cidade natal intitulado UIRAPURU, palavra de origem tupi que significa pássaro ornado, pássaro emprestado, ou pássaro que não é pássaro, e cuja missão é a de presidir o destino dos outros pássaros. O seu canto é extremamente belo e quando ele emite sons musicais, todas as outras aves, como que enfeitiçadas, se calam para ouvi-lo. Eraci Rocha tem similaridade com o pássaro. Sua voz de timbre suave e extremamente afinada tem o poder de encantar as pessoas, chamando a atenção de todos para o seu cantar.
Eraci Rocha, falou sobre este momento da sua vida para uma equipe de reportagem do Jornal O FATO. Disse o seguinte: “Pensava que o canto seria uma coisa esporádica, mas tomou conta da minha vida e comecei a viajar com música. É uma coisa que domina a gente. Mas não tinha a intenção de fazer carreira de música”.
Eraci Rocha ficou conhecido no mundo da música com os Festivais Nativistas, e essa história de sucesso começou em 1981, quando encontrou-se com Dorotel Fagundes, em uma festa, onde demonstrou seu talento interpretando músicas da Califórnia da Canção, não com intenção de ser cantor profissional, mas só por prazer de cantar entre amigos. Mas foi aí que foi convidado para ingressar nos festivais nativistas.
A estreia de Eraci Rocha nos Festivais foi na Seara de Carazinho, ao lado de Elton Saldanha e João de Almeida Neto. Em outra oportunidade participou ao lado de Renato Borguetti.
Eraci rocha tomou gosto pelos festivais, e junto com outros artistas criou o “GRUPO LICHIGUANA”.
O GRUPO LICHIGUANA participou de diversos Festivais de Música nativista, aliás praticamente todos, como o Coxilha Nativista de Cruz Alta, Seara da Canção de Carazinho, Califórnia da Canção de Uruguaiana e muitos outros.
Lichiguana, que é uma espécie de vespa, que produz bom mel mas que também é muito agressiva, e resume bem o que foi a passagem desta turma nos festivais. Eraci Rocha, disse o seguinte sobre o Grupo Lichiguana: “Fomos fazendo barulho em tudo que é festival, vencendo e botando música em disco”. Em 1981, Eraci participou do primeiro Pastoreio da Canção em Novo Hamburgo e foi o melhor intérprete, depois Eraci estava na Califórnia da Canção, no outro ano na coxilha Nativista. Eraci Rocha ganhou inúmeros prêmios de primeiro, segundo e terceiro lugar, além de várias premiações como melhor intérprete.
Eraci Rocha, já era integrante de quase todos os discos dos festivais nativistas, quando gravou seu primeiro disco, “RAÇA”, pela Chantecler, gravado na ISAEC, entre agosto e setembro de 1985, com produção de Paulo Deniz, seu filho Paulinho e de Janine Rocha Fraga. Neste disco encontram-se canções que eraci classificou em festivais nativistas como por exemplo a música “Pilão”, uma das favoritas no II Musicanto, em Santa Rosa no ano de 1984. O disco “Raça” foi considerado o melhor disco individual do nativismo na década de 80, indicado pela crítica especializada no estado. Seu segundo trabalho “Dentro do Coração”, conquistou o prêmio O Disco do Ano, em 1990. O CD “Pra matar Saudade”, lançado em 2002, foi avaliado pela crítica como um dos melhores trabalhos de todos os tempos da música nativista do Rio Grande do Sul, no que tange a qualidade e produção.
Eraci Rocha, tem quase 300 músicas gravadas, com inúmeros sucessos como “Vento Norte”, “Tá Assim de Graxain”, “Nas Varandas”, “Pilão”, “Meleiro”, “Raça”, “Quando se apaga o candeeiro”, entre outras tantas.
Eraci Rocha, também participou muito de festivais como Jurado, tendo a difícil missão de Julgar seus amigos e colegas de profissão com isenção e critério.

Homem de incrível sensibilidade, aprecia a música, não somente a gaúcha, mas a música como expressão cultural da humanidade, com o mesmo talento que canta as raízes desta terra, canta a alegria do Carnaval. Aliás o Carnaval é Outra paixão de Eraci Rocha, especialmente o carnaval da Cidade de Taquari. O músico é um dos fundadores da Sociedade Carnavalesca Batutas da Orgia, e compôs três sambas para a Sociedade Carnavalesca Irmãos da Opa.
Este gosto por vários ritmos, melodias e tribos, também se refletiu nos filhos de Eraci Rocha. Um de seus filhos Guilherme de Almeida, faz parte da banda da cantora PITTY. Guilherme contou em certa oportunidade que a música sempre esteve presente na sua vida, pelo fato de Eraci Rocha ser cantor, Guilherme sempre esteve envolvido nas beiras de palcos e de festivais. Guilherme toca baixo e guitarra, mas também se arrisca no piano. Outro filho de Eraci, Tiago Bueno Almeida também é cantor e a filha Virginia Oliveira de almeida, também se arrisca como cantora, como fez por exemplo, cantando com seu irmão Tiago, a composição de Roberto Carlos “Como é grande o meu amor por você”, em homenagem a Eraci Rocha, em um evento na cidade de Taquari RS.

Mas não é só no Palco que Eraci Rocha, alcançou destaque, foi presidente do Instituto Gaúcho de Tradição e Folclore, no período de 1999 a 2002. Além disso o cantor nativista considerado um dos maiores destaques da música do estado foi presidente da ordem dos músicos do Rio Grande do Sul e vice presidente da ordem dos Músicos Nacional.
Eraci Rocha, também foi o candidato a vereador mais votado da cidade de taquari RS no ano de 1996.
Taquari, que foi berço de David Canabarro, um dos heróis farroupilhas mais importantes e influentes, e de Arthur da Costa e Silva, que governou o Brasil, também foi berço do talentoso cantor Eraci Rocha.
Atualmente, apesar de estar passando por dificuldades de saúde, Eraci Rocha tem a intenção de dar andamento no projeto que iniciou a mais ou menos a cinco anos. Um novo disco, que já reúne nove trilhas, sendo algumas composições próprias, e com arranjos do seu filho Guilherme. O trabalho deverá ganhar mais algumas canções antes de ser concluído. Além deste projeto, Eraci Rocha disse que pretende fazer um resgate das músicas das escolas de samba da cidade de Taquari.

Juarez Fonseca, que recentemente sacudiu o mundo dos festivais Nativistas com uma crítica publicada no Jornal Zero Hora, escreveu a seguinte análise na capa do segundo LP de Eraci Rocha:
“A música nativa tem revelado muitos intérpretes, mas a maioria deles tem uma identificação formal quase que exclusiva com a própria música nativista. Quer dizer: não seriam grandes intérpretes fora dela. Não é o caso de Eraci Rocha”.
Eraci possui um timbre personalizado e uma maneira aberta de cantar, uma maneira não restritiva. Sua força maior de interpretação está nas canções românticas, mas ele vai muito bem nas músicas alegres e de ritmo. Quero sublinhar com isso a opinião de que se trata de um cantor completo, dos melhores que possui o Rio Grande do Sul. Para completar, o Colunista de Zero Hora acrescenta: Eraci tem bom-gosto, seu repertório também é abrangente e como artista procura ir além dos padrões comuns do panorama em que atua.
É uma definição muito boa do que é o cantor Eraci Rocha. Talentoso, voz marcante e suave, com timbre diferenciado que confere à voz de Eraci Rocha uma espécie de “impressão digital”.
É um dos poucos artistas capazes de se aventurar em outras vertentes da música mundial, sem perder a essência da musicalidade do Sul do Brasil. Não renega e nem compara a música gaúcha com outras, mas dá a cada uma delas o devido valor e respeito. Seu talento é inegável, sua técnica é incrivelmente apurada, a música com sua interpretação cresce, fica mais bonita.
Eraci Rocha é o exemplo do Gaúcho Brasileiro, não é homem campeiro, é homem da cidade que sabe valorizar e exaltar a cultura gaúcha sem com isso menosprezar as manifestações culturais de outras regiões, coisa muito rara e elogiável hoje em dia.
Eraci Rocha é exemplo para muitos músicos, influência que é fruto da admiração que sua obra é capaz de gerar nas pessoas.
Termino citando as palavras do próprio Eraci, quando era presidente do instituto gaúcho de Tradição e Folclore, sobre a importância de preservarmos nossas raízes.

“É através da ligação com nossa história que criamos a consciência para entendermos o presente e também para projetarmos o futuro.”

2 comentários:

  1. Mesmo que a morte nos tenha levado seu corpo, mas sua obra como artista o faz ser imortal no RS e no Brasil. - José Alfredo Schierholt, Acadêmico nº 5 da Academia Literária do Vale do Taquari - Alivat

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  2. Triste ler no início “Eraci Rocha de Almeida É” e saber que ele não está mais entre nós...!!!

    😢

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